A carta

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Capítulo 18

Voltei para a sala de espera e fitei a carta.
Podia abri-la. O Zack está tão doente que não vai dar por nada... Mas não. É melhor não.

Ele nunca mais acorda. Já são 17 horas. Não aguento muito mais tempo sentada.
Ligo os dados móveis e vou ao instagram.
Parece que é oficial. O Niall e a Sarah namoram.
Estou a ver imensas fotos deles juntos com descrições do tipo: "Amo-te" ou "Já és parte de mim" ou "Por mais que mude, és a única coisa que nunca vai mudar em mim"...honestamente nunca percebi a história daqueles dois, mas o que interessa é que estão felizes.

Eles olham um para o outro de uma maneira tão intensa... Conhecem-se tão bem, confiam um no outro e adoram-se. Vejo pelo olhar da Sarah que vê no Niall tudo, vê o mundo dela nele.
Gostava que alguém olhasse assim para mim, que alguém precisasse de mim assim como eles precisam um do outro.
Esse alguém não existe.
Eu vejo tudo no Harry, mas ele em mim vê...não sei.
Já não sei nada. É sempre a mesma coisa. Sempre.
Ele diz que gosta de mim, que não gosta do Zack num momento, noutro já lhe manda cartas...depois despede-se daquela maneira. Num momento triste, noutro contente.
Epah, só pode ser da carta.
Eu tenho de saber o que está aqui escrito. Preciso mesmooo! Tenho de a abrir.
O que é que eu tenho a perder? Depois digo ao Zack que a abri, ele não se deve importar se eu o compensar depois.
Estou cheia de remorsos.
Oh já chega! Sa fd!

Abro a carta e leio-a.
Diz o seguinte:

Olá Zack, amigão.
Lembraste? Ahah...eu lembro-me de tudo.
Olha soube da tua situação e tive de te escrever isto. Sei que vais ficar bem, por isso quero que leias esta carta. Podes responder ou não, eu percebo que não queiras responder, aliás eu também não quereria responder ao rapaz que matou o meu melhor amigo. Sei que é assim que tu me vês.
É assim que eu me vejo.
Aproximo-me do espelho e olho-me...quer dizer, observo-me com atenção.
Sou um monstro.
Tudo o que tu sabes sobre mim, ou sobre o que eu fiz, não chega a metade de toda a porcaria que eu tenho vindo a fazer nesta vida. Tenho apenas 17 anos e tenho feito tantas, mas tantas asneiras.
Não sei qual é a maior de todas, não sei. São todas horríveis. Tenho nojo de mim mesmo, tenho tanto nojo. Eu odeio-me, nunca me odiei tanto.
Mas (...)

Médico: Beatrice?
Eu interrompi a leitura, coloquei a carta rapidamente no envelope e guardei-a na carteira. Depois levantei-me para poder falar com o médico.
Eu: pode dizer.
Médico: o Zack acordou.
Eu: a sério?!
Médico: sim, já pode ir vê-lo.
Eu: oh muito obrigada...nem sabe no estado em que eu tenho estado.
Médico: ahah, imagino. Mas agora está tudo bem. Eu acompanho-a.
Fui com o médico para o quarto onde se encontrava Zack. Finalmente...finalmente!

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