O Correio Coruja

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Às vezes, como em noites como aquela, Harry Potter via-se desejando poder olhar novamente em um espelho que uma vez encontrou. Não era, porém, um espelho comum, Ojesed era capaz de revelar, a quem olhasse, seu maior sonho. E, oras, que sonho poderia desejar agora?

Ele não vivia mais com os Dursley, seus perversos tios trouxas, não sofria bullying de alunos mais velhos em sua escolinha, nem pensava que estava sozinho. Vivia agora em um apartamento de três quartos no centro de Londres, estudava em uma escola mágica com pessoas incríveis, e amava sua irmã, prima e padrinho, que viviam com ele.

Mas, talvez, desejasse de todo o coração poder ir dormir. Não que não pudesse, devia, na verdade. Mas queria tanto acabar logo aquela maldita redação...

Sentava-se em sua escrivaninha, no quarto, a varinha acesa atrás da orelha, os olhos desfocando as letras rabiscadas no pergaminho. Fazia muito tempo que olhara no relógio e vira meia-noite, agora mergulhava com exaustão nas linhas do grande livro encadernado a couro disposto na mesa. Harry correu a ponta da caneta de pena de águia pela página, franzindo a testa, à procura de alguma coisa que o ajudasse a escrever sua redação, "A queima de bruxas no século XIV".

A caneta pousou no alto de um parágrafo que pareceu a Harry promissor. Ele empurrou os óculos redondos para a ponte do nariz, aproximou a varinha do livro e leu:

Os que não são bruxos (mais comumente conhecidos pelo nome de trouxas) tinham muito medo da magia na época medieval, mas não tinham muita capacidade para reconhecê-la. Nas raras ocasiões em que apanhavam um bruxo ou uma bruxa de verdade, a sentença de queimá-los na fogueira não produzia o menor efeito. O bruxo, ou bruxa, executava um Feitiço para Congelar Chamas e depois fingia gritar de dor, enquanto sentia uma coceguinha suave e prazerosa. De fato, Wendelin a Esquisita gostava tanto de ser queimada na fogueira que se deixou apanhar nada menos que quarenta e sete vezes, sob vários disfarces.

Harry prendeu a caneta entre os dentes e passou a mão sobre o tampo da mesa à procura do tinteiro e do rolo de pergaminho. Devagar e com muito cuidado, retirou a tampa do tinteiro, molhou a pena e começou a escrever, parando de vez em quando para escutar, porque se alguém, a caminho do banheiro, ouvisse sua pena arranhando o pergaminho, ele provavelmente ia acabar lavando a louça da casa pelo resto do verão, e quatro pessoas vivendo juntas não fazem pouca louça.

Durante dez anos, Harry acreditou que era apenas órfão. Segundo sua tia Petúnia, que o criou, seus pais haviam morrido em um acidente de carro quando ele tinha um ano. Então, em seu aniversário de onze, Sophie surgiu em sua vida, literalmente derrubando a porta, e contou-lhe a verdade. Seus pais, Lilian e James Potter eram bruxos, e morreram em um ataque em sua própria casa.

Depois, Harry descobriu que só não crescera com a irmã porque seu padrinho, Remus Lupin, era um licantrope, e consideraram que seria perigoso demais. Pensando agora, talvez eles estivessem certos, já que Harry e Sophie foram atacados por Remus descontrolado uma semana antes do início das aulas.

Desde que conhecera Sophie, sua vida tornara-se o limiar perfeito entre absolutamente fantástica e assustadoramente perigosa. Apenas no primeiro ano, enfrentara um trasgo, o já citado espelho, que poderia tê-lo prendido em uma ilusão eterna, um cão de três cabeças chamado Fofo, um emaranhado de plantas venenosas, uma versão em tamanho real de um jogo de xadrez assassino, e um professor servente à Lorde Voldemort, o assassino de seus pais. Durante o segundo, apenas aranhas gigantes, cobras gigantes, memórias preservadas por meio de magia negra, poções a nível profissional e a ira de um outro servo do Lorde das Trevas.

Claro, houveram ainda as partes boas, como conhecer seus primeiros amigos, Ron Weasley e Hermione Granger, e uma prima que não tinha ciência, Nashira Black. Além de ver as duas garotas que cresceram com ele, Daphny e Daisy Dursley, alegres e totalmente inclusas no mundo da magia.

Irmãos Potter _ O Prisioneiro de AzkabanOnde histórias criam vida. Descubra agora