Os fios rubros ficaram enrolados, mesmo depois que o longo dedo fino os soltou. Eles ficaram ali, formando um escuro cachinho banhado a creme.
Sophie ainda pensava sobre o que Petúnia dissera. Ainda pensava sobre ser igual à Lilian. Ainda considerava o que aquilo queria dizer.
"Têm a mesma voz, o mesmo rosto, o mesmo tom."
Não era algo ruim, ela sabia, Lilian era uma mulher incrível. Mas o objetivo de Sophie nunca foi ser igual à mãe.
Ela a admirava, falara a verdade para Petúnia, lembrava-se dela com coragem e gentileza. Durante uma vida quisera ter o mesmo carinho que ela tinha por todos, a mesma genialidade por trás de um rosto bonito.
Mas Lilian era adoravelmente doce. Com os cabelos ruivos pouco ondulados, as sardinhas sempre meio escondidas por pó, o olhar verde brilhante. Sophie não achava que podia ser assim. Enganadoramente inocente.
Ela tinha um gênio bem mais explosivo, era fisicamente maior que Lilian, não fazia esforço algum para esconder as sardas, ou assentar o cabelo – gostava dele o mais selvagem possível. Ela era uma mente genial por trás de uma figura selvagem. Todos sabiam que não deviam pisar no seu calo, ela nunca fez questão de parecer menos assustadora.
"Minha mãe nunca teria deixado um homem ditar o destino de seus filhos. Ou uma hipótese comandar seu coração."
Essa era a parte de Lilian que ela queria para si. Era com essa coragem que ela queria ser associada. Não seu rosto.
Ela se encarou no espelho enquanto amassava os cachos entre as mãos.
Ela tinha olhos castanhos grandes, tinha lábios grossos e uma mandíbula marcada perfeitamente, mas tinha um nariz fino e arrebitado. Tinha um longo e elegante pescoço, ombros finos e ossos delicadamente à mostra na clavícula, mas sardas escuras e seios grandes. Fios grossos de rara e linda cor, mas em cachos finos e pouco alinhados.
Lilian tinha uma beleza delicada e inocente. Sophie era caoticamente bela.
Lilian criara um protótipo da Poção Mata-Lobo. Sophie a lapidara até a Poção de Acônito ser perfeita.
Remus dizia que Lilian era genial. Mas Sophie era o gênio da geração.
Lilian queria uma vida normal, mas ficou para a história por sua morte. Sophie queria ser lembrada pelo o que ela era.
Lilian morreu para interromper uma guerra. Sophie viveria para acabar com outra.
Petúnia estava errada.
Sophie podia ter herdado os traços de sua mãe. Podia ter as mesmas sardas, cor de pele e cabelo. E com certeza era tão bonita quanto Lilian um dia fora.
Mas não era igual à sua mãe. Nunca seria.
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A padaria estava vazia, já tinha passado das três da tarde, então o movimento era pouco, Sophie queria assim. Sentou-se do lado de fora para esperar, com a certeza que chamava atenção o bastante para não ser difícil de encontrar. De fato, não demorou para Cedric aparecer, sentando-se à sua frente antes que Sophie terminasse de fechar o livro que levara consigo.
– Te deixei esperando?
– Não se preocupe. – Ela sorriu.
– Que está lendo?
Sophie ergueu o livro para ele, a aranha preta contra a capa branca era bem bonita.
– Tales of the Black Widowers do Isaac Asimov. É sóbre uma sociedade secreta de detetives intitulados os "Viuvos Negros".
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Irmãos Potter _ O Prisioneiro de Azkaban
FantasiaApós correr atrás de impedir o retorno do temível Lorde Voldemort por dois anos seguidos, Sophie Potter vê para si a egoísta chance de um alívio. Ela merecia, lutara contra demônios além da imaginação da maioria das pessoas. Agora, estava pronta par...