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PRÓLOGO:
Em uma noite de fortes relâmpagos e trovões, um rapaz esguio estava sentado em sua escrivaninha, enquanto, ao seu lado esquerdo, se encontrava sua fiel caneta de pena, que escrevia sozinha no pergaminho. A velocidade com que registrava tudo o que seu mestre ditava em alto e bom tom era surpreendente, de fato, muito mais útil do que um dos seus dedos anotando em velocidade normal. Por mais habilidoso que o escrivão fosse, nada se comparava à caneta de pena de anotação automática. O homem parecia não se importar com a claridade e o barulho dos raios e trovões caindo lá fora. Afinal, fazia meses que chovia daquela forma; por isso, permaneceu focado em suas anotações, que eram basicamente um emaranhado de rabiscos e figuras em uma folha amarelada pelo tempo. Era ali que o moço observava atentamente tudo e falava para sua pena anotar, até o menor e imperceptível detalhe. A sala onde estava não era um dos maiores cômodos do casarão, porém o rapaz aparentava se sentir bastante confortável ali, onde guardava seus materiais e seus potes cheios de supostos ingredientes mágicos que, por sua vez, cobriam quase todas as paredes do recinto com as coisas mais estranhas que um ser vivo poderia imaginar.
Ele continuou focado no seu trabalho. Por mais que, para alguns, isso fosse exaustivo ou até mesmo chato, ele não se importava de passar horas naquela mesma posição, enquanto estudava sobre os mais estranhos e curiosos seres nos livros empoeirados pelo tempo. Assim que acabou, com alguns gestos simples com a mão, fez com que a pena parasse de anotar e que os livros se fechassem e se organizassem. Em seguida, o moço passou a mão pelos cabelos bagunçados e tirou os óculos sobre o nariz longo e fino. No entanto, quando colocou as suas anotações e o livro velho que usava de volta na prateleira, um trovão muito forte ressoou, assustando-o — era o mais forte que ouvira durante toda aquela temporada de chuvas incessantes —, fazendo sua mão bater em um pote de vidro que se encontrava ao lado. O pote caiu no chão, mas, para sua sorte, não quebrou, apenas rolou até ter seu trajeto impedido.
Praguejando, o moço foi atrás do pote fujão, e, quando viu o motivo de sua parada repentina, se pegou pensativo. Por mais que passasse muito tempo naquela sala, muitas vezes aquilo passava despercebido por ele. Não porque queria, mas sim porque, não apenas aquele quadro, mas todos os outros que ali se encontravam, lhe traziam lembranças. O pote havia parado por causa de uma parede que se encontrava na outra extremidade da sala, e, nesta parede, havia vários quadros de diversos tamanhos e formas. Contudo, um em específico chamava a atenção do moço: um quadro grande, quase do tamanho daquela parede inteira, onde a imagem pintada trazia tantos sentimentos conflitantes, causando dor ao jovem. Por fim, suspirou com um sorriso mínimo nos lábios, pegou o pote de vidro e guardou-o junto aos outros.
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O feiticeiro e o deserto.
FantasyTorthaí é um lugar pertencente ao domínio dos Astris, uma espécie de fada. Jade, uma jovem humana que após ser levada para trabalhar na mansão do um duque de Limethorm, um Astris, por conta de uma dívida, acaba descobrindo um livro que ao abri-lo, f...