A Profecia

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Quando o alarme de três da manhã de Ramoni tocou, avisando que eles deviam subir se quisessem dormir pelo menos três horas antes do café da manhã, eles ainda não tinham nenhum motivo. De volta na plataforma, Sophie sentou-se no chão e fechou os olhos, segurando a cabeça entre as mãos.

– Como me lembro de tudo isso? – Perguntou, pelo o que pareceu a centésima vez.

Em suas pesquisas, Sophie deparara-se com diversas, dezenas de casais de bruxos ao redor do mundo, amantes, irmãos ou amigos, todos tinham fins trágicos. Alguns chegaram a ter filhos, outros, nunca tiveram nem chance de se casar. Alguns eram de lendas que ela conhecia de cor sem nunca tê-las ouvido, outros, como Anne e William, eram figuras históricas memoráveis, mas cujas vidas pareciam gravadas no cérebro dela.

– As pessoas superestimam a escrita. – Respondeu ele. – A humanidade, principalmente, esqueceu do poder de armazenamento de uma memória treinada. Sabia que existem anciãos na áfrica que sabem de cor todas as lendas e histórias de suas tribos? Claro, isso nas aldeias que não mudaram muito ou quase nem foram alcançadas pelos colonizadores, são quase as mesmas de quinhentos anos atrás.

– Arg, estou com sono demais para pensar nisso. – Ela resmungou, deixando o corpo cair para trás. – O que eu quis dizer é: Por que não achamos nada sobre como me lembro disso? Quero dizer, foi uma maldição? Tenho alguma divida com esse cara? Olha, pelo o que eu me lembro, e, acredite, minha cabeça está totalmente lotada de lembranças, não existe uma experiência que não vivemos juntos alguma vez.

– Sabe o que você precisa, Sol?

– Se você for me convidar para essa festa católica idiota eu mato você. O Julian não para de falar disso o mês todo, em como vamos nos vestir, ou o que vamos comer, ou como vamos dançar.

– Tudo bem, eu não convido. – Respondeu ele, quando a plataforma começou a desacelerar no andar dos dormitórios.

Sophie se levantou e enfiou o caderno na bolsa de carteiro que carregava.

– Te pego no seu quarto às cinco?

– O quê?

– Disse para eu não convidar. – Ele se afastou para o corredor atrás da cozinha. – Até amanhã. Cinco horas, não esquece.

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A euforia da escola pela vitória de Gryffindor no Campeonato das Casas foi tão contagiante quanto uma gripe. A alegria durou pelo menos uma semana. Até o tempo parecia estar comemorando; à medida que junho se aproximava, os dias foram desanuviando e se tornando quentes, e só o que as pessoas tinham vontade de fazer era passear pela propriedade e se largar no gramado com vários litros de suco de abóbora gelado do lado, e talvez jogar uma partida descontraída de bexigas ou apreciar a lula gigantesca nadar, sonhadora, pela superfície do lago.

Mas isso não era possível. Os exames estavam às portas e em lugar de se demorarem pelos jardins, os alunos tinham de permanecer no castelo, e tentar obrigar o cérebro a se concentrar em meio aos sopros mornos de verão que entravam pelas janelas.

Até mesmo Fred e George Weasley tinham sido vistos estudando; estavam em vésperas de fazer o exame de N.O.M.s (Níveis Ordinários em Magia). Assim como eles, Cedric se tornara incrivelmente irritadiço, mas, pelo menos, seu pavio curto era de alguma utilidade; passava castigos severos para qualquer aluno que perturbasse a tranquilidade da sala comunal à noite.

A semana dos exames começou e um silêncio anormal se abateu sobre o castelo.

Os alunos do segundo ano saíram do exame de Transfiguração na hora do almoço, na segunda-feira, cansados e pálidos, comparando respostas e lamentando a dificuldade das tarefas propostas.

Irmãos Potter _ O Prisioneiro de AzkabanOnde histórias criam vida. Descubra agora