Chapter 398 Este Daozhang tem um inimigo frívolo fascinado

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Capítulo 398 Este Daozhang tem um inimigo frívolo fascinado

Jun Wu reconhecia aquele arranjo pintado com sangue, não era muito diferente dos amuletos que ele sabia fazer para impedir que o mal entrasse, mas este tinha símbolos que ele ignorava e estava desenhado numa escala de tamanho muito maior.

Uma coisa era certa, tinha a finalidade de evitar que intrusos específicos e indesejados entrassem na residência na tapera, de forma que o Daozhang entendia que estava sozinho.

Jiahao tinha pensado em tudo.

No primeiro momento, após encarar o arranjo cor de carne viva aceso, Jun Wu não se virou de imediato.

— Foi com aquele seu mestre que aprendeu isso? Jin Shi... — Jun Wu comentou, olhando de relance para o teto. — É um arranjo bastante ousado.

Jiahao ainda tinha uma forma espectral, enquanto fitava as costas do Daozhang. Ele observou a postura e os movimentos, se tinha a intenção de usar a espada de jade negro, certo de que a calma de Jun Wu era superficial.

Uma risada curta, de puro escárnio, pode ser ouvida e o deus menor virou-se devagar.

— Eu não preciso mais de Jin Shi. — Jiahao desdenhou, pouco antes de Jun Wu voltar-se totalmente de frente para si.

Seus olhos pararam em Jiahao, mana ainda vertia como uma chama sem calor da palma de sua mão.

E constatou que Jiahao, embora estivesse usando o capuz sob a cabeça, ainda ostentava os cabelos vermelhos, o rosto de outro alguém. Jun Wu constatou que Jiahao não era um demônio Ira, se precisava usar a forma de um espectro, seus poderes como demônio estavam reduzidos desde a última emboscada.

— Mas, precisou de Jin Shi para escapar do Santuário Puji. — Jun Wu rebateu, ao encará-lo.

— Eu não pedi para ser salvo... Pedi? — Um sorriso de lado se delineava por baixo das sombras ululantes pelo mana. — Já o Daozhang... Não se importa o suficiente com as pessoas desse lugar. É entediante ter que matar campônios para despertar sua atenção.

O cheiro dentro da residência na tapera era atordoante, de embrulhar o estômago, mas Jun Wu ainda parecia imperturbável, sem crer de todo que esse fantasma adolescente estava usando o tom de um velho conhecido, nada diferente de quando estava vivo e afirmava que gostava de sua pessoa.

E Jun Wu estreitou insensível o olhar, havia um distanciamento em sua expressão.

— Eu realmente não me importo tanto com as pessoas desse lugar... É o que quer ouvir? Talvez, tenha seu fundo de verdade, já que eu sabia que estava em Sichuan e simplesmente me retirei. Diga de uma vez que diabos quer comigo!

Jiahao se moveu, em sua forma espectral, provavelmente se resguardando de ser atacado pelas costas ou de surpresa. Ele adorava a ameaça e impaciência crua no tom de Jun Wu, adorava deliberadamente a agressividade nos punhos fechados, a tensão aumentando gradativamente entre os dois.

Antes de responder, Jiahao desceu o capuz e mostrou o rosto jovem, bonito de um modo intimidador, uma sutil crueldade delineava a curva de suas sobrancelhas, a face orlada pelos fios vermelhos tão incomuns.

Os dois trocaram olhares, num vislumbre opressivo.

— Huan Jiahao não costuma ficar tanto tempo no corpo do hospedeiro... O que esse tem de especial?

A voz de Jun Wu soou mais baixa, num tom neutro, mas sua mandíbula estava trincada.

Suas maçãs do rosto tornaram-se duras, assim que o espectro se aproximou demais, a mão de Jiahao tocou seu rosto, mas Jun Wu não podia sentir... Um calafrio desceu por seu ombro.

— Se devolver minha espada... Eu conto o que quiser sobre meu hospedeiro.

Esse olhos assombrados que o encaravam com um trejeito macio, tinham uma luz confusa e oscilante que faziam Jun Wu lembrar dos olhos de Luan Dang, mas a diferença entre os dois demônios, é que Luan Dang estava louco pela perda e, por outro lado, Huan Jiahao tinha um coração imaturo e mau, sem mesmo carregar um único remorso em seu espírito que sabia ser tão falsamente dócil e manipulador.

Por mais que sentisse calafrios com essa aproximação, Jun Wu não recuou nem meio centímetro e nem mesmo desviou o olhar.

— Mas, aquela espada... Nunca foi sua. Por que Jiahao precisa dela, afinal?

— Não lhe parece óbvio, Jun Wu? — O demônio fantasma inquiriu, fitando-o intensamente. — Eu devorei a alma de Wei Tong, o corpo dele foi meu por um tempo... A espada dele também é minha e... Eu a quero de volta.

Em sua mente lhe veio a ocasião em que estava em Zhen Yan dormindo no depósito no terreno da família de Fu Sheng, quando Jiahao ainda vivo roubou a chave e entrou durante a madrugada abraçando seu corpo na esteira, se fazendo passar por Huan Shui.

A proximidade excessiva, seus rostos tão perto, lhe despertou a lembrança do beijo e Jun Wu sentiu um pequeno terremoto dentro de si.

Por fora, ele ainda emulava calma, ele não podia tocar o espectro de Jiahao, mas ele agiu como se fosse, a situação tinha seu ar de sedução, de grotesco, as paredes tingidas de sangue pareciam vibrar e pulsar ainda mais, a atmosfera tinha um odor azedo.

— Não... Você não a quer de volta somente por isso. Tem algo oculto nela... Desde a tentativa do Feitiço Caixão.

Jiahao estava um pouco fascinado com a situação, ele admirava Jun Wu desde o início, nos primeiros contatos em Zhen Yan, admirava com tanto afinco que tinha mesmo roubado dois beijos, disposto a tirar sua roupa e se dar para ele, chegando ao ponto extremo de tentar roubar o corpo dele para si, mesmo que o ato terminasse por extirpar-lhe a alma.

E a naturalidade com que falavam de suas batalhas, ainda conservava a intimidade estranha de inimigos que já tinham se beijado.

— Ah, é?... E o Daozhang quer mesmo descobrir para poder usar mais tarde contra mim?

Era uma pergunta feita num tom dignamente divertido, Jiahao não se importava de travarem mais batalhas, se agredindo, se beijando ou se matando... Tudo o excitava.

— Por que não relembramos os velhos tempos e fazemos um acordo... Tal como o pacto de silêncio?

Jun Wu estava cada vez mais em alerta, na verdade seus sentidos estavam um pouco tontos, a voz de Jiahao estava perigosamente suave, cheia de malícia.

Diante da sugestão, o Daozhang fechou a expressão de seu rosto, o mana em sua mão oscilou.

— Acha que tenho memória curta? Jiahao quebrou o pacto... Quebrou tudo que foi estabelecido! Tão desleal... Por que eu seria tolo a ponto de pensar que honraria algum acordo?

Era o limite da proximidade, o coração de Jun Wu pulsou forte e dolorido e quando o espectro avançou como se fosse atravessá-lo, era previsível e tal como cogitou, Jiahao se tornou palpável e sólido!

Se não o tivesse segurado, seus lábios teriam colidido, mas a intenção ia além.

O beijo foi impedido, mas no mesmo momento que Jun Wu o acertou com uma descarga de poder espiritual, Jiahao o perfurou com um punhal.

A rajada de mana fez com que Jiahao batesse contra a parede e caísse no chão, seu corpo aturdido e difícil de controlar como se uma descarga elétrica contorcesse seus músculos.

Jun Wu apertou os olhos, respirando fundo, sangue tinha subido por sua garganta e sua mão que tocou num impulso o ferimento, ensopou-se num carmesim quente...

Jun Wu apertou os olhos, respirando fundo, sangue tinha subido por sua garganta e sua mão que tocou num impulso o ferimento, ensopou-se num carmesim quente

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Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora