O Dia do Legado - prt 1

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A noite banhava os corredores do castelo. O brilho da lua cheia iluminava, em intervalos, o ladrinho do corredor

O silêncio era tamanho que tudo parecia ser possível de ouvir. Mas um som em especial se destacava. O som dos sapatos tocando o assoalho frio em passos ritmados e tentando soar baixos dentre o silêncio ensurdecedor

As meia-calças arrastão nas pernas bem desenhadas pelas corridas de atletismo do time da escola. O short preto de cós alto ajudava na mobilidade. A blusa xadrez vermelha por dentro da peça alta, deixando os primeiros botões abertos para mostrar o pingente de coração no colo do peito

A famosa capa vermelha nos ombros - a barra com desenho da parte escura da floresta, cheia de galhos negros retorcidos e uma leve névoa acinzentada - cobrindo seus fios morenos que, viviam desordenados por conta do capuz

O rapaz tocou a maçaneta da porta de uma sala inutilizada. Olhou por cima do ombro, conferindo que o corredor estava vazio de ambos os lados antes de entrar

Fechou a porta atrás de si ao virar a maçaneta para encostar a porta, buscando não fazer tanto barulho

De frente para a janela, oposta à porta, estava um rapaz mais velho com colete de couro e botas longas combinando. Jeans rasgados em várias áreas do tecido. Cinto de couro largo com alguns espinhos dourados. Braceletes largos de couro cobrindo os antebraços praticamente inteiro. Uma luva sem dedos de couro na mão direita. Correntes nas laterais das botas. Um aro para a guia na coleira larga que usava ao redor do pescoço

Um par de orelhas puludas de lobo erguidas em atenção, mesmo que ele parecesse relaxado, voltadas para a lua cheia que aparecia pela janela. O rabo pendendo entre as pernas

Assim que ouviu o silencioso click da tranca da porta, a orelha de lobo se moveu para lá, captando sua atenção

- Demorou - O maior virou para o de vermelho e sorriu com as presas à mostra. O brilho da lua fazia seu sorriso pontiagudo, e, constantemente afiado pelo consumo de carne, parecer maléfico

- Sabe o risco que estamos correndo? - O de vermelho puxou as laterais do capuz, olhando ao redor com medo, encolhendo os ombros. As sombras daquele castelo tinham olhos, ouvidos e bocas

Seu olhar furioso se virou para o mais velho, que tinha as orelhas oscilando pelos estalos dos móveis na madrugada alta 

- Se o diretor Grimm nos pegar pode dizer adeus à suas orelhas! - O rapaz rosnou em ameaça, de maneira animalesca e ameaçadora. As pupilas se afinando em aviso, o verde brilhando intensamente

- Não rosne para mim! - O outro rapaz cerrou os olhos e apontou o dedo na direção do mais novo, rosnando mais baixo, em uma ameaça simples. Os olhos castanhos ganhando um reflexo dourado quando as pupilas também afinaram

Os dois rosnados eram grotescos e ameaçadores, vindos do fundo da garganta de cada um. As orelhas de lobo do mais velho apontadas para trás, abaixadas. Em ambas as mordidas, caninos afiados eram mostrados ao outro

- Ou o quê? - O menor alfinetou de volta, cruzando os braços em desafio, contendo o rosnando um pouco mais, mas ainda estava lá, bastante hostil

- Ou conto ao papai que você não respondeu a carta dele porquê não queria - O mais velho sorriu convencido e ouviu um bufo do menor, que perdeu a pose ameaçadora

As pupilas de ambos se dilataram, perdendo o brilho intenso assim como os rosnados entre os lábios. O de vermelho desviou o olhar, fazendo bico emburrado e infantil

- Falando no papai, ele está preocupado com você, pirralho - O mais velho cruzou os braços

- Fala para ele que eu estou bem - O menor virou para a porta, pronto para sair e acabar com aquela conversa arriscada e inútil

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