Madame Himeko

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Pilhas e mais pilhas de documentos se acumulavam sobre as mesas daquele escritório, o leve aroma de incenso que estava aceso a horas pairava no ar, os únicos sons presentes naquele local era da leveza do pincel sendo usado, folhas sendo viradas e do tilintar calmo de uma boa xícara de chá, o corpo logo pediu por uma pausa, por mais importante que fosse o que eu estava fazendo a minha saúde e descanso mental era ainda mais, enquanto me espreguiçava sobre a cadeira após afastar a mesma da mesa pude ouvir o movimento na rua através da janela, estava noite e as luzes vermelhas espalhadas pelo distrito se faziam presentes, pessoas conversavam e riam enquanto andavam pelo local, outras corriam de um lado a outro, provavelmente levando cartas ou atendendo aos pedidos de seus mestres que se divertiam em algum canto daquele local, suspirei e me levantei para fechar a janela, após fecha-la escutei batidas leves porém com uma certa pressa na porta.

- Entre...- digo me direcionando a mesa, a porta se abriu e revelou a presença de minha serva mais leal com um semblante um tanto quanto preocupado.

- Senhorita Himeko é... - sorri já imaginando o que seria.

- Tudo bem Ayuri, eu estou precisando esticar as pernas mesmo, estou aqui a horas, vamos cuidar das minhas meninas e corrigir alguns comportamentos inadequados, sim? - digo passando pela mesa a passos calmos abrindo meu leque tampando parte do rosto seguindo em direção ao local.

Desci as escadas e parei em frente a porta de entrada para funcionários, Ayuri abriu a mesma e segui pelo corredor em que se encontra várias salas privadas pelo caminho, o tapete vermelho com lindas linhas tecidas em dourado nas bordas, jarros ornamentais belíssimos ajudavam a decorar o ambiente, cada porta havia um funcionário do lado de fora em pé, guardando o local, homens que poderiam dar conta de qualquer imprevisto através da autorização certa, passei por alguns deles desejando uma boa noite para cada um deles e sendo bem recebida com sorrisos, parei em frente a uma das portas das salas vips do local, como minhas salas são seguras e a prova de som para manter os segredos, informações, conflitos ou qualquer som compartilhados do lado de dentro não se podia saber com precisão o que estava acontecendo, a não ser é claro quando minhas funcionárias acionavam seus sinalizadores que emitiam sons em uma frequência que apenas os ouvidos bem treinados e capacitados dos meus guardas podiam captar é que sabíamos que algo não estava bem, acenei com a cabeça para que abrissem a porta, assim que foi aberta consegui entender o que estava havendo.

- Olha o que você fez, esse tecido é um dos mais caros, você vai me pagar nem que seja como minha escrava sua garota mestiça de raça inferior...- gritava um rapaz com aparência de estar em torno dos seus 26 anos.

- Por favor senhor, me perdoe, foi um acidente, eu prometo lhe devolver o valor, mas por favor me perdoe. - dizia em súplicas a garota enquanto se curvava.

- Você nunca vai poder me pagar, você não tem dinheiro pra isso... - gritava ele.

As outras acompanhantes estavam assustadas e reclusas no outro canto, observando bem a situação parecia que a menina tinha derramado um de nossos vinhos no tecido do rapaz, havia várias garrafas no local, pratos de comida e obviamente outros rapazes que riam da situação enquanto ainda bebiam, simplificando, mimadinhos ricos fazendo coisas de mimadinhos ricos, suspirei e adentrei o local, atraindo a atenção de todos.

- Boa noite senhores, sinto muito pelo o que está havendo, por gentileza vamos nos acalmar e resolver isso da maneira mais rápida possível. - digo enquanto estava parada na porta com um dos braços cruzado em baixo do peito segurando o cotovelo com a mão e tampando o rosto com o leque.

- Resolver? Quem você pensa que é para se meter nos meus assuntos? - gritou ele enquanto apontava o dedo a mim, soltei um suspiro, mais um pouco e eu logo perderia a paciência.

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