XIV - A Cura

54 2 15
                                    

O escuro que enxergo é a parte de trás das minhas pálpebras. Há uma conversa entre duas pessoas próximas a mim. Está alta, e faz com que o meu corpo se despertasse devido ao som de duas vozes, mas eu ainda estou sonolenta então ainda mantenho os meus olhos fechados. Há uma voz feminina e outra masculina. Dorothea e Fenrir estão a conversar, parece ser uma conversa séria. Não quero me envolver, quero poder voltar a dormir, mas eu não tenho opção a não ser escuta-los.

- '' por que não me disseram sobre o Harold antes?''

Diz Dorothea em um tom sério.

- '' era um segredo da Astrid, acho que ela não queria te preocupar, ou estava com muito medo.''

Responde o Lobisomem. Dorothea Continua.

- '' Fenrir, isso é sério. Eu ainda não consigo parar de pensar nas coisas em que ela nos disse que presenciou.''

Fenrir fica em silencio, mas logo Dorothea volta a falar.

- '' que relação vocês têm com o Harold? O que vocês fizeram para ele?''

Pergunta Dorothea a Fera, que logo responde com:

- '' isso quem tem que responder é a Astrid, mas não é uma relação boa, acho que deu para perceber.''

- '' poxa, eu conto a vocês os meus segredos, a minha história e não podem revelar a de vocês?''

Diz Dorothy em um tom um pouco mais indignado, e com um pouco de raiva, mas em seguida Fenrir a responde:

- '' ei, isso é segredo da Astrid, e não meu. Não tens ideias de tantas coisas em que nós dois passamos. Ela tem os seus motivos.

Fenrir responde no mesmo tom, um tanto irritado. Dorothea suspira em indignação e diz:

- '' vocês não são os únicos a terem uma viagem sangrenta cheia de traumas, sabia?

- '' eu sei, eu quase matei você e a Astrid.

Diz Fenrir a mencionar a noite de lua cheia aonde de fato ele quase matou nós duas. A conversa me incomoda. Se eu não intervir os dois podem acabar brigando de novo. Essa história de ''segredos''... foi um erro eu não ter contado a Dorothea, assim como eu também não havia contado para Fenrir sobre o Arthur, essa história acabou virando uma grande bola de neve. Eu também não fazia ideia que Dorothea já trabalhou para o Harold. De qualquer jeito, eu não iria conseguir dormir nem se eu quisesse, então eu finalmente abro os meus olhos e me levanto. Nós até que dormimos cedo ontem, e eu acabei dormindo demais. É um alivio poder acordar e ainda estar aqui, eu realmente estava a me preocupar demais, mas não sei dizer se foi um exagero. Vejo Fenrir e Dorothea. Fenrir está sentado ao chão em quanto Dorothea está em pé. Os dois ainda nem estão equipados, então devem ter acordado a pouco tempo também. Dorothea está apenas com a parte inferior do seu traje, em quanto a parte superior está apenas coberta pelo seu ''sutiã'', deixando grande parte do seu corpo exposta. Consigo ver uma grande cicatriz ao lado da sua costela e em seu braço. Ferimentos esses que provavelmente foram causados pelo Fenrir na noite do Luar. O Dia está ensolarado, e está a ventar bastante. É um vento frio que vem das nuvens cinzas que se encontram ao horizonte. É um clima estranho. Parece que daqui algumas horas estas nuvens escuras vão tampar o céu. Os participantes do acampamento me observam a acordar e a me levantar, mas ainda me mantenho sentada ao chão. Os dois dispensam os comprimentos e logo Dorothea diz:

- '' nos desculpe Astrid, acordamos você?''

Na verdade, sim, mas eu não respondo a esse fato e vou direto ao assunto, o assunto de Harold e explicar a minha relação com esse homem. Com uma voz séria e cansada eu digo:

Histórias De Inverno (A Chapeuzinho Vermelho e o Lobo)Onde histórias criam vida. Descubra agora