Capítulo 12 - A atração não é clausula obrigatória

724 82 27
                                    

Bianca

Daquela situação tinha um mês e eu tinha me adaptado, como disse a Rafaella, muito bem a escola. Nossas brigas estavam menos recorrentes e não sei se pelo fato de que nos víamos pouco o porque realmente ter sido legal com Rafaella tinha gerado um impacto positivo. Aprendi na escola que existe uma lei da física que fala que toda ação gera uma reação e talvez fosse isso que estava acontecendo dessa vez.

O lugar que sempre coincidíamos era o trabalho. Como eu vinha todos os dias e ela achava que tinha que me vigiar invariavelmente acabávamos passando o dia juntas. Num primeiro momento sem muito para fazer, afinal não estávamos acostumados com a presença contínua dos donos, mas depois entendendo onde poderíamos contribuir com os negócios.

Hoje era um desses dias em que o olhar do dono contava e muito, afinal, estaríamos responsáveis por aprovar as novas o comercial da nova coleção.

— Bianca e Rafaella estávamos esperando por vocês — A produtora falou. Era uma mulher baixinha de óculos que parecia mais velha que nós, mas muito simpática.

Tudo aliás me inspirava um clima de novidade. Nunca tinha aparecido num estúdio e aquilo tudo parecia caótico e muito cheio de vida na mesma interessante medida. Era um mergulho outra vez em uma nova parte desse mundo que se abria para mim.

Eu amava Mauro e adoraria vê-lo vivendo isso comigo, ele certamente me olharia com os olhos brilhando e teria a piada certa no momento preciso, o que tornaria aquilo bem mais especial do que já era.

Jurei para mim mesma conferindo tudo que honraria outra vez aquela primeira duende que me dera sem nem saber que e era sua filha. Era bom demais fazer isso, ser essa pessoa para a sua pessoa. Ele era a minha ainda mais hoje.

— Podem se sentar aqui e observar o desempenho dos nossos modelos. Eles representarão o dia dos namorados e juntos tem que transparecer química. Muito olho no olho e carinhos, aquela coisa bem combinada uma vez que a ideia é mostrar que o relacionamento perfeito também está na maneira que você se veste e, porque não, combina-las com seu amor — Era uma campanha meio breguinha? Parecia, mas quem nunca quis usar uma meinha igual ou um casaquinho de casal? Ao menos para mim era muito gatilho depois de seis anos solteira.

Isso mesmo, julguem se quiser, mas depois do pai do Cris eu simplesmente desencantei de relacionamentos. Num momento ou outro, num pagode aleatório que eu sempre dava um jeitinho de ir eu dava um beijo, uma ficada rápida, mas nada de pedir número e repetir a dose.

Foi numa dessas que fiquei com outros homens e também mulheres, descobrindo que o bom mesmo da vida era ser vivida apesar das desilusões amorosas. Mas não vamos falar de amor num clima de romance, né?

Com certa animação concordamos com a proposta e aguardamos a entrada da dupla de modelos que também representariam em nosso comercial. A equipe havia decidido que para garantir a veracidade seria um casal de verdade o que fariam as cenas.

— Boa tarde equipe, boa tarde meninas é um prazer trabalhar para as lojas Duarte-Le... — A modelo começou, mas não terminou. Quando passou seu cumprimento de mim para Rafaella era bem óbvio que me reconheceu na mesma velocidade que eu fiz com ela.

Como eu esqueceria afinal? Os procedimentos milimétricos, arrogância maior do que a própria beleza e uma capacidade fora do normal para passar pano para o macho escroto que, aliás, estava vindo em seguida na minha direção.

— É a vendedora de picolé? — Ele perguntou para a namorada que olhou para ele querendo fuzila-lo. Como ela parecia ser minimamente mais inteligente havia se dado conta que naquele momento eu era a mesma pessoa, mas não na mesma posição. Por sua expressão acho que estava pretendendo até fingir que não me reconhecia e passar direto.

A família que herdei (Versão Rabia)Onde histórias criam vida. Descubra agora