Saudades, baby?

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POV SAMANUN

Ela deve saber agora. Deve estar me ligando de alguma forma à Roman, ao esquema podre e asqueroso do qual ele faz parte. Consegui desaparecer dos radares da polícia por dois anos, e agora, justo agora, acabei me descuidando. Não havia outra forma de encontrar o capanga de Roman, nossa comunicação era difícil, e eu precisava de informações. Aquele encontro tinha que ser em público pela minha segurança, e tinha que ser entre um voo e outro, não posso parar até chegar ao meu objetivo, o plano tem de seguir.

O celular vibra, é outra mensagem de um informante, desta vez do departamento de polícia:

O celular vibra, é outra mensagem de um informante, desta vez do departamento de polícia:

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É isso, está confirmado, Rebecca sabe. Penso por um momento no que exatamente ela sentiu quando me viu nessas imagens, depois de tanto tempo. Será que fica relembrando o dia em que nos encontramos, tanto quanto eu? Será que lembra dos meus olhos, e do meu cheiro? Porque eu lembro de tudo isso nela. Quando a vi dentro daquele galpão, sob os feixes de luz, ela parecia assustada e naturalmente estava com muito ódio.

Rebecca apontava a arma pra mim, e mesmo que eu estivesse preparada para me proteger usando registros daqueles que ela mais amava, eu sabia que ela não atiraria. Durante os meses dessa relação de intenso furor entre nós, sinto que ela se concentrou tanto em mim que acabou criando certa afeição, mas talvez não tanta quanto a que eu criei por ela. Ela nutriu por mim uma espécie de raiva viciante, mas que jamais admitiria. É correta demais, e isso é uma das coisas sobre ela que me deixa irritada. Outra coisa que Rebecca jamais seria capaz de entender, são os meus motivos de fazer tudo que faço. Para pessoas como ela, os fins não justificam os meios.

Desde que decidi desaparecer para me preservar, pesquiso sobre Rebecca regularmente. Vejo suas redes sociais, me informo sobre os lugares que ela frequenta. Sei muito sobre sua vida. Por um tempo, tive pessoas a vigiá-la, mas como sua procura por mim não rendeu, decidi continuar acompanhando sua rotina de longe, usando apenas meu informante da polícia. Ela tem encontros regulares com sua amizade mais antiga, e se relacionou intimamente com apenas uma pessoa durante os últimos dois anos, justamente o meu informante, Nop. Feio demais e burro demais para ela... deve ser por isso que não deu certo. Confesso que quando fiquei sabendo do beijo entre eles, senti tanto ódio que quis matá-lo e descartar seu corpo em uma vala qualquer.

De qualquer forma, a questão é que agora ela sabe que eu não parei, que permaneci rodeando e rodeada por criminosos. Ah, se ela soubesse de tudo! Dois anos com mais de 80 milhões em contas que não conseguiram rastrear, e me escondendo em lugares imundos, como se eu fosse um rato, usando documentos falsos, tendo que mudar de vida a cada mês, sem qualquer estabilidade, sem criar vínculos com qualquer pessoa além dele, minha sombra, meu subordinado e fiel amigo, Heng.

Me aproximo da mesa do escritório, pego o telefone e ligo para ele:

- Venha até mim, as coisas mudaram, precisamos realinhar o plano.

Um momento depois ele entra pela sala, parando em minha frente, apenas me aguardando falar:

- Heng, ela ficou sabendo, vou ter que lidar com ela.

- Sam, você tem certeza? Ela não é confiável... -  Heng me diz em tom sério, e com toda razão.

- Eu não tenho escolha. Prenderam Roman e muitos dos seus homens. Até então Nop encobriu meus passos, mas Rebecca é esperta, ela guarda muitos sentimentos sobre o caso, se ela conseguir detalhes, vai expor meu plano, e tudo irá por água abaixo. - Falo enquanto ando pela sala. Heng então pergunta:

- Não existe outra forma de controlar a situação?

- Eu posso não agir agora e me arrepender se ela me encontrar primeiro. A partir de agora, uma coisa está ligada à outra. Esqueceu de tudo que fizemos? - Pergunto inquieta.

- Certo. E qual é o próximo passo? - Olho para ele enquanto abro a última gaveta da estante de livros e pego um dos mais de 20 celulares descartáveis que mantenho para uso de extrema necessidade.

- Agora eu novamente me aproximo dela. - estendo o celular para Heng e peço a ele para que tire uma foto minha.

 - estendo o celular para Heng e peço a ele para que tire uma foto minha

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