A primeira parte da história de Lúcia Bergamenot, agora conhecida como Lúcia Katrine III - a terceira rainha Lúcia na Dinastia Katrine - chega ao seu desfecho. Desde o início do seu reinado, Lúcia enfrentou resistência da mídia, dos conselheiros, dos políticos e de muitas pessoas devido à sua origem. Ela foi alvo de preconceito e chegou a considerar abandonar o Rei e fugir. No entanto, seu amor por Tomás a cegava e fazia com que ela acreditasse que todo o sofrimento valia a pena. A ascensão ao poder trouxe a Lúcia momentos de luxo e glamour, desfrutando das joias, dos vestidos, das festas e do prestígio que a posição de rainha proporcionava. Ela imaginava como sua irmã e sua mãe (caso ainda estivesse viva) reagiriam ao vê-la como Rainha de Korlon. Embora a Lei exigisse uma análise cuidadosa das origens da esposa que não fosse da linhagem Katrine, Lúcia conseguiu conquistar o povo de Korlon. Naquele momento da história, ela representava algo inédito: uma mulher do povo no poder, que se colocava como representante do povo. Isso a tornou popular entre as pessoas, mesmo que alguns soubessem que Lúcia não tinha orgulho de sua origem humilde e nunca apreciara a pobreza. Ela mentia e interpretava o papel de uma moça trabalhadora, honesta e que alcançara o sucesso. A popularidade de Tomás também aumentou, e seu governo se mostrou menos libertário do que se esperava. Não se sabe ao certo se foi influência de Lúcia, mas ele manteve-se como líder absolutista e continuou com práticas opressivas em nome da integridade do governo, algo que Lúcia o convenceu a fazer. Ela tinha um grande poder de manipulação sobre o Rei, que se submetia completamente a ela. Lúcia governava Korlon de forma discreta e indireta, através de Tomás. No entanto, ninguém parecia se importar com isso, pois o governo de Tomás era satisfatório e bastante popular. Por outro lado, Berúlio viu sua popularidade despencar e perdeu o apoio dos partidos anti-governamentais. Na verdade, esses partidos praticamente desapareceram após a vitória de Tomás. Ele se mostrou um líder ideal, conseguindo agradar a todos, e Korlon prosperava e avançava sob seu governo.
Lúcia estava satisfeita com sua posição como rainha e não poderia desejar mais. Agora, sua principal preocupação era manter-se vigilante e garantir sua posição confortável até o fim de seus dias. Embora Berúlio não oferecesse muita resistência, Lúcia viu a oportunidade perfeita para se vingar e livrar-se do irmão mais novo de Tomás. Em uma noite de inverno, Lúcia enforcou Berúlio com as próprias mãos e forjou a cena como um suicídio. Na manhã seguinte, os jornais noticiaram a trágica notícia do suicídio de Berúlio. Ele aparentava ter motivos suficientes para tirar a própria vida, sendo perseguido e enfrentando problemas de saúde mental. Ninguém suspeitou de nada. Lúcia permaneceu inabalável, com uma frieza impressionante. Ela ainda amava obsessivamente Tomás, seu amor por ele permanecia inalterado.
Passaram-se cinco anos desde que Lúcia se tornou uma rainha consolidada e amada, aos seus 22 anos de idade. Tomás, com 30 anos, era o rei mais popular de Evita. Tomás frequentemente perguntava sobre a família de Lúcia, mas ela sempre evitava dar detalhes. Apenas mencionava que um dia foram muito ricos, mas a crise Yelo levou a família à falência e sua mãe a abandonou em um orfanato. Certo dia, Dalia, a irmã de Lúcia, a procurou. Embora elas tivessem algumas discussões sutis, Lúcia acolheu Dalia e a fez morar com ela no castelo real. Dalia achava a situação confortável, porém tinha que suportar a arrogância e tirania de Lúcia, que a subjugava por prazer. No entanto, Dalia sabia que mais cedo ou mais tarde descobriria algo obscuro no passado de Lúcia. Dalia não conseguia acreditar como Lúcia havia se apaixonado pelo rei e se tornado rainha sem ter feito nada de questionável para alcançar tal posição. Apesar dos esforços de Dalia para desvendar o passado de Lúcia, ela não encontrava nada substancial, pois o povo (e o próprio rei) a amava incondicionalmente.
Em um momento crucial, Tomás começou a ser pressionado pela necessidade de herdeiros. A continuidade da Dinastia Katrine era uma responsabilidade iminente, e a existência de descendentes se tornava uma questão de extrema importância. Tomás e Lúcia empenharam-se em conceber herdeiros, mas suas tentativas mostraram-se infrutíferas. Agora, sob intensa pressão, Tomás sentia-se impelido a agir com celeridade. Ele desejava um herdeiro imediatamente, e Lúcia já não possuía mais o poder de manipulá-lo. Suas tentativas de persuadi-lo a aguardar mais tempo falhavam em convencer Tomás. Não, ele ansiava por um herdeiro com urgência. Enquanto essa crise no casamento de Lúcia e Tomás se desenrolava, Dalia, atenta aos jogos de palavras e sutilezas, concluiu que a preocupação de Lúcia decorria de um motivo mais profundo: havia algo que a impedia de conceber um filho de Tomás, uma verdade que a assombrava.
Com uma proposta audaciosa, Dalia abordou Lúcia e apresentou-lhe um trato intrigante: em troca de ajudá-la a conceber um filho de Tomás, exigia de sua irmã uma promessa solene de conforto eterno e a garantia de nunca viver uma existência pobre e miserável. Lúcia, sedenta por uma solução para sua angústia, aceitou o acordo proposto. Dalia, então, desvendou um segredo que guardara durante sua estadia em Stragho: lá, ela tivera contato com bruxos que vagavam pela cidade em busca de Contratos Mágicos. Esses contratos eram, essencialmente, uma troca de favores entre um ser humano e um bruxo ou mago, no qual o mago concedia ao humano o desejo de sua escolha, e o humano se comprometia com uma dívida específica, a ser cumprida sob pena de revelação pública. Era, sem dúvida, uma empreitada arriscada, pois colocaria em xeque a reputação de Lúcia. Entretanto, Dalia assegurou à irmã que, desde que Lúcia cumprisse fielmente sua dívida para com os bruxos, estes não revelariam publicamente o contrato mágico. Era uma prática já consolidada entre os praticantes das artes arcanas.
Motivada pela ânsia de cumprir o acordo e garantir sua descendência real, Lúcia convocou Bertha Baron, uma bruxa renomada e detentora de vasta experiência e poderes arcanos. Bertha apresentou a Lúcia um contrato mágico de suma importância: a Rainha deveria conceber dois herdeiros homens, comprometendo-se a entregar um deles à bruxa. O outro, porém, seria mantido por Lúcia, criado e preparado como futuro herdeiro do trono de Korlon. A proposta era desafiadora, exigindo um dilema emocional e uma escolha que poderia abalar os alicerces do reino.
O parto ocorreu em meio a um véu de segredo e ocultação, com Lúcia Katrine III dando à luz aos gêmeos bivitelinos, enquanto apenas Dalia e Bertha Baron testemunhavam o evento. Ciente do contrato mágico que selava o destino de seus filhos, Lúcia orquestrou meticulosamente a situação para que somente elas estivessem presentes no momento crucial. Com um coração pesado, Lúcia entregou um dos bebês aos braços de Bertha, enquanto o outro recebeu o nome de Tártarus. Ocultando a verdade daquele dia fatídico, Lúcia comunicou a Tomás que o segundo herdeiro não havia sobrevivido, enredando o Rei em uma teia de mentiras e manipulação. É neste ponto crucial, justamente neste exato instante, que os primeiros fios da trama da Guerra Dinástica são tecidos, preparando-se para desencadear uma série de eventos devastadores que abalarão o reino de Korlon e desencadearão uma luta pelo poder.
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Os Desejos de Lucia
FantasyEm um mundo de reinos em conflito e segredos sombrios, surge a história de Lucia Bergamenot, uma mulher cuja jornada é permeada por ambição, traição e um desejo insaciável por poder. Somos, então, levados a desvendar os mistérios por trás da ascensã...