Dormitório 21

Gente babaca tem coração.♥️

Abro os olhos e me deparo com o som que mais odeio no mundo, parecia que minha cabeça ia explodir. São 06:00 h e eu necessito levantar e iniciar meu ritual matinal de skin care.
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Tomo meu café, já de banho tomado, e prossigo para organizar minha mochila. Pego meu celular ao lado da cama e de relance vejo o porta retrato com a foto da família. Já tem 2 anos que vim estudar Literatura Inglesa nos Estados Unidos, sinto saudade de casa mas não ao ponto de voltar.
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Abri a porta do meu dormitório e me deparei que escreveram " Hi, bitch!" na minha caixa de correio. Amo o jeitinho carinhoso dos estudantes para comigo, eles são adoráveis.
Desde que cheguei aqui alguns são extremamente xenofóbicos com minha pessoa, estou pouco me fudendo! Se eles não gostam da tremenda gostosa que sou, só lamento...quem perde são eles!
Carlos Antônio Oliveira, meu pai, sempre disse que na vida teremos desafios. Se assumir gay é libertador mas, infelizmente te fecha muitas portas. Odeio esse mundo!
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Após refletir bastante pelo caminho, adentro o prédio A bloco 3 e sento perto das janelas. Ligo meu computador e vejo minha foto com Maria Dalva Carvalho, minha mãe. Sim a dona da Glity ( empresa multinacional bilionária fictícia).
O professor Jack entra e começamos a aula:

Jack: Bom dia, hoje teremos algo novo! Como a nota da maioria no último período  foram péssimas, eu em conjunto com o reitor Sebastian decidimos criar um sistema de tutoria acadêmica.

Olha ao lado abismado, não com a notícia mas, porque Oliver, Simon e Davi entraram sem ao menos pedir licença.
Lembra que eu falei que alguns eram extremamente xenofóbicos comigo? Pois é, são eles.
Oliver é meu pesadelo, vive fazendo piadas comigo, mas não posso negar que sentaria horrores.
Simon é legal mas, segue Oliver cegamente. Ele toca violão e atua, um projeto de deus grego eu diria.
Davi é completamento burro, ele nunca sabe o que fazer. O acho um pouco inseguro não vou mentir, atletas tem esse complexo interior. Infelizmente ele dos três é o mais atraente.
Volto a prestar atenção na aula e vejo o professor fazer um esquema de grupos e líderes no quadro.

Jack: Estes serão os grupos de estudos, os escritos de vermelho serão os tutores. Como a grade horária desse semestre tem apenas 4 matérias, vocês terão 6 horários para encaixar suas tutorias, 2 para cada aluno que está em azul. Os tutores garantirão nota máxima, cuidem da progressividade dos necessitados.

Observando o quadro percebo no sexto grupo meu nome em vermelho, Gabriel Augusto Oliveira Carvalho e para minha infelicidade Oliver, Simon e Davi eram meus dependentes.
Eles me olham e começam a rir. Jack pede para os grupos sentarem juntos. Vejo eles na minha frente e fico sem reação.
Penso comigo mesmo, eu Gabriel Augusto tenho o poder de influenciar a vida acadêmica das pessoas que mais odeio. Até que gostei dessa ideia.

Oliver: E aí Augusto, vai falar alguma coisa ou só ficar olhando? Se quer dar você fala.
Simon: Qual é maluco! - fala para Oliver e empurra seu braço - O moleque vai ajudar a gente seu idiota, você não precisa ser babaca com ele.
Davi: De que lado você está Simon?
Augusto: Ok entendi, vocês são completos idiotas e eu que aguente!
Davi: Magoou! - ele me olha com cara triste.
Simon: Sabia que eu te defendi?
Augusto: Obrigado, mas não era necessário. Eu sei me defender.
Oliver: Já chega de palhaçada, o que a gente faz?
Augusto: Primeiro eu preciso elaborar uma planilha com os dias e Objetos de Conhecimento que irei lecionar a vocês.
Olivier: Patético! - me olha com desdém.
Simon: Deixa ele falar.
Augusto: Prosseguindo, achou que as 14:00 h mando por e-mail para vcs.
Davi: Por que não manda por mensagens?
Simon: Ele não tem nosso número. - aperta a cabeça como sinal de raciocínio para Davi.

Oliver pega um papel e escreve algo e me entrega.
Observo, são os números do celular dos três.

Augusto: Assim será mais fácil.
Oliver: Óbvio que sim. - revira os olhos entediado.

Algo em Oliver me faz pensar que ele age como se estivesse tentando me provocar, talvez querendo me chamar a atenção. Me faço de sonso e prossigo a conversa mas, dá o horário e a aula acaba. Todos saímos.
...
Vivo minha rotina diária pela manhã, 4 aulas matinais e almoço.
Chego ao refeitório e vou no lado vegano da cafeteria, pego suco de uva, sanduíche de tofu, arroz, estrogonofe de shitake com batatas fritas. Sento sozinho como de rotina, até perceber a aproximação estranha de Samon. De repente minha vida só tem três pessoas fora a mim, para todo lado que vou eles estão perto. Percebi isso desde a segunda aula.

Augusto: Tá bom, me explica o motivo de vocês estarem me seguindo?
Simon: Ok, no começo eu convenci os meninos mas, agora sou só eu.- ele me olha com se estivesse nervoso.
Augusto: Estou ouvindo, prossiga.- o olho para ele com a cara fechada, por dentro estou rindo.
Augusto: É que, olha sabe...eu, que dizer nós achamos que podia não ser tão difícil nossa convivência. Sei que fomos babacas com você, no último mês meu padrasto me fez ir a um curso de "Como não ser misógeno" e acho que de lá pra cá mudei um pouco.

Nunca ri tanto na vida, até minha costela doeu de tantas risadas. Nunca na vida esperei ouvir isso do cara que me enchia o saco nesses 2 anos aqui.

Simon: Foi tão mal assim eu pedir desculpas?- olhou confuso.
Augusto: Tudo bem, desculpa. Eu entendo que você pode ter mudado mas, a 2 anos Oliver Swan faz bullying comigo. Não vai ser em 2 segundo e um curso incluso que tudo se resolverá. Você também tem culpa sempre faz vista grossa.
Simon: Entendi Augusto, foi mal.- fez uma cara triste e se virou para sair.
Augusto: Não espere, não foi isso que eu queria dizer. Eu aceito as desculpas mas, com ressalvas. Se quiser ser meu amigo senta aí é almoçamos juntos.
Simon: Seria um prazer!

Comemos nosso almoço e durante o tempo gasto, percebi que ele não eram tão ruim assim. Até gente babaca tem coração.