XXVIII: Circo em Magris

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Gregório limpava os olhos das ramelas e via a mesa da cozinha rodeada. Tinha despertado com o cheiro de café. 

Cordélia já fazia a segunda rodada de café e agora servia também o primo. 

— Veja só. — a prima mostrava os convites. — Casamento de Gertrudes e Gaspar. 

— Bom dia. — disse olhando a todos. — Senhor Martin, nem o vi ontem à noite. 

— Mas eu o vi. — sorriu. — Estava contente, contente.

— O senhor não conseguiu dormir? — a dona da casa se virou para o loiro. — Quando eu dormi o senhor ainda estava acordado e agora quando acordo, o senhor prossegue de pé. 

Martin levantou os olhos e encheu o peito para tentar dizer algo, mas encolheu os ombros e continuou comendo. 

— Não se preocupem, pois, Gertrudes irá onde eu quero. Estamos combinados e ela não se casará com o Gomes. Ela que me fez promessas e eu acredito plenamente. — dizia lunático olhando o pão com queijo e fiambre. 

— Pois eu pensava que era o homem que fazia promessas à mulher. — riu Severino. 

— Pois eu penso que os jovens têm sim que fazer seu próprio caminho na vida, mas quando não prejudica o berço. Gregório veja lá o que vai fazer, se faz alguma coisa com essa menina o couro vai comer aqui dentro de casa. Fugir com ela é uma loucura. — a mulher mais velha apontou.

Mas Gregório continuava em seu outro planeta. Um planeta que tinha olhos coloridos e cheiro de amor. 

— Eu quero é ver o que Gregório vai fazer, se a ama, tem que lutar por ela.

— Tu é muito romântica, Cordélia. Homem pega na mulher e casa. — o pai disse chateado com toda a situação. Já estava cedendo à cultura local. 

— E eu me casaria, mas se não tenho nem dinheiro para reservar o grande mestre. — tentou se justificar. — Mas em Magix tudo vai ser diferente. 

— Eu ajudo. De família rica eu tenho bastante, se seu destino for Magix eu coloco uma casa no seu nome. Depois do que fez por Francisca e me permitiram ajudar-vos, eu vos ajudarei também. 

— Por Francisca, mas o que você fez por Francisca? 

— Era um segredo? — olhou ao garçom, seu rosto branco começou a ser pintado de encarnado. 

Gregório encolheu os ombros e pegou um pedaço de goiabada e queijo. 

— Gregório e Gertrudes levaram Francisca até à estação, que está em Greta Castle agora. Minha irmã se encarregou de levá-la para comprar uma varinha, sabe? 

— De verdade? — Clotilde olhou o loiro e depois o sobrinho. — Tu e Gertrudes, Gregório? Você não acha que está tardando demais com esse amor? 

— Minha tia, a senhora vai desculpando, mas não é um amor passageiro, eu a quero para sempre, não vou fazer nada que vos prejudique. Prometo. — falou como um resmungo, estava amuado e sério por causa da falta de apoio familiar em meio à loucura de seu coração. 

— Não é prejudicar a gente, é você levar um tiro. Sabe que essa menina é a protegida, a neta da viúva Santos. Gregório eu já perdi irmão e cunhada, perder você sob minha guarda ia ser ruim demais. 

— Eu não vou deixar que ninguém coloque uma bala na testa de Gregório, se acalme. — Martin levantava e fechava o terno. — Eu vou ligeiro, para pegar no rei na entrada da cidade. E volto. — olhou Cordélia com um sorriso alegre e devotado. 

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