Emoção Da Leitura

I - Uma coisa que eventualmente a vida ensina é que a melhor maneira de lidar com as coisas é expor totalmente certas emoções. As amizades giram em torno das emoções que lá são partilhadas. Uma vez que se encontra uma maneira específica e ideal de se expressar o que sentimos, uma maneira que nos deixa calmos e seguros no conforto das nossas palavras, não conseguimos parar. As pessoas que sentem que deveriamos parar ou abrandar a maneira como expomos o carinho, afeto ou vontade de estar com as pessoas, quebram um pouco das espectativas colocadas nelas. Nunca podemos deixar que uma pessoa nos ache irritantes ou demasiado afetivos por mostrarmos aos outros que gostamos deles, seja com conversa ou contacto físico.

II- Uma vez, coloquei uma câmara, com uma qualidade absurda a apontar para uma pessoa que confiava imenso. Confiava tanto que um dia deixei a câmara com ela. Confiei que tudo iria correr bem, e que a câmara iria ficar intacta. Bastou um momento, e a câmara estava partida. Depois de averiguar, verifiquei que a câmara ainda funcionava, mas apenas gravava com uma qualidade muito inferior. O que fez com que a câmara eventualmente não saisse mais das minhas mãos, relativamente áquela pessoa.
Isto não é sobre câmaras.

III- Vivemos num mundo em obras. Um mundo onde uma evolução é representada por um asfalto novo a cada semana. Onde encontramos sempre um objetivo, parecendo nunca chegar mais perto. Mas, talvez seria o ideal? Usar esse tempo de evolução e aproveitar este resquício de existência que nos faz falta para ver a vista. Vista que nos é retirada todos os dias. Com isto quero chegar a um ponto de equilibrio, onde devemos aproveitar tudo o que nos é imposto, e impor tudo o que aproveitamos a um próximo. Neste lugar, rodeados de uma imensidão de nada, pode ser importante ver um bater de uma copa de árvore e ouvir o vento a passar pelas nossas orelhas.

IV- De vez em quando, mesmo que seja durante uma viagem importante, acontecem problemas. Um furo no pneu, uma avaria no motor. Dependendo da importância da viagem, às vezes as pessoas escolhem ignorar esses problemas e prosseguir viagem. Essa decisão, normalmente, apesar de nos conseguir levar um pouco mais em frente, acaba por tornar o que seria um simples problema, num problema mais severo, comprometendo o carro em si e deixando-o avariado completamente. Com isto, quero dizer, para os condutores desses carros, que é preferivel, aquão de uma avaria, encostar o carro e tentar resolver os problemas, do que forçar o carro a andar quando a sua condução não é viavel.~

V-

Tu aí metes-me medo.
Tu aí pões-me doido.
Tu, sim, Tu, erras.
Tu. Tu. Tu. Pensas,
que por seres como és,
és o centro de tudo e todos.
Tens medo de te sentires,
 outra vez assim.
É ilusório o que crias,
As vontades que demonstras
As vizinhanças com que partilhas,
 todas as tuas invenções.
Tu, sim, Tu.
As tuas invenções, do que tu és,
melhor, do que pensas ser.
Inventas sonhos, amores,
dores, riquezas, vontades,
derrotas, tristezas, arrelias,
felicidades. E não,não pensas ser mau.
 Pelo menos,na maioria do tempo.
Assim, na outra parte,
do teu tempo dourado,
pensas que és poeta.
Tu, sim, Tu.

VI- Não consigo sair deste tema. Talvez este tema é que não sai de mim. Não cresço a partir de inocência, não me lembro bem o que é isso.Não sei sonhar, não da maneira convencional, que todos fazem. Mas isso faz-me ser não sonhador? Não acredito em amor à primeira vista, mas nem sei amar. Não tive tempo para sentir o amor, mas isso não significa que não esteve lá. Seguido disto, estou bastante longe de parecer o que faço parecer que sou, que sinto. Isso não quer dizer que não sinto amor, apenas não sei quando o sinto. Porque, realmente, não existe manual, não existe definição no que conta ao amor. Mas, se alguma vez o senti, não o voltei a fazer, talvez por escolha, talvez por remorsos perdidos na minha cabeça angustiada. Por causa disto, sinto que estou a mentir a todos os que digo amar. Pelo facto de não saber amar, não saber sentir apenas. Odeio dizer isto. Fernando Pessoa estava certo, pensar arruína o sentir.
Critica fiel, de mim, para mim~