Prólogo

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Um, dois, três, quatro, cinco... vinte... vinte e cinco. A quantidade de lâmpadas no corredor não muda na minha, foi assim toda a semana quando estou me dirigia pra mais uma sessão e agora que voltei não mudou nada. Não que faça alguma diferença, agora eu faço mais pelo meus pais do que por mim mesmo. Foi sempre a mesma coisa pelos últimos anos e não vai ser agora que vai mudar.

O único motivo que eu concordei em tentar mais uma vez foi pelo fato dos meus pais finalmente terem deixado eu viver na minha própria casa e eles dispensarem as enfermeiras. Já faziam mais de três anos que eu havia sido confinado a essa cadeira e eles me tratavam como uma criança inválida desde então. Eu já estou com 26 anos e sou um Engenheiro formado e com um trabalho que não posso reclamar, mas até algumas semanas atrás eu ainda morava com meus pais e tinha que aguentar as loucuras que eles impunham sobre mim.

A supervisão quase que constante deles, e quando não, eram as enfermeiras que eles colocavam na minha cola. Mas quando eu bati o pé no chão, não literalmente porque isso já faz algum tempo que não posso fazer, eu propus um acordo. Eu voltaria a fazer mais sessões de fisioterapia para tratar minha lesão na coluna e eles me deixariam sair de casa e viver minha vida.

É por isso que estou começando novamente um tratamento, mas se os últimos que já fiz me ensinaram alguma coisa é que no decorrer vou criar esperanças de que vou conseguir algum resultado positivo e no final ter a mesma resposta de sempre e o mesmo olhar de piedade nos olhos dos médicos. Eu não preciso da piedade de ninguém.

- Dizem que esse novo fisioterapeuta é uma das promessas no campo. - Meu pai me disse fazendo meus olhos revidarem.

Assim como todos os outros, esse médico seria a chance de eu conseguir voltar a andar. Assim como todos os outros tratamentos prometiam uma recuperação considerável, eu ainda continuo entrevado na minha cadeira. Mas é inútil discutir com meu pai quando ele está animado com um novo tratamento para mim.

- Desde que ele consiga algum resultado eu não me importo que ele seja o pior dos piores. - Eu digo sem emoção na minha voz.

- Arthur?! - Ele me adverte com um tom de voz que me lembra da minha adolescência quando eu desobedecia uma ordem. Não parecia que eu já era um homem criado e barbado.

- Não disse nada, pai. Só queria dizer que se ele me ajudar não importa que ele seja o pior dos médicos aqui eu vou agradece-lo muito.

- Eu sei que não é fácil, meu filho. Não estou nessa cadeira, mas eu estive ao seu lado durante todo o tempo desde aquele dia e sei o quanto te machuca não obter nenhum resultado, mas não podemos perder as esperanças.

Como posso perder algo que não possuo a muito tempo? Mas pelo bem de todos eu coloco um sorriso no rosto, mesmo que eu não o sinta de verdade.

- Claro, pai. - Não sou capaz de mais, então digo apenas isso.

- Esse fisioterapeuta foi recomendado pelo seu último médico. Dizem que ele já lidou com casos mais complicados que o seu e conseguiu resultados admiráveis.

- Como é o nome dele mesmo? - Eu digo quando meu pai empurra minha cadeira pro elevador e aperta o botão do quarto andar.

- Dr. Villar. Benjamin Villar. - Meu pai me empurra uma vez que a porta abre na recepção da ala de Fisioterapia.

- Nunca ouvi falar. - Foi tudo o que disse.

Meu pai nos levou diretamente o balcão da recepção aonde duas enfermeiras tinham vários arquivos acumulados entre elas e o telefona não parava de tocar. Isso aqui mais parecia uma repartição pública do que uma recepção hospitalar.

- Bom dia, no que posso ajudar. - Uma das enfermeiras deixa as pastas de lado pra nos atender.

- Bom dia. Meu filho tem uma consulta com o Dr. Villar agora as 10:00 - Meu pai disse.

- Só um instante. - Ela checou algo no computador no fundo do balcão antes de se voltar à nós. - Arthur Menezes?

- Isso mesmo, sou eu. - Eu disse. Eles podiam andar mais rápido. Quanto mais rápido eu entrasse, mais rápido poderia voltar pra casa.

- O Dr. Villar vai recebe-los agora. - Ela disse depois de colocar o telefone novamente no lugar. - Consultório 42D. Siga por esse corredor, primeira a direita, segunda porta a direita.

Nós agradecemos e seguimos as instruções que ela havia passado. Alguns instantes depois nos encontrávamos de frente a porta do consultório. Meu pai bateu duas vezes.

- Pode entrar. - Uma voz firme disse do lado de dentro.

Meu pai abriu a porta e eu o dispensei quando ele voltou para me empurrar, pelo menos isso eu poderia fazer. Ao entramos meu pai fechou a porta e se sentou na cadeira ao lado da minha cadeira de rodas. O Dr. Villar estava sentado em sua cadeira de costas para nós enquanto trabalhava em algo no seu computador.

Quando ele se virou foi como se eu tivesse recebido um soco que tirou todo o ar dos meus pulmões e meu coração começou a bater de maneira errática.

- Sou o Dr. Villar, mas podem me chamar de Benjamin. - Ele disse com um sotaque que eu não podia identificar e que fazia sua voz ser a mais sexy que eu já havia escutado. - Você deve ser Arthur, é um prazer conhece-lo.


Ele estendeu a mão e eu automaticamente estendi a minha. Quando nossas mãos se apertaram uma descarga elétrica atravessou meu braço e se antes eu achava que poderia ter um ataque cardíaco, agora eu estava tendo. Eu podia ver que o que quer que tinha acontecido comigo, também havia afetado ele. Ele me olhava com curiosidade e algo que não podia identificar. Pela primeira vez em muito tempo eu estava sentindo novamente.


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N/A

- Um gostinho do que nos espera na história do Arthur e Benjamin. Espero que vocês gostem e não deixem de adicionar na sua biblioteca pra saber quando saíram as atualizações e não deixem de conferir também meu outro trabalho aqui Forbidden Love.


Beijos...


J.D Henrique 

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⏰ Última atualização: May 31, 2015 ⏰

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