Capítulo dez;

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   Os sábados eram dias desgastantes para Changbin.

   Apesar de ser um dos únicos dias livres da semana, sem estudos, trabalhos, nem músicas para produzir — ele ainda produzia em casa, no entanto —, eram dias extremamente tediosos e solitários.

   Quando começou a morar ali, ele dividia o apartamento com mais dois veteranos de seu curso, que estavam aceitando calouros para compartilhar o aluguel. Agora, ambos estavam em seus respectivos intercâmbios, à caminho da conclusão de curso, então sua casa ficava especialmente vazia e silenciosa. E silêncio, para alguém ansioso como Changbin, significava angústia.

   Porém, não era esse o problema em questão daquele final de semana. Era um pouco pior, na verdade.

   Quando despertou, naquele sábado, Changbin logo notou que havia algo estranho. Além do frio extremo que sentia, mesmo com o suor escorrendo de suas têmporas, suas costas doíam como o inferno, bem no centro de sua espinha, e sua cabeça pesava demais.

   Parecia que ele tinha sido jogado de um prédio depois de ser atropelado por um trem. Sinceramente, ele poderia até relevar e considerar simplesmente voltar a dormir (o que faria, normalmente), mas estava impossível até mesmo se mover.

   Changbin grunhiu em meios aos travesseiros. Ele tentou sair da posição em que estava, mas até levantar os braços fazia suas escápulas fisgarem. Acabou com o queixo caído na fronha, respirando fundo pelo mínimo esforço de se virar. Se odiou pela mania de dormir de bruços.

   Depois de se recuperar um pouco, quase chorando de dor, ele procurou o celular na escrivaninha, com dificuldade de desprendê-lo do carregador e discou seu número de emergência. Os bips da ligação sendo realizada foram só três, mas pareciam infinitos.

   Um click foi dado do outro lado e Changbin quase suspirou aliviado.

   — Chan?

   — ...Changbin? — houve uma pausa do outro lado da linha. — São 6:34 da manhã. De um sábado. Porque diabos está me ligando?

   — Você pode vir aqui? Acho que estou morrendo.

   O Bang demorou para responder.

   — Se for por causa do comeback do Shinee de novo, eu vou desligar na sua cara.

   — Esquece isso, cara. Eu tinha 16 anos — bufou, com dificuldade. — É sério, eu acho que acordei com febre e parece que uma manada passou por cima de mim enquanto eu dormia. Minhas costas estão acabadas.

   — Porque não toma remédio? Não tem necessidade de ir aí.

   — Essa é a questão. Eu não consigo me levantar.

   — E você espera que eu faça o quê? Apareça, te alcance o remédio e vá embora?

   — Nós moramos no mesmo quarteirão, por que está sendo tão teimoso? — grunhiu, tentando virar de barriga para cima. — Achei que me amasse.

   — Eu te amo quando não me acorda antes das sete da manhã. De. Um. Sábado.

   Changbin revirou os olhos.

   — Você já falou isso. Vai vir ou não?

   Chan bufou, respirando forte no telefone. O mais novo esperou enquanto ouvia barulhos altos na linha.

   — É melhor que você esteja totalmente incapaz de se mover quando eu chegar aí. Caso contrário, você vai ficar.

   E desligou. Changbin, apesar da ardência insuportável na espinha, não conseguiu conter a risada.

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⏰ Last updated: May 06, 2023 ⏰

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Slump; changlixWhere stories live. Discover now