Destino

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Sempre me senti estranha. Sempre senti que eu tinha uma grande responsabilidade. Sempre me senti diferente dos outros, como se um fardo incalculável estivesse sobre os meus ombros.


Lembro vagamente dos meus avós, eles sempre cochichavam quando meus pais não estavam por perto, mexiam em livros com símbolos estranhos, e me diziam o quanto eu era especial, que eu tinha uma missão.. Porém depois que eles morreram eu decidi deixar isso de lado e viver, ou melhor, tentar viver normalmente.


Eu consegui viver como uma adolescente qualquer, foi difícil de certa forma, mas consegui.. Até o dia em que completei 18 anos.


Comecei a ouvir sons, como se grandes árvores estivessem sendo balançadas pelo vento.. Comecei a sentir que era perseguida, comecei a ter sonhos estranhos nos quais não via significado algum, até que por um acaso ficaram claros como um dia de verão.


Limpava meu quarto como sempre, até notar um botão um pouco acima da minha escrivaninha, por incrível que pareça, apesar de morar por 18 anos naquele quarto, nunca havia notado aquilo, ou talvez o acaso não quisesse que eu percebesse.


Depois de medir os prós e os contras, e de tirar da minha cabeça a idéia de que isso me levaria a algo importante, apertei o botão.. A escrivaninha girou e deu lugar a uma porta, e de dentro da porta saía um forte cheiro de rosas, me sentindo tonta comecei a cambalear e sem perceber acabei passando por aquela entrada, dando de cara com uma coleção de livros, iguais aos que meus avós usavam.


Imagens começaram a surgir em flashes pela minha cabeça, em uma velocidade inumana até que senti tudo apagar.. Levantei do chão, com uma forte dor de cabeça, comecei a me arrastar até sentar com as costas apoiadas na parede.

"O que será isso tudo? O que tudo isso quer dizer?"

Fiquei perguntando isso a mim mesma, por 20 minutos, até que decidi esquecer tudo aquilo e trancar aquela porta, sem saber que ao dar as costas ao meu destino, estava condenando todo o mundo.


Tentei continuar a viver como antes, mas as imagens que surgiram em minha mente não desapareciam, e eu ficava a remoer cada uma delas, chegando ao ponto de sonhar com elas todas as noites, sentia como se eu fosse enlouquecer, estava ficando obcecada com tudo aquilo, precisava de ajuda.. Mas quem iria me ajudar?


Decidi então contar tudo aos meus pais, meus avós devem ter compartilhado algo com eles, a quem mais eles revelariam a verdade?


Porém quando entrei em casa dei de cara com meus pais deitados no chão da sala ao lado de uma enorme poça de sangue.

"Queima de arquivo" - era sussurrado em meus ouvidos, mas por algum motivo não conseguia me mover, não sabia para onde ir, não sabia se chorava ou gritava, me senti paralisada, como se meus membros tivessem morrido junto com meus pais.

-Você precisa sair daqui - alguém disse atrás de mim

Com toda a certeza eu estava em estado de choque, porque do contrário eu já estaria gritando ou tentando fugir do dono dessa voz profunda.


Ele toca no meu ombro e me sacode, tentando me tirar do estado em que eu estava.

-Trinity, você precisa sair daqui - ele continuava a dizer, até perder a paciência e bater com força em meu rosto - VOCÊ PRECISA SAIR DAQUI! -

Depois de uns segundos consegui me situar e levantar a cabeça para ver seu rosto

-Eles.. Alguém.. Sangue.. - ele é diferente, é extremamente bonito, bonito demais para um ser humano, sem contar que seus olhos são de uma cor que nunca havia ouvido falar, uma mistura de verde, azul e violeta.

-Sim, eu sei.. Eu posso explicar a você o que houve, mas terá de ir embora daqui, esse é o último lugar onde você deveria estar, eles já podem rastrear você, sorte a sua de não estar aqui quando eles chegaram, infelizmente seus pais estavam aqui.. Preciso que vá ao seu quarto, faça uma mala e coloque tudo que você precisar, abre a porta escondida do seu quarto, e pegue os livros com as capas azuis, coloque tudo na mala e desça, eu vou estar esperando lá fora, não demore, eles voltarão.

O fato dele saber sobre o quarto deveria ter me surpreendido, mas eu ainda estava em choque pela morte dos meus pais, resolvi então fazer o que o estranho mandou, ele parecia saber o que estava fazendo, fui ao meu quarto e peguei a maior mala que eu tinha, coloquei tudo que precisava, incluindo uma foto que eu tinha com meus pais e meus avós, em seguida entrei no quarto e peguei os livros azuis, no momento em que os peguei todos os outros livros que haviam ali desapareceram, passado o susto, tranquei a entrada e arranquei o botão, fechei a porta do meu quarto e desci, olhei pela última vez para meus pais, sentindo as lágrimas brotarem, e fui ao encontro da única pessoa que parecia saber o que estava acontecendo.


Quando o vejo, está encostado em um jipe preto enorme, quando ele levanta os olhos e me vê parece angustiado.

-Para onde estamos indo? - pergunto baixinho, me sentindo cansada tanto emocionalmente quanto fisicamente

-Vamos para Normandia princesa, chegou a hora da coroa ir para quem a pertence. - O olho por um longo tempo sem entender o que ele queria dizer

-Eu sei que tudo parece confuso, mas em breve você entenderá, só peço que confie em mim, nossos destinos estão entrelaçados, eu sempre estive aqui protegendo você, você não está sozinha, você promete tentar confiar em mim? - olho para seus olhos e apesar de desconfiar sinto que ele fala a verdade

-Sim, eu vou tentar mas.. - logo em seguida tudo escurece.

Quando abro os olhos, sinto vontade de rir - para quem nunca desmaiou antes, duas vezes é um número impressionante - levanto e solto um grito de susto


Minha roupa está diferente, visto um vestido diáfano longo branco, com um longo colar ornamentado com pedras que me lembram esmeraldas e os cabelos ondulados soltos até a cintura, quando me aproximo do espelho não reconheço a garota que me olha... É bonita, cabelos pretos e olhos cor de mel, e em cima da cabeça uma longa coroa. Antes que eu tenha mais uma reação escandalosa, o portão é aberto e o estranho que me salvou aparece, ele está vestindo uma roupa preta, que marca perfeitamente seu corpo impressionante, ele deve ter 1.90 ou mais, seu cabelo loiro está bagunçado e em sua mão ele segura uma espada.

-Quem é você? Quem sou eu? Onde nós estamos? - ele me olha e por um instante parece relutante em me responder.

-Eu sou Hércules filho de Zeus, você é Trinity, minha princesa prometida.. Estamos em Normandia, e nós dois vamos nos casar - o olho espantada

-O que? -

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⏰ Última atualização: May 31, 2015 ⏰

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