36

412 23 15
                                    


Jimin

📔

O barulho do meu celular vibrando em cima da mesa me acorda, e sinto a cabeça de Jungkook pesando sobre
minha barriga. Levanto com cuidado, com o mínimo de movimentação possível, e pego o aparelho irritante. A
tela pisca com o nome da minha mãe, e solto um gemido antes de atender.

— Park? —, minha mãe chama do outro lado da linha.

— Oi.

— Onde você está, e a que horas vai chegar?—, pergunta.

— Eu não vou para casa—, digo a ela.

— É véspera de Natal, Jimin. Sei que está chateado com essa história do seu pai, mas você precisa passar o Natal comigo. Não pode ficar num motel sozinho.

Sinto-me ligeiramente culpado por não passar as festas de fim de ano com a minha mãe. Ela não é a mais gentil das pessoas, mas não tem mais ninguém além de mim. Ainda assim, respondo:

— Não vou dirigir até aí, mãe. Está nevando, e não quero ficar na sua casa.

Jungkook se mexe e levanta a cabeça. Exatamente quando estou prestes a pedir silêncio, ele abre a boca.

— Que foi? —, pergunta, e ouço o suspiro da minha mãe.

— Park Jimin! O que você tem na cabeça? —, grita ela.

— Mãe, não vou falar sobre isso agora.

— É ele, não é? Conheço essa voz!

Péssima maneira de acordar. Tiro Jungkook de cima de mim e sento, escondendo meu corpo nu com o cobertor.

— Vou desligar, mãe.

— Não se atreva a…

Mas eu desligo. Em seguida, coloco o telefone em modo silencioso. Sabia que ela iria descobrir mais cedo ou mais tarde; só estava torcendo que fosse um pouco mais tarde.

— Bom, agora ela sabe que a gente… voltou. Ela ouviu você, e está tendo um ataque —, digo e mostro a tela do telefone para ele, com duas chamadas dela no último minuto.

Ele se acomoda atrás de mim na cama.
— Você sabia que isso ia acontecer, então é quase melhor que ela tenha
descoberto assim.

— Na verdade, não. Eu podia ter contado, em vez de ela ouvir sua voz.

Ele dá de ombros.

— É a mesma coisa. Ela teria ficado
com raiva do mesmo jeito.

— Mesmo assim. — Estou um pouco irritado com a reação dele. Sei que ele não se importa com ela, mas ela
é minha mãe, e não queria que descobrisse assim.

— Você podia ser um pouco mais gentil.

Ele balança a cabeça e diz:
— Desculpa.

Para quem esperava uma resposta mal-educada, até que essa foi uma agradável surpresa.
Jungkook sorri e me puxa de volta para junto dele.

— Quer que eu prepare seu café da manhã, Daisy?

— Daisy? — Levanto uma sobrancelha.

— Está cedo, e não estou no melhor espírito para citações literárias, mas você está mal-humorado, então…
chamei você de Daisy.

— Daisy Buchanan não era mal-humorada. Nem eu —,
resmungo, mas não posso deixar de sorrir.

Ele ri.

AFTER - Depois da verdade  -  JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora