Entre Gênios e Areias (RhysandxOc)

Capítulo 1

Mayla POV

De cima de um pequeno monte, eu conseguia observar os soldados desmanchando suas tendas e recolhendo seus pertences, desfazendo enfim nosso acampamento.

A guerra finalmente chegou ao fim..

Agora tudo o que os restava fazer era retornar as suas casas, as suas familias levando a vitória de sua rainha.

Foram por volta de quinze anos de guerra pelo trono do Reino de Nor, mas finalmente consegui colocar a herdeira do Reino em seu posto de direito.

Nesses quinze anos conseguimos juntar aliados, montar um exército, tomar a capital, e então resistir ao último cerco dos usurpadores. Tudo isso com uma boa dose de lábia e a ajuda de 13 desejos que concedi a minha mestre.

E é nesse momento que percebo que está na hora de partir.

Sinto um movimento as minhas costas, olho para trás e a vejo. Os cabelos dourados olhos verdes, a sua cabeça pendia uma espécie de coroa de batalha. Minha mestre, a rainha Hastória.

- Você já sabe o que fazer não é mesmo?- lancei para ela.

- Sim..-  vi o pesar em seus olhos.

Lhe restava apenas um pedido, e esse era obrigatório que ela fizesse em um tempo de vinte e quatro horas, para que eu pudesse retornar a minha lâmpada e esperar o próximo curioso libertar-me novamente.

-Vamos Hastória, não é tão difícil. Sei que ha muita coisa que você ainda deseja.

- Não seja tão insensível May, foram quinze anos juntas.- ela soltou um suspiro e olhou ao redor.

Não muito longe se encontrava a entrada do Reino, e mais ao longe nas montanhas rochosas o castelo. As pessoas vibravam com nossa vitória, e a rainha ao meu lado olhou para aquilo tudo com um misto de felicidade e orgulho.

- Eu desejo que seja duradouro - eu entendi o que ela quis dizer.

- Então que assim seja! - Juntei minhas mãos- Adeus Hastória.

Meu corpo começou a se desfazer em areia, e logo eu estava novamente em minha lâmpada, em minha casa.

......

Estou sentada no sofá de minha casa, parada e olhando para o grande quadro exposto na parede. Nele é retratado um grande monte rochoso que abrigava as muralhas do Castelo de Nor.

Há muito tempo que eu o vi pela última vez, que corri pelos corredores e muralhas, gritando ordens para os soldados, armando nossa vanguarda e retaguarda. Garantindo que nenhum desgraçado tivesse oportunidade de invadi-lo.

Foi uma guerra e tanto..

Já deve ter se passado diversos reis naquele trono. Filhos, Netos e bisnetos de minha amiga.
O mundo deve ter mudado muito desde a última vez que estive livre.

E cada dia anseio ainda mais para mais um gostinho de liberdade. Me pergunto a onde minha lâmpada foi parar, para que ninguém tenha a encontrado até agora.

Suspiro relaxando no sofá olhando para o teto. Uma hora ou outra eu irei sair, eu só tenho que esperar mais um pouco.

Me levanto abruptamente. Enquanto essa hora não chega, o melhor que tenho a fazer é me distrair.

Ando pelos corredores, observando cada quadro que pintei. Há quadro de cada um de meus antigos mestres.

Tive a sorte de encontrar mestres muito bondosos, e outros nem tanto.

No corredor seguinte, eu pendurei quadros de meus pais e de meus amigos mais  antigos.

Parei na frente de um, em que retratava um homem alto de vestes negras , ele estava de frente para um céu noturno totalmente iluminando pelas estrelas que pareciam cair do céu, tinhas suas mãos apoiadas na sacada, mas ele olhava para trás, por cima dos ombros, como se pudesse me ver. Seus olhos eram em um tom de azul profundo, que poderia muito bem se passar por um roxo, e seus cabelos extremamente negros, num tom de nanquim, porém o mais curioso eram suas orelhas pontiagudas e as asas negras que descansavam em suas costas.

Esse era o único quadro que pintei, que eu não tinha nem ideia de quem era a pessoa.

Por volta de quinhentos anos atrás comecei a sonhar com esse homem. Via parte de sua vida em meus sonhos. Como trechos de sua primeira batalha, o via com seus amigos, e o via sobrevoando os vilarejos durante a madrugada.

O sonho em que retratei nesse quadro foi o único em que consegui ver totalmente o seu rosto. Desde então nunca mais sonhei com ele, a quase cinquenta anos atrás.

Levantei minha mão até a pintura. Mas então um tremor sacudiu toda minha casa. Os quadros foram ao chão e eu comecei a me transformar em areia.

Ah... Já não era sem tempo.

Finalmente irei conhecer esse novo mundo.