Four

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O som do bar ainda estava alto quando entrei mesmo que o dia esteja quase clareando. A cadência profunda do baixo soou pelos alto-falantes e levou um segundo para os meus olhos se ajustarem à escuridão dentro do lugar.

E de repente, me sinto totalmente fora de
lugar neste bar enorme cheio de pessoas bebendo, rindo e se divertindo.

Vejo as saias curtas subindo pelas coxas das mulheres ao meu redor e as camisas apertadas colocando o resto dos seus atributos em exibição e me sinto estranho quando antes não me importaria tanto ao ver tanta pele exposta.

Não tenho certeza se estou pronto para
enfrentar isso ainda, mas não consigo parar de pensar,
vejo os outros clientes no bar, de onde estou, no canto de trás, escondido. Os casais que se
encontraram e estão se divertindo. O grupo de mulheres em pé, no canto oposto, agindo como se não se importassem por serem abordadas por alguns homens, mas cujos olhos estão constantemente vagando em busca dos solteiros do bar e, de repente, agindo de forma tímida quando eles se aproximam. Os caras à espreita: arrogantes e com uma bebida na mão tentando encontrar alguém com quem se relacionar.
Observo todos eles enquanto tomo minha dose de uísque.

Os olhos gentis dele não saem da minha cabeça. Será que ele passou a noite com a tal Yerim? Não! Pare agora de pensar nisso. Me repreendo. Mas é doloroso saber que ele seguiu sua vida.

E eu odeio pensar sobre isso.

Talvez porque eu tenha seguido meu sonho. Eu aproveitei aquela chance única na vida que me foi dada e me arrisquei, fazendo uma vida excelente para mim, e se eu voltasse, bastava dar uma olhada para ele para desistir de tudo.

Eu tinha razão. Não há como negar o aperto no meu peito ao vê-lo novamente.

O ressurgimento de sentimentos que eu pensava que haviam morrido. Merda. Eu era jovem e inexperiente naquela época. Deixei o fascínio pela fama dominar meus pensamentos e possuir meu coração. Ainda possui.

O problema é que estraguei tudo. Será que esse  homem que me tornei conseguirá um lugar de volta no coração dele?

Merda Yoongi. O que você está pensando? Não viu a mágoa em seus olhos? A culpa é toda sua.
A culpa volta como uma vingança. O mínimo que posso fazer é me afastar novamente.

Eu inspiro e fecho os olhos por um instante. Encosto a cabeça na parede e o som das vozes da platéia em Chicago fazem o coro chamando o nome da Banda: Black Angels! Black Angels!

Eu posso sentir a energia daquelas pessoas entrar por todas as camadas da minha pele e explodir no meu sangue. O tesão me toma e sinto o chão vibrar sob os meus pés. Os gritos são um combustível para o show. As pessoas gritam e batem palmas.

Gosto disso, a sensação de poder me
contamina, arde na alma a ponto de eu me sentir dono do mundo. Meu momento, único instante em que alguma coisa parece valer a pena. Em que
eu tenho domínio sobre mim mesmo.

Paro e inspiro por um momento, aliso meu peito por cima da camisa, aonde a minha tatuagem está. Um  piano banhado por raios de sol, a única que eu tenho por todo o corpo, mas que está impregnada na minha alma, com o meu passado e o que sou.

Como esperado nossa apresentação foi um sucesso. A multidão que encheu o estádio vibrou do início ao fim.

O mundo pensa que sou um arrogante egocêntrico.

Que se danem! Sou mesmo. Abri mão de muita coisa. Deixei ele pra viver isso. Coloquei o amor em espera. Fechei a porta, achei que não me sentiria como um idiota egoísta por correr atrás dos meus sonhos.

Amor, Acordes e Renúncias | Yoonkook Onde histórias criam vida. Descubra agora