Capítulo 3 - Contato inesperado

6 0 0
                                    


Eu fiquei completamente extasiado com aquele beijo. Ficar olhando para aqueles lábios carnudos e macios me deixou confuso diante da enxurrada de pensamentos que me atingia. Eu realmente precisava beijá-la; caso contrário, iria enlouquecer. Imerso nesses pensamentos, quase esqueci do meu jantar com a Rainha Elaure.

Ao me aproximar do Palácio da Alvorada Rosa, percebi como as ruas estavam desertas, como nunca havia visto antes. O ar sombrio que pairava pela cidade conferia um aspecto de abandono. Assim que cheguei aos portões do grande palácio, respirei fundo e entrei após a devida identificação. Enquanto caminhava pelos jardins bem cuidados, notei flores amarelas e lilases, todas impecáveis e perfumadas. Subi as escadas para o hall de entrada, e deparei-me com uma grandiosa sala, adornada com diversas obras de arte e tapetes impecáveis. À esquerda, uma porta levava ao escritório, e à frente, uma escadaria com corrimãos dourados e polidos. No topo da escada, avistei a Rainha Elaure descendo.

Ela era uma mulher extremamente bonita, considerada uma das maiores feiticeiras da história. Seus cabelos loiros, quase brancos, caíam até o meio das costas, e seus olhos de tom violeta combinavam perfeitamente com sua personalidade marcante. A Rainha era, de fato, deslumbrante! Vestia um elegante vestido verde, sem muito volume, mas que acentuava as curvas do seu corpo. Percebi que ela notou meu olhar atento. Quando chegou ao último degrau, ela me olhou e disse:

— Boa noite, Patrick. — Ela terminou de descer a escadaria, e eu me curvei em reverência. — Espero que esteja preparado para o que vou lhe contar.

Eu já estava apreensivo com a possibilidade de nossa conversa girar em torno de Marilene. Ainda imerso em meus pensamentos e enquanto a seguia até a sala de jantar, ouvi-a perguntar:

— Como está sua hóspede? — Ela esboçou um sorriso de canto, e eu dei de ombros.

— Ela está bem, Majestade, só está preocupada em como retornar à sua realidade. — Suspirei, e a Rainha me analisou por um instante.

— Eu entendo completamente o desespero dela. — Ela fez uma pausa antes de continuar. — Já descobriu qual portal foi aberto?

— Ainda não, Majestade. Tenho pesquisado em vários livros e conversei com Leonard. Ele pediu que eu o encontrasse pela manhã.

— Sabe, Patrick, fazia trezentos anos que nenhum humano atravessava o portal sem que fôssemos nós a mantê-lo aberto. — Ela olhou para a parede à direita, onde havia o retrato de seu pai. — Será que é o que estou pensando?

Percebi a seriedade em seu olhar. Ela estava se referindo à profecia.

— A senhora acha possível que Karol seja a escolhida? — perguntei, observando-a atentamente.

Ela ergueu uma sobrancelha e sorriu.

— Você a chama de Karol? — Ela sorriu novamente, e eu me senti encolher. — O nome dela é Karolin Couth.

— Patrick, não precisa ter vergonha. Somos amigos. — Ela sorriu. — Você não costuma chamar as pessoas por apelidos.

— Vossa Majestade, — suspirei, — está tão óbvio assim que estou abalado?

Ela olhou para mim com os olhos brilhando, e antes que pudesse responder, o jantar começou a ser servido.

— Patrick, se essa moça for realmente a escolhida da profecia... — Ela fez uma pausa. — Talvez ela seja a nossa chave contra Marilene.

— Majestade, ela é tão ingênua... — suspirei, preocupado. — Eu não queria que ela fosse envolvida nessa batalha.

— Pense comigo, Patrick. A profecia diz que em trezentos anos, o portal seria reaberto e traria a escolhida, filha da lua, para derrotar o grande mal que nos assombraria.

Onde vivem os duendes?Onde histórias criam vida. Descubra agora