Capítulo 4 - O baile

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— Calma, Fong, vai ficar tudo bem, ela não fez nada — suspirei e continuei. — Ela apenas disse que queria ler a minha sorte.
— Senhora, me escute. Se ela falar com você novamente, por favor, corra! Essa mulher é muito perigosa! — Ela me olhou seriamente.
— Temos que falar isso para o Sr. Patrick — disse ela, entrando na propriedade de Patrick o mais rápido que podia.

Ao entrarmos na bela mansão, vi Fong ir direto ao escritório. Depois de alguns minutos, Patrick saiu da sala com as sacolas de Fong e uma expressão muito séria. Ele se aproximou e me perguntou com a voz grave:
— Você está bem? Ela fez alguma coisa com você? — Tentei entender o motivo de sua preocupação, até que meus pensamentos foram interrompidos com ele repetindo:
— Karolin, você está bem? Ela fez alguma coisa?
— Não... não, ela só disse que queria ler a minha sorte — respondi, e ele suspirou aliviado. Patrick seguiu com Fong em direção à cozinha, mas antes que ele prosseguisse, acrescentei:
— Ela falou que consegue abrir um portal para eu voltar... - Patrick me interrompeu falando firmemente:
— Se a vir de novo, não a responda. Saia de perto o mais rápido possível. — Percebi que seu tom era mais sério que o normal, dessa forma ele acrescentou:  — Entendeu, Karolin?
— Entendi! — respondi, um pouco assustada.
Sai de sua sala, sem entender o que havia acontecido, olhei pelo corredor para verificar se avistava Fong, no intuito de questioná-la, como não a encontrei, entrei em meu quarto  para encerrar meus devaneios.

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Três meses depois...

Eu estava ansioso por essa noite. Karolin e eu fomos convidados para um baile no Palácio de Alvorada Rosa. Mesmo com todo o medo que assolava o reino, a rainha não teria como cancelar o evento. Todos no reino haviam sido convidados, e a segurança no palácio estava reforçada. Embora ainda não tivéssemos encontrado o esconderijo de Marilene, sabíamos que ela estava em Roriecsta, após o incidente com a Karolin, desde então, começamos a reforçar a segurança do reino.

A ansiedade de apresentar Karolin estava mexendo comigo. Desde o nosso beijo, nunca mais a toquei, e nem ela demonstrou qualquer intenção. Surpreendentemente, eu conseguia manter o controle. Não queria que ela se sentisse pressionada, ainda mais estando afastada de sua realidade há tanto tempo. Quando meus pensamentos começaram a vagar, uma visão deslumbrante me trouxe de volta à realidade: Karolin descia a escada com um vestido verde-escuro, com recortes que destacavam suas curvas. Seus cabelos negros desciam em cascata pelas costas, parcialmente presos. O vestido contrastava perfeitamente com sua pele clara, com uma leve fenda na altura das coxas e um decote em "V" que realçava seu corpo. Ela estava magnífica.

Seus sapatos de salto, prateados e brilhantes, completavam o visual, e um echarpe verde-claro caía delicadamente sobre seus ombros. Seu batom vermelho e a maquiagem neutra davam o toque final de elegância. Eu peguei uma caixa de joia que estava em cima da mesa de centro e me aproximei dela. Não gostava muito de ternos, mas estava vestido a caráter, com um smoking preto e uma gravata verde. Meus cabelos estavam penteados para trás. Cheguei mais perto e disse:

— Você está perfeita!
— Obrigada — ela suspirou. — Não exagerei?
Sorri e respondi:
— Não, está perfeita.

Aproximei-me e entreguei a caixa. Quando ela a abriu, me olhou surpresa:
— Patrick, eu não posso aceitar... — antes que ela pudesse terminar, a interrompi:
— Deve aceitar. Quero te presentear. Acho que vai combinar com seu vestido. — Ela assentiu, olhando para o colar de prata com uma esmeralda como pedra principal. — Vai ficar lindo em você!
Ela levantou os cabelos, permitindo que eu colocasse a joia em seu pescoço.

Saímos e seguimos rumo ao castelo.

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Enquanto isso, escondida nas sombras, Marilene observava a nova hóspede de Patrick. Ela sabia quem a humana era, e precisava agir para que seus planos continuassem conforme o planejado, sequestrar a garota, seria o próximo passo para sua vingança.

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Eu fiquei deslumbrada com o tamanho do palácio. Criaturas míticas de todos os tipos estavam presentes: lobisomens, vampiros, bruxas e bruxos, magos, elfos e fadas. Todos vestiam trajes adequados ao tema da festa. Embora eu me sentisse confortável com meu visual, foi impossível não me sentir constrangida quando entrei com Patrick e todos me olharam. Tentando entender o motivo, olhei para Patrick, que sussurrou:

— Eles sabem que você é humana. Estão te observando para avaliar se você representa algum perigo.
— Ah, entendi... mas, estou sendo agradável?
— Talvez... Espere três minutos. Se todos sorrirem, significa que você agradou.
— Ótimo... Vou me sentir constrangida por três minutos!

Exatamente três minutos depois, todos no salão sorriram calorosamente. Uma das bruxas se aproximou e disse:
— Seja bem-vinda ao reino, menina!

Todos começaram a rir, e eu logo me juntei à conversa com uma elfa e uma fada. Outras pessoas se aproximaram, brincando, sorrindo e me dando as boas-vindas. Apesar da saudade da minha dimensão, naquele momento, eu me senti em casa.

Onde vivem os duendes?Onde histórias criam vida. Descubra agora