CAPÍTULO 02

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Gustavo morava nos fundos de uma casa

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Gustavo morava nos fundos de uma casa. O corredor escuro era adjacente à casa principal na frente, que parecia abandonada, se não fosse pela luz acesa que passava pelas frestas da janela antiga de madeira. A sua rua não estava cheia e por incrível que pareça, a chuva cessou quando entramos na casa. Lá estava com cheiro de abafado, que passou quando ele arrastou as cortinas blecaute e abriu a janela, que apesar de estar carente de Sol, tinha uma brisa fria que mesmo sendo boa se tornou incômoda por conta das nossas roupas ensopadas.

Eu tinha que voltar pro asilo. Joana era a primeira a acordar e qualquer coisa que eu fizesse, poderia ser motivo para tornar a nossa convivência ainda pior. Nos últimos meses desde que a Sônia cedeu um quarto para eu ficar, tudo o que eu fazia era motivo para que ela reclamasse, desde o cigarro que eu fumava até a minha mera presença na mesa. Ela não gostava de mim e eu estava pouco me fudendo para o seu apreço por mim, mas não tinha para onde ir e o Seu Venceslau precisava de mim lá, mesmo que não tivesse a menor ideia de como cuidar dele. Não queria deixar ele sozinho, mas observar ele definhando era péssimo, me sentia mal por não poder fazer mais mesmo estando tão perto dele.

— Eu tenho umas camisetas lá dentro, acho que vai dar em tu. — Gustavo chamou minha atenção para si, enquanto terminava de desabotoar a blusa encharcada no seu corpo.

A luz amarela deixou as paredes claras da sala quentes mesmo com a sensação fria dentro do tênis.

— Não precisa. — O tecido jeans da calça estava molhado.

Ele sorriu.

— Óbvio que precisa, tu vai ficar assim? Molhado? — Puxou o tecido pelos braços. Fiquei sem resposta. — Vou pegar uma roupa pra tu. — Jogou o tecido no ombro e passou por mim, entrando no corredor.

Tinha uma porta no final do corredor e além dela, só mais uma do lado direito. Imaginei que era o quarto e o banheiro. Na sala, com um sofá perto da janela e uma mesa pequena, tinha uma porta ao lado da estante com TV. Dava para ver a geladeira. Porra, eu tava nervoso. Queria fumar um cigarro, mas não sai do lugar. Fiquei parado de pé no meio da sala com a inquietude na boca do estômago. Não podia ser expulso daquele asilo.

— Aqui. — Era uma camiseta e uma bermuda. — Acho que cabe.

— Valeu. — Tomei dos seus dedos.

Gustavo juntou as sobrancelhas por um momento. Olhei na direção da porta, sem a menor ideia de qual desculpa dar para meter o pé dali.

— Parece que tu vai sair correndo de mim.

Estava angustiado, mesmo assim abri um sorriso sem graça.

— Não é de você.

— É daqui? — Apoiou as mãos no cós da calça jeans.

— Não é... — Indiquei a sala. — sobre nada disso.

Umedeceu os lábios.

— Porra, aquela mulher te assusta mesmo, hein? — Se distanciou até a estante. Não entendi. — A tal Joana. Quando fui lá e falei com a Sônia pensei que ela fosse a responsável por tudo, mas é a freira Joana. — falou num tom medonho.

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