Vai devagar

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  Não sei dizer a quanto tempo venho esperando isso, um momento de descanso e descontração com meus amigos, sem perigos e alheios desgraçados. Estamos na Café's pizzaria, sentados no chão atrás do balcão, bebendo e conversando sobre quaisquer baboseiras. Eu não estava bebendo, na verdade, apenas fumando a erva que Chico me deu mais cedo, e mesmo que Lírio tenha pregado a palavra e tentado nos fazer ser bons moços, agora ele pouco se importava. Nada tinha sua atenção, nada além de Chico dormindo em seus braços.

  Vicente e Mandy haviam fechado a pizzaria, para participar da nossa reunião, e não sei se me sinto bem com isso. Eu gosto deles, na medida do possível, mas há algo me incomodando. Quando digo algo, me refiro a Mandy esfregando os peitos em Guizo a cada minuto, que claramente não parecia confortável. Dara havia percebido isso também, e tentava separar um pouco os dois, porém sem muito sucesso. Ela suspirava tristemente vendo a cena... Será que ela gosta do Guizo?

  Mas que não gostaria?

  Meus tímpanos pulsaram com a batida que iniciava a nova música em meus fones, e não me lembro de ter ouvido antes, mas as cores que invadiram minha visão, o amarelo dançando lindamente com o vermelho, o laranja pulsando como fogos de artifícios e o gosto cítrico inundando meu paladar me deixaram em transe. Olhei em volta, um por um naquele círculo, e quase ri com um Lírio sorridente acariciando os cabelos de Chico, Vicente com os olhos vermelhos parecia quase dormir sentado, Mandy, agora, conversava bem agitada com Dara, que tinha um pequeno sorriso e olhos brilhantes, e Guizo estava virando uma garrafa. Confesso que ri daquela cena, as bochechas inchadas de álcool, gotas do líquido transparente escorrendo até sumir em sua blusa enquanto levantava a garrafa em minha direção, claramente me oferecendo um gole.

  – Você não quer um pouco? - Apesar de não ter ouvido sua voz, quase consegui sentir o gosto de frutas vermelhas que ela me passa.

  – De jeito nenhum. - Respondi.

  Continuei olhando para ele, as cores seguiam pulsando melodiosamente, mas dessa vez brincavam ao redor de todo o corpo de Guizo, contrastando perfeitamente como uma obra de arte. Não havia maneira de não me encantar pelo que via, meu coração bateu forte. E de repente só a letra daquela música ressoava em minha mente...

  "...Está tudo muito confuso

  É tarde demais

  Mas ir fundo é tudo o que eu faço, querida..."

Não sei o que está acontecendo, droga. Como eu queria que não fosse o maldito gargalo da garrafa a tocar os lábios do garoto a minha frente. Meu corpo esquentava cada vez mais, minha boca formigava enquanto imaginava tocar a boca de Guizo. Puta merda, eu quero tocar nele inteiro.

"...Vai devagar..."

  Não queria ir devagar, quero pegá-lo, tocá-lo, sentir na ponta de língua cada parte de seu corpo. Estava difícil me controlar, a ponto de querer atacar ele aqui mesmo, na frente de todo mundo, céus, essa vontade estava me consumindo, mas sei que Guizo não iria querer isso, e eu nunca o forçaria. Tenho quase certeza que ele nunca imaginaria algo assim com um garoto, ainda mais comigo, seu melhor amigo.

Slow DownOnde histórias criam vida. Descubra agora