She looks like Lexie Liu

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- FILHAA, JURO, HJ ESTAMOS FERRADAS

Em plena sexta-feira de manhã, mamãe me balançava tentando me despertar.

- Bom diaaa, o que aconteceu?! - digo com uma voz um pouco assustada e muito rouca.

- SÃO 10 HORAS DA MANHAAAÃ, ! - exclama minha mãe indo em direção ao quarto dela com uma escova e um elástico de cabelo na mão e voltando para arrumar seu cabelo em frente ao espelho grande do meu quarto - você vai perder aula hoje. Meu despertador não tocou na hora certa... Enfim, você vem comigo pro escritório.

- Aah, quee peena, odeio faltar aula - ironizo e dou uma risadinha - certo, fico pronta em 10 minutos.

- Engraçadinha você, heim mocinha - ela nega com a cabeça e finaliza um rabo de cavalo prático, e em seguida pega sua bolsinha de maquiagem.

Me direciono até o banheiro, lavo o rosto, escovo os dentes e arrumo o meu cabelo castanho em um coque baixo. Finalizo com um perfume - para amenizar o fato de eu não ter tempo de tomar banho - e volto ao quarto para trocar de roupa.

Optei por uma calça jeans preta, blusa básica branca e coturnos. Minha mãe também finaliza seu look e aparece em minha frente com uma calça de alfaiataria cinza, camisa branca e saltos altos.

- Você ta linda, Mamãe. - ela sorri e faz um sinal, me chamando para irmos logo. Pego minha bolsa e sigo ela até a garagem. [...]

A empresa que minha mãe trabalha é muito bonita, com uma area para a socialização dos funcionarios, uma cafeteria e, três escritórios grandes organizados por setores.

Cumprimentamos todo mundo antes de qualquer coisa. Depois disso, desejo um bom trabalho para a Mamãe - que chegou correndo e se desculpando no escritório da contabilidade - vou até a sala de socialização e me sento em um dos puffs disponíveis, conecto meu fone no celular e dou play em "Antifragile" do Le Sserafim, fechei meus olhos e apreciei a música animada, esperando o tempo passar.

Em determinado momento, comecei a pensar sobre a minha vida e cheguei ao tópico amor. Estava pensando no meu "tipo ideal" e nas histórias que eu costumo ler. Imagino tanto que vou ter uma esposa que goste muito de carinho, seja bonita, pense como eu e, que acima de tudo, me ame intensamente, assim como eu a amarei.

Ok, isso foi muita boiolice. Pelo ou menos eu fui interrompida, porque a vibe das músicas anteriores foi brutalmente cortada por outra, "help_urself" do Ezekiel. Não tenho nem palavras pra descrever esses momentos à sós comigo mesma ouvindo músicas de fone. Acho que todo mundo gosta. [...]

- Oii, Mari, você está tão grande! Tudo bem? - diz uma mulher alta, de cabelos grandes e ondulados.

- Nathaly? Quanto tempo. Acho que não nos vemos pessoalmente desde o seu casamento!!! - Me levanto do puff, e a abraço.

- Pois é, menina, eu acabei me afastando mais do que deveria dos meus amigos aqui no Brasil depois de me mudar para Portugal. Eu tenho uma agenda muito cheia...

- Entendo, acompanho tudo no seu instagram. Estou feliz demais em te ver. Você está aqui para fazer negócios, ou veio só para visitar? E a Jane?

- Vim pra cá pra ver a família e os amigos mesmo, só que foi tudo bem rápido, então aproveitei pra chegar assim, de surpresa - Nathaly dá uma risadinha e se senta em um puff, me convidando para sentar ao seu lado. - Jane quer ficar aqui, com o pai dela. Aliás, até hoje você não tem o número dela? Vocês têm a mesma idade, acho que seria bom vocês serem amigas.

- Por mim tudo bem! A senhorita Lana vai amar te ver hoje. Ela sai para almoçar daqui à meia hora mais ou menos.

- simm, estou super animada pra ver sua mãe. Vamos almoçar em um lugar incrível, nós três e a Jane, que vem daqui a pouco.

- Aaah, que máximo!

Nós continuamos a conversar, comentar sobre as novidades e rir. Nathaly é uma amiga de longa data dos meus pais, nunca foi tão próxima, mas sempre muito querida por nós, muito sábia e compreensiva.

Há cinco anos, ela se casou e se mudou para Portugal, lá abriu seu empreendimento, uma marca de peças de carro. Sua empresa ficou bem sucedida a partir de dois anos de mercado e hoje é uma das mais bem situadas no mercado mundial. Carlos, seu marido, era dono de um mercadinho, mas deixou seu cargo de lado para apoiar sua esposa. A vida deles é toda compartilhada nas redes sociais, as postagens diárias em suas redes ajudam muito no marketing da empresa, já que todos querem ver a rotina de uma empreendedora milhonária e sua família.

Jane, sua primogênita de 15 anos - fruto de um namoro muito importante para a vida de Nathaly, da época da faculdade - é mais reservada, não gosta de aparecer para tantas pessoas on-line. Eu tinha contato com ela quando era muito pequena.

[...]

- E foi isso! Acho que não dou certo com ninguém, Nathy.

- Não diga isso Lana, você é uma das mulheres mais fodas que eu conheço, não é pra ficar se rebaixando por homem não. - diz Nathaly, que dá um gole em seu vinho em seguida. - Sabe, eu pensava a mesma coisa. Na verdade, Carlos sempre esteve por perto, eu que não dei abertura por um bom tempo, mas em um momento eu o conheci melhor e hoje ele é o amor da minha vida. Devemos nos permitir ter experiências. Como vamos saber se não tentarmos?

- Espero que aconteça o mesmo comigo, amiga. Me sinto tão só nessa questão. Aliás, você se resolveu com aquela secretaria?

As duas mulheres conversavam bastante. Por mais que elas sempre mantêm contato on-line, um papo pessoalmente é muito melhor.

Enquanto isso, eu estava surtando. Jane estava na minha frente, tentando não fazer contato visual comigo e eu esperando o melhor momento para começar uma conversa com ela.

Ela é uma garota alta, magra, de cabelos negros e descendencia chinesa. Parece a Lexie Liu.

Gostosa.

Dei algumas garfadas no knocci que eu havia pedido e tomei coragem para falar com ela, que estava comendo silenciosamente, assim como eu.

- Como você tá, Jane? Sua mãe me contou que você vai vir morar aqui. Está animada? - ela levanta o seu olhar e dá um gole em sua limonada.

- Por que você quer saber? - ela se aproxima de mim.

- Talvez a gente possa ser amigas.. enfim.

- Talvez. Eu vou morar com o meu pai sim, já tenho até alguns contatos por aqui.

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