POV REBECCA
- Então ela voltou mesmo??? Como isso aconteceu??? - Nam me pergunta servindo e me entregando uma taça de vinho. Estava muito nervosa, mas não tanto quanto eu.
Conto tudo a ela, sobre as imagens de Samanun no aeroporto, sobre o caso ao qual ela pode estar envolvida. E agora com essa mensagem dela, suponho que voltará de fato à minha vida. Dou um gole de vinho enquanto observo Nam simplesmente virar sua taça, engolindo todo o líquido bruscamente e dizendo:
- Rebecca, você precisa prender ela, eu sei, mas precisa também resolver outras pendências nesse caso! Você sabe que tem sentimentos por ela! Isso não é normal!
- Qual é, Nam! Pare com isso! Não retorne com esse assunto também! Essa mulher é uma criminosa, meu único sentimento por ela é frustração por não tê-la prendido! - Saio andando enquanto tento responder a mensagem de Samanun no meu celular, sem sucesso, como eu previa.
Dois anos atrás, foi assim que ela começou a entrar em contato comigo. De números diferentes, e no momento que escolhia. Depois do contato o número era cancelado e ela sumia, irrastreável. Considero que um dos meus maiores erros foi ter exposto as mensagens ao meu chefe, August. Foi depois disso ela reduziu sua comunicação comigo, e a perdemos de vista, abrindo espaço para que ela cometesse mais crimes.
Basicamente o que Samanun fazia era enganar gente rica e poderosa. Ela forjava negócios com estes (principalmente) homens, os induzia ao erro e sumia com a grana deles aos milhões. No começo, ela usava outras pessoas para cometerem os estelionatos, mas percebi durante as investigações, que se tratavam de peixes pequenos, e que tinham um líder. Pistas foram me levando a ela, que depois de descoberta, já estava longe de casa. Samanun passou meses me provocando enquanto continuava seus planos criminosos. Me atiçava com mensagens, com cartas, com fotos. Tentava me distrair para não ser pega, por isso, fingi entrar no joguinho dela.
Aos poucos, fui acumulando informações sobre sua vida, mas nunca consegui explicar os motivos que a tornaram uma das maiores estelionatárias do mundo. Ela tinha sido adotada por uma família rica, nunca havia lhe faltado nada, muito pelo contrário, cresceu em meio ao luxo. Sua mãe adotiva faleceu quando Samanun ainda era adolescente, o pai, quando ela já administrava os bens da família junto a ele. Ela havia herdado o império Anuntrakul, e era filha única. Escolheu o caminho do crime, quis acumular uma riqueza suja, que nem sequer seria capaz de gastar durante toda a vida. E continuava roubando, mais e mais.
A questão é que não conseguir explicar seus motivos acabou me deixando obcecada mesmo. Eu voltei minha vida toda ao objetivo de encontrá-la. E foi assim que Nam veio com essa história de que me apaixonei pela personagem principal do meu caso. Durante as investigações, Nam havia percebido mudanças em meu comportamento, e o meu afastamento de tudo que não fosse relacionado a Samanun a levou a me alertar sobre isso. Por um tempo, eu havia escondido os passos da investigação da minha amiga, como uma boa investigadora faz, mas houve um momento em que precisei conversar. Para ela, minha obsessão por Samanun tinha começado quando meu interesse e determinação haviam se transformado em paixão. Nam nunca desistiu dessa ideia. E o único sentimento que eu consigo identificar até hoje tem nome: ódio. Sei o quanto Samanun é sedutora e que já se relacionou com muitas mulheres, inclusive para roubá-las. Conseguia facilmente, por ser dona de uma beleza desconcertante a qual eu havia presenciado de perto e lembrava muito bem.
Ao me ver pensativa, Nam tirou a taça de vinho das minhas mãos e me abraçou.
- Não vou deixar você ficar maluca de novo, Becca. - disse ela. - Eu estou com você, para o que precisar... Dessa vez você prende ela.
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Tão perto
FanfictionCompletaram-se dois anos desde que a investigadora criminal Rebecca Armstrong teve notícias sobre a peça principal do seu mais significativo e complexo caso: Samanum Anuntrakul. Sob o pseudônimo de "Sam", essa mulher havia cometido inúmeros crimes d...