me faça uma boa garota[PAUSADO]

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Angeline

Noutro dia fomos solicitados no auditório,a diretora daria um aviso ou algo assim.Minha vida monótona como sempre,brigas em casa e minha cabeça sendo corroída pelos estudos.

Procurei me sentar onde estava menos amontoado,observei quantos alunos tinha naquele colégio,muitos.Os professores também estavam presentes nessa tal "reunião",oque me surpreendeu foi Matheo sentado ao lado de uma moça loira,pelo que me recordo, não seria professora.

Eles conversavam,ela demonstrava estar animada,ele como sempre estava neutro.Apesar de ser gente boa e amigável,sempre estava sério.

Eu gostava disso.

—Boa tarde pessoal,desculpe atrapalhar as aulas de vocês—a voz irritante da diretora ecoava pelo microfone.

—Venho anunciar um evento novo para vocês,na próxima semana faremos uma viagem,iremos acampar—sempre fui muito animada para este tipo de coisa,adorei a ideia.

—Serão três dias,quinta,sexta e sábado,estaremos enviando o termo de responsabilidade para os pais de vocês.

—Lembrando que metade da nota bimestral vai ser adquirido nesse acampamento,então se não comparecerem,estão cientes.

A diretora encerrou seu discurso e passou a fala para o corpo docente,que dizia várias coisas que eu na real?Eu não ligava.

—Que merda de escola é essa?Ir suar fazendo trilha pra ganhar nota.Que inferno!—Anny reclamava na cadeira ao lado.

—Talvez seja legal Anny,pensa pelo lado bom—tentei amenizar a situação,Anny era uma menina que reclamava muito.

—Se tiver parte legal,vai ser invadir a barraca do professor de física no meio da noite—me encarou maliciosa.

—Até parece—me levantei e caminhei até a saída do auditório.

Pensar que talvez Matheo já tinha olhado com outros olhos para Anny ou qualquer garota do colégio,me causava certo desconforto.

Não desconforto de ciúmes,sim de saber que eu não era tão única assim.

De repente meu dia já não estava tão bonito assim,o clima não me favorecia,parecia que tudo tinha perdido a graça.

E eu quero muito acreditar que não seja pelas falas de Anny.

Eu sempre fui extremamente certinha,se eu matasse aula uma vez só creio que não daria nada.

Qual seria o melhor lugar?Quadra,biblioteca...Hum,banheiro dos professores!

Não iria ficar lá todas as aulas,seria só até meu humor se estabilizar.

O espaço não era muito grande,duas cabines e a pia.Quase nenhum professor frequentava esse banheiro,normalmente eles preferiam o central por ser mais perto das salas.

Em torno de mais ou menos trinta minutos,ouvi a porta sendo aberta e a voz ecoando pelo espaço.Aparentemente conversando no telefone.

—Eu quero uma explicação,acha que nasci ontem porra?—a pessoa bradava alto,claramente com raiva.

—Eu não quero saber oque você está passando,quero saber de onde surgiu aquela merda—parecia...a voz do Senhor Ford,com quem ele tanto discutia?

—Em casa conversamos,se já sabe que não vai ter uma explicação,pega suas coisas e some antes que eu chegue—ficaram alguns segundos de silêncio.

Ouvi a água da pia escorrendo e suspiros altos.Resolvi dar uma espiadinha,abri uma frestinha da porta da cabine.

Matheo estava lá,apoiado no mármore da pia com o rosto vermelho,provavelmente causado pela raiva.
Ele abaixava a cabeça suspirava,fechando os olhos.Talvez ele estivesse passando por uma fase difícil.

Eu só não esperava o encontrar com os olhos vidrados no meu,mesmo que pela frestinha da porta...

Fodeu...!

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