Capítulo único - Não se preocupe, eu te amo!

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Se esgueirando na janela transparente da porta de madeira, Kim Jiwoong tomou todo o cuidado necessário para que não fosse visto pelo culpado por suas habilidades de invisibilidade estarem alcançando o ponto máximo de perfeição em camuflagem. Algo que ele jamais se imaginava fazer, mas que havia se tornado tão comum em seu dia a dia que ele não poderia se importar menos com a sua conduta.

De toda forma, a culpa não era inteiramente sua.

Observando Zhang Hao novamente sozinho na sala de treinamento, os olhos de Kim Jiwoong instantaneamente pousaram na presença do musicista que ajeitava o seu querido e inseparável violino que, diferente de todos os outros três pendurados na parede do dormitório, continha seu desigual preto cintilante. Uma cor nada simples para um instrumento normalmente marrom, mas que havia conseguido combinar de forma tão magnífica com o seu proprietário que se tornava impossível não se lembrar de suas pupilas ao ver aquele tom tão escuro e brilhante refletindo no instrumento polido.

Logo, Kim Jiwoong suspirou.

A visão pacífica a sua frente fez o seu olhar se tornar ainda mais sereno e admirado, pois, inevitavelmente, tudo ao redor do musicista emanava a mais completa paz. Desde os dedos que apertavam o arco firme em sua mão ao tocar notas curtas para o afinamento da melodia, até a extrema concentração focada na música; ainda sim, era possível sentir a dedicação para a sua próxima apresentação.

Eventualmente, os olhos se fecham.

Inerte com o som escapando da sala vazia, Kim Jiwoong aproveitou o som angelical que o musicista lhe oferecia em segredo, emergindo na balada do violino que parecia seduzi-lo com suas notas arrastadas enquanto as mãos se apoiavam aos poucos contra a porta... Até ela se abrir e o corpo ir de encontro ao chão.

A delicada melodia rapidamente se encerrou.

Mantendo a cabeça voltada para o chão, Kim Jiwoong se xingou em dois idiomas diferentes, se amaldiçoando pela estupidez nata que só um idiota apaixonado poderia oferecer.

Coçando a testa, Jiwoong arfou contra o chão.

—... Kim Jiwoong, você está bem? — A voz baixa de Zhang Hao penetrou em seus ouvidos, obrigando o mais alto a balançar a cabeça, negando. — Você se machucou? — Identificando um certo tom de preocupação, o dedo indicador foi levantado como uma simbologia a bandeira branca que sempre era erguida num filme histórico em nome da misericórdia.

Uma misericórdia que ele mais necessitava naquele momento.

— Por favor, me deixa fingir desmaio. — Kim Jiwoong pediu choramingando. Depois, ele bufou. — Zhang Hao, a culpa é sua.

— Minha?! — Ele indagou surpreso, pra em seguida, não ser capaz de conter o seu riso. — Kim Jiwoong, como isso pode ter sido minha culpa?

De repente, a cabeça se levantou do chão.

— Ei, o que aconteceu com o "amor"? — O mais alto interrogou, indignado pela falta carinhosa do adorável apelido. — Eu só fiquei fora durante o final de semana e já sou rebaixado dessa forma?

Revirando os olhos, o instrumento foi deixado em cima da mesa.

— Como eu ainda não sei se você foi fiel, a resposta será sim. — Zhang Hao respondeu sorrindo, ultrapassando o corpo estirado no chão ao fechar a porta. — Infelizmente eu tenho um namorado muito bonito e isso me deixa maluco.

Kim Jiwoong riu.

— Nem me fala! Acredita que o meu é um gênio da música e tem até um fã clube formado?! Agora imagina quando ele se tornar professor... Ah, será insuportável de aguentar! — Ele lamentou dramático, se sentando no chão enquanto observava o musicista gargalhar ao se agachar na sua frente.

Crescendo em HarmoniaOnde histórias criam vida. Descubra agora