Prólogo

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Nick foi levada por um corredor escuro, com grossas paredes de pedra, junto com mais cinco jovens. Os seis haviam sido banhados e foram vestidos em roupas caras. Em momento algum foram agredidos ou maltratados, o que fazia toda aquela situação cada vez mais estranha.

Os seis haviam conversado brevemente, todos haviam sido sequestrados enquanto voltavam para casa de alguma festa na madrugada. Agora enquanto andavam, ela imaginava mil cenários diferentes, o medo fazendo seu coração disparar.

O grupo finalmente parou diante uma grossa porta de madeira. A música eletrônica extremamente alta se fazia ouvir apesar da grossura da porta. O homem que os liderava era muito alto e muito magro, careca, a pele pálida quase fantasmagórica. Os cantos dos olhos avermelhados como se ele tivesse chorado, mas Nick duvidava que esse fosse o caso. Ele andou entre o grupo para ter certeza que estavam perfeitos uma última vez.

— Vou falar só uma vez. Nenhuma gracinha ou vão morrer antes de piscar — Sua voz deixava explícita a sua seriedade de suas palavras. — Cada um de vocês foi designado para um ancião e eles decidirão o que fazer com suas vidinhas miseráveis. No entanto, — Ele pausou e sorriu. — considerem-se sortudos por terem sido escolhidos para a cerimônia. Só selecionamos os melhores para nossos anciões.

Ao terminar de falar, o homem empurrou as portas abertas e fez sinal para que os seis entrassem enfileirados. Agora, ainda mais assustados que antes, todos obedeceram sem questionar. Ao entrarem no salão, todos pararam para olhar, a música abaixou o volume.

— Annabelle disse que não devo confiar em você! — Disse uma moça com longos e cheios cabelos louros. Os olhos verdes brilhando em diversão enquanto olhava para um homem com um moicano verde.

O homem, apenas riu e apontou o dedo para uma outra mulher, uma asiática com o cabelo raspado de um lado.

— Disse isso mesmo?

— E estou errada? — A asiática respondeu ofendida. — Você é a pessoa menos confiável que eu conheço.

Antes que ele pudesse dar uma resposta, o homem que liderava o grupo de seis jovens pigarreou e anunciou.

— Senhores anciões do Conselho Vampírico, primeiramente, em nome de todos os seus súditos, gostaria de parabenizar lady Cassandra por ter sido eleita como a mais nova anciã do Conselho. E agora, para demonstrar o quão estamos felizes, selecionamos um humano para cada um de vocês, de acordo com seus gostos particulares.

Conforme o homem caminhava entre os seis jovens, falando sobre a vida de cada um, Nick não conseguia desviar os olhos dos membros do conselho. A palavra "vampírico" se repetindo em sua mente, de novo e de novo. Seus olhos não se desviavam dos membros do conselho, especialmente de...

— E finalmente, temos essa jovenzinha aqui. Nicole Jones. Boa filha, boa aluna, nunca usa drogas, bebe apenas socialmente. Extremamente pura — O homem deu um sorriso ferino ao acariciar o ombro nu de Nick. — Exatamente como Carver gosta.

O homem do moicano verde, Carver, sorriu e se levantou. Foi então que Nick teve uma visão clara dele. E a pior parte, ela o reconheceu.

Nicole o havia visto apenas alguns dias antes da universidade. Ele tinha ido dar uma palestra sobre escrita criativa e sua amiga, Amy a arrastara para vê-lo. Carver Ehren era o autor de uma série de livros de vampiro de bastante sucesso. Cada livro falava sobre um vampiro diferente e suas namoradinhas humanas que sempre quase morriam no final, apenas para serem transformadas em vampiras também.

Era o maior clichê que Nick leu na vida. Muitas pessoas, porém, pensavam o contrário. O sucesso era tanto que recentemente ele havia fechado um contrato com um estúdio para fazer um filme e já tinham até escolhido o elenco. Amy era obcecada por ele. O homem, na verdade, não era nada especial, não era alto, nem forte, nada atraente pelos padrões de Nick, mas ele tinha alguma coisa que a deixava incapaz de desviar os olhos.

Ele andou lentamente até onde ela estava e quando parou à sua frente, ela notou a diferença de altura deles. Carver era mais baixo que ela, mas de algum modo ela sentia que ele poderia facilmente matá-la com as próprias mãos sem nem suar. Um sorriso brotou lábios dele e ergueu a mão para tocá-la.

Um arrepio percorreu sua pele com o toque gelado da mão em seu braço. Ele apertou levemente sua carne, como se tentasse acalmá-la.

— Está tudo bem, Nicole — Ele disse suavemente para ela e, surpreendentemente, ela se acalmou. Carver então se virou para o homem que a levou até ali. — Esta é perfeita, obrigado Jasper. Bom, a noite acaba aqui pra mim. Aproveitem a festa!

— Fico feliz que tenha gostado do presente, lorde Carver — Jasper respondeu sorrindo, satisfeito pelas palavras do outro homem e se afastou, misturando-se a multidão.

— Venha Nicole. A nossa festa particular começa agora — Carver disse ao puxá-la pelo braço em direção à porta.

Nick queria poder dizer que não queria ir, mas não conseguia. E não sabia porquê não conseguia, mas já não estava mais com medo. Em silêncio, ela seguiu Carver até um elevador. A jovem não tinha certeza se estavam subindo ou descendo e ela podia sentir o olhar dele sobre si o tempo todo. Carver a observava em silêncio, encostado a parede do elevador.

Quando o elevador parou, ele fez sinal para que ela saísse primeiro e a guiou pelo corredor até enormes portas duplas de madeira. Carver as abriu com uma chave que tirou do bolso da calça e esperou que ela entrasse primeiro.

— Fique à vontade. Minha casa é sua casa — Ele anunciou ao entrar e fechar a porta atrás de si. — Aceita uma bebida?

Enquanto ele falava, Nick absorvia o lugar onde se encontrava. Era a sala de estar de um apartamento enorme e luxuoso, com enormes janelas em estilo gótico emolduradas por grossas cortinas de veludo negro. Através delas, ela conseguia ver a cidade de Los Angeles se espalhar em todas as direções.

Aquela cidade continha um grande aglomerado de pessoas completamente ignorantes do que estava acontecendo naquele lugar, naquela noite. Uma reunião de um conselho de vampiros, definitivamente, nunca passaria pela cabeça de nenhuma daquelas pessoas.

— Tome — Nick pulou ao ouvir a voz de Carver tão próxima.

Ela se virou e viu que ele estendia uma taça de vinho, enquanto tomava um gole de uísque em outro copo.

— Esse vinho é de uma ótima safra, venho guardando-o pra uma ocasião especial.

— E isso aqui é uma ocasião especial? — Nick perguntou, finalmente recobrando a voz e aceitando a taça.

— E ela fala! — Ele riu e se sentou no gigantesco sofá em frente a lareira elétrica. — Sente-se, vamos conversar um pouco.

Ele esperou que ela se sentasse, então voltou a falar.

— Sabe por que esta é uma ocasião especial? Por quê eu não vou te matar — Sua voz era tão calma que Nick quase acreditou. — E quer saber por quê?

— Por quê?

— Por que, Nicole, é chato. Simplesmente me alimentar e matar é chato. Quando você chega na minha idade, muitas coisas se tornam chatas.

— E quantos anos você tem? — Ela perguntou depois de tomar um gole do vinho.

— Novecentos e quarenta e oito — Carver respondeu e terminou o uísque de uma vez, ele demorou vários minutos antes de falar novamente. — Gostaria de ouvir minha história? 

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⏰ Última atualização: May 14, 2023 ⏰

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