A/N: fechando algumas coisas nessa história para dar um pouco de paz a essa delegada.
Não devia estar ali, isso era mais que óbvio. Sem sombra de dúvidas, ela não deveria estar fazendo aquilo.
Depois de largar Guida com a desculpa esfarrapada de que esqueceu algo no trabalho, ela se apressou a correr atrás das figuras dos dois homens que andavam juntos pela galeria.
Manteve uma distância segura buscando não ser vista. Fernando a reconheceria de pronto, portanto, não podia deixar que sua presença fosse percebida.
Os homens subiram as escadas que davam para as salas comerciais em um falatório incessante, tornando fácil para ela segui-los ao andar correto. Ao cruzarem o longo corredor, adentraram uma das salas, cuja porta de entrada estava e permaneceu aberta.
O adesivo na porta informava que aquele era um escritório de advocacia. Assim que se aproximou, ela pode ver as iniciais 'P & M', mas nenhuma legenda para aquelas abreviações. Na recepção, não havia ninguém, apenas uma mesa vazia, que provavelmente era ocupada por uma secretária que já não estava mais em horário de expediente.
Ao lado da recepção, se esticava um pequeno corredor com três portas pelo que podia enxergar de sua posição. Seus instintos gritaram para que ela retrocedesse, aquele era um terreno perigoso e as chances da aventura dar errado eram imensas, mas aquela também era sua única chance.
Da porta entreaberta, saía uma forte luz laranja, provinda das luminárias cafonas que adornavam todo o escritório. A decoração exagerada, que buscava ser chique, tinha o efeito contrário, fazendo as paredes falsas de madeira serem finas o suficiente para que ela escutasse a conversa com perfeição.
"Você só trás dor de cabeça, cara!" Uma voz que desconhecia esbravejou. "E ainda trás esse maluco até aqui? Essa conta tá saindo muito cara, Fernando!" A voz tinha forte rouquidão, muito provavelmente quem falava era um fumante de longa data.
"Mas e todo lucro que eu já dei pra empresa? Vocês não pensam nisso não, né mano? Agora que eu tô precisando de ajuda vocês vão soltar a mão?" Fernando parecia à beira de um ataque de pânico, a voz tremendo não lhe dava credibilidade.
"Desde que o chefe assumiu o gabinete, de você vem 30, quase 40, até onde eu fico sabendo. Teve algumas coisas fora dessa margem, aquele lance especial do advogado, etc," disse um outro participante que ela não reconhecia. "Mas a margem ainda é pouca."
"Quando ele fala que não é da conta dele, é por conta dos empreiteiros da Mainserv que você deixou ir de ralo. É isso que ele quer dizer." A primeira voz desconhecida voltou a dizer.
"Porra, a gente ainda tá falando disso? Esse lance da Mainserv foi há anos atrás. Ele vai falar que é punição nossa, minha? É isso?" Fernando se justifica.
"Cara, se liga! Esse teu irmão é maluco, psicopata, biruta. Você acha que o chefe de gabinete vai querer alguma conexão com esse caso? Isso é suicídio político! É trabalho seu controlar essa peste!" Helô não via, mas podia ouvir a comoção de cadeiras sendo arrastada e mãos batendo na mesa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
evermore (steloisa)
RomanceHelô e Stenio se conheceram na faculdade e se envolveram numa explosão de sentimentos, mas a imaturidade e o medo fez a relação acabar da pior maneira possível. Quando se reencontram anos depois, muitas coisas escondidas pelo tempo, virão a tona. S...