"Deixar Nova Iorque e retornar para Seul após se formar na faculdade não estava nos planos de Hyeon, mas uma comemoração familiar a levou de volta para sua cidade natal. A tão esperava volta para casa acabou se tornando uma tragédia quando ela sofre...
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— Olá, senhor Adam Lee — Não, eu estou soando como uma idiota! — Bom dia, sr. Lee, eu sou Hyeon... sua nova assistente — É, como se ele já não soubesse disso. — Oi, Adam... sou eu, Park Hyeon... — Patético! Como se ele fosse se lembrar de mim!
Encarei a minha imagem no espelho, analisando se o conjunto que eu tinha escolhido para aquele primeiro dia estava bom. Eu estava bonita. A maquiagem perfeita... o suficiente para esconder as minhas olheiras. Um pouco de blush nas minhas bochechas não parecia fazer mal, afinal, sem aquilo, eu parecia um pouco doente, além do meu guerreiro lip-tint que me ajudava a dar uma corzinha em meus lábios.
Apresentável. Eu deveria dizer isso? Eu poderia fazer melhor, mas estava nervosa demais. Respirei fundo e tentei, mais uma vez, ensaiar a minha apresentação.
— Adam Lee — repeti aquele nome novamente, pela quarta vez no meu dia, e suspirei. — Por que você parece tão importante quando sequer sei quem você é? — O reflexo não me respondeu à pergunta. Nem a pobre garota refletida ali poderia me responder aquilo.
Fiz um biquinho, e ela me copiou. Suspirei e me afastei do espelho. Eu chegaria atrasada no primeiro dia de trabalho, e isso era inaceitável. Ao menos foi o que minha antecessora disse no meu treinamento.
Sendo realista, eu não precisava daquele emprego. Se chegasse atrasada e fosse demitida por conta do humor do meu novo chefe, não seria nada demais para mim. Mas eu definitivamente precisava estar lá! Por uma questão totalmente egoísta e curiosa. Minha decisão ia na contramão de tudo o que meus pais desejavam, eles não entendiam os meus motivos. Eu também não, mas precisava fazê-lo. precisava fazer aquilo.
Peguei minhas coisas e saí de casa. Ao menos do meu antigo apartamento eu me lembrava. Sorte a minha que meus pais não colocaram o imóvel à venda nos últimos cinco anos, ou eu não teria para onde escapar.
A avenida familiar, o barulho do trânsito e o cheiro de uma manhã cinzenta em Manhattan preencheram meu nariz assim que sai de casa. Ainda era inverno e um pouco de neve se acumulava no chão.Fevereiro talvez fosse o pior mês do inverno. Tudo era frio, cinzento e úmido. Não que eu não gostasse, mas o inverno me lembrava de como eu me senti quando acordei em uma manhã sem me lembrar de nada, após um fatídico acidente de carro, sem me lembrar de nada da minha vida nos últimos três anos da faculdade.
Isso aconteceu há cinco anos.
O começo foi assustador, sombrio e irritante. Toda a atenção estava voltada para mim e foi a primeira vez que vi meus pais realmente preocupados comigo. A preocupação, porém, não durou muitos meses. Eu tive sorte que meu irmão mais novo, Jin, ficou ao meu lado durante todo o processo de recuperação.
Quase cinco anos se passaram desde aquela noite, e eu sequer me lembrava do que aconteceu. Dizem que algumas noites, sua vida pode mudar para sempre. A minha mudou de uma forma que eu não sabia quem era e o que fiz. Não lembrar era pior do que a cicatriz que permaneceu na minha perna esquerda. Era doloroso e obscuro, como se eu estivesse vivendo um ciclo constante, sob uma tempestade que nunca passaria.
