Reki imaginava apenas como estava aquela situação pelos olhos da mãe. O pai ainda segurava com força seu braço e mantinha a expressão irritada no rosto, mesmo diante da inesperada plateia. A avó e as irmãs que estavam logo atrás de Masae, também não compreendiam o que estava acontecendo, apesar de Reki notar de imediato o olhar assustado das gêmeas.
Daichi também deve ter percebido a expressão de terror das filhas, por isso soltou o aperto no braço de Reki, mas além disso, não falou mais nada.
Aquele momento já era um indício muito sério para Masae, então sem tirar os olhos dos dois, se dirigiu a avó.
— Mãe, leve as meninas para o quarto e fiquem lá até eu entender o que há com esses dois.
A mais velha assentiu. Koyomi, parecendo superar o susto inicial, tentou acalmar Nanaka e Chihiro.
— Vamos assistir o DVD que ganhamos para passar o tempo — e mesmo tendo uma expressão de medo e dúvida em seus rostinhos, as gêmeas saíram da sala de mãos dadas com Koyomi e a avó logo atrás.
Apenas quando ouviu a porta do quarto se fechar, que Masae tornou a falar em um tom de voz calmo, mas muito sério.
— Eu volto das compras e encontro meu marido discutindo com meu filho mais velho, coisa que nunca ocorreu nessa família. Quero saber o que está acontecendo agora. Só não decidi ainda quem será o primeiro a se explicar.
Isso era uma declaração óbvia de que a matriarca não iria tolerar nenhum tipo de confusão na sua presença. Então nenhum dos dois disse nada, Reki por conta do que havia acabado de passar com o pai, não conseguia erguer o olhar. Ele não aguentaria qualquer tipo de reprovação da mãe nesse sentido.
No fundo, talvez ele já esperasse a forma que o pai agiu, e por isso, mesmo com tudo o que estava acontecendo, seu coração não doía tanto agora que a surpresa havia passado, só que ele não saberia o que faria se a mãe também não o aceitasse.
Como o pai estava sempre trabalhando, Masae é que foi a grande responsável por cuidar da casa e dos filhos, então, não era muita surpresa que Reki tivesse mais proximidade com a mãe. Por isso, agora ele temia os próximos momentos.
Masae ainda analisava os dois, como se estivesse procurando pistas do que poderia ter gerado tudo aquilo. O que fez o silêncio se prolongar por mais tempo.
Quando Reki pensou que tinha conseguido juntar a coragem necessária para falar, a voz irada de Daichi tornou a preencher o ambiente, só que em um volume mais baixo.
— Masae, você por acaso tem ideia do que seu filho está fazendo com a própria vida?!
Reki ficou em pânico. Mesmo não sabendo ao certo como iria contar, com certeza não era daquela forma, muito menos que fosse o pai a dizer. O ruivo fechou os olhos com força, como se assim conseguisse fugir daquele momento, até que ouviu a voz da mãe.
— Eu sou mãe, Daichi, e como mãe posso não saber tudo, mas tenho ideia do que qualquer um dos meus filhos está fazendo. Por isso, antes de mais nada, quero ouvir primeiro de Reki o porquê dessa discussão. Aí depois será a sua vez de falar, Daichi.
De alguma forma, Reki tinha conseguido uma chance quando tudo parecia perdido, ele precisava aproveitar, mesmo diante do olhar de repreensão do pai. Não queria que a mãe o visse de forma diferente.
Reki juntou fôlego para falar algo, mas a cada tentativa ele perdia coragem. Tinha tanto medo de ser tratado com o mesmo desgosto que foi tratado pelo pai há menos de poucos minutos...
— Mãe... eu quero te contar que eu... eu... eu e Langa, nós... a gente está junto — foi mil vezes mais difícil dessa vez, por conta da tensão que sentia. — Eu gosto de Langa e faz algum tempo que estamos... juntos.
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Um Conto de Fadas Radical
FanfictionReki Kyan e Langa Hasegawa estavam no último ano do ensino médio. A amizade dos dois estava mais forte do que nunca. Dividindo o tempo entre a escola, trabalhar na Dope Sketch, andar de skate e competir no S, os dois parecem estar sempre juntos, apr...