Prólogo

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Calum Hood

You don't go to parties

O relógio apita bem no meu ouvido, esse negócio é um inferno. Anos morando aqui e ninguém sabe como deligar essa merda. Impressionante o som conseguir incomodar até por cima da música abafada que sabe-se lá quem colocou pra tocar.

Cinco horas da manhã, o visor mostra.

Todo mundo que conheço continua está espalhado pela sala. Minha visão continua rodando, meus pensamentos estão mais confusos do que nunca, e ainda estou agarrado ao meu sofá, sozinho.

Me levanto num embalo tonto e por pouco consigo firmar os pés no tapete, que deve estar imundo agora. Pego minha garrafa de cerveja na mesinha e termino ela em uma golada só, me preparando para girar a casa toda pela milésima vez.

Nem sei mais porque olho. Quem diabos estou procurando, se esse é o último lugar onde ela estaria?

Mas... talvez hoje seja diferente. Talvez algo seja diferente agora.

Vejo um vulto de cabelos castanhos quando olho ao redor, e nada em mim funciona direito, então a esperança inflama como uma chama no meu peito. Sigo a garota em seu caminho, saindo pela porta da frente aos tropeços atrás dela. Por que anda tão rápido? Está com um vestido vermelho e botas altas. Plausível. Ela joga os cabelos escuros para trás quando para perto de outras pessoas, o movimento não é familiar, mas não penso nisso.

Avanço como um homem enfeitiçado, sem se quer perceber com quem ela está falando. Toco seu ombro para chamar sua atenção, mas a altura também não está certa.

Nada está certo.

Ah é, isso já faz anos.

–Hood! –a voz de um dos meus colegas sai antes da minha, porque eu não tenho nada a dizer -Já conhece a Kimberly?

Kimberly.

–Infelizmente, ainda não. –a garota morena responde. Sua voz soa errada, seu rosto está errado e o nome não é esse. –Um prazer finalmente conhecer você, Calum.

–Oi. –é o que consigo responder.

–E ai? -ela sorri, esperando alguma coisa.

Merda, ainda estou segurando seu ombro como se alguma coisa ali me pertencesse.

–Desculpa. Com licença. –murmuro de novo, dando as costas o mais rápido possível.

–Isso foi tão charmoso. –Ryan me segue, deixando a garota para trás.

Uma garota qualquer.

–Cala a boca.

–Pensei que ela fizesse seu tipo.

Não respondo, e ele entende como uma deixa pra continuar.

–Saquei, você já está chapado demais pra isso. –ele comenta – Curtir as festas é demais, cara. Mas o que te falta são as mulheres, dá pra notar. Já te falamos tantas vezes, não sei porque você é tão-

Deixo que ele continue falando, mas não ouço mais nada.

Ainda estou no escuro, de volta ao começo. As sombras no jardim e o dia que está amanhecendo. A penumbra do raiar do sol sempre me prende na nostalgia eterna que minha vida se tornou.

Um livro de arrependimentos.

–Evelyn ainda quer seu número, eu vou passar. – meu amigo ainda está falando, mas o que me chama não é essa baboseira, é ver que acabou de ascender um cigarro. –Você precisa mesmo de uma t-

You don't go to parties - Calum HoodOnde histórias criam vida. Descubra agora