Arthur estava abundantemente ansioso. Já fazia certo tempo que ele estava se progamando para tocar no suvaco seco depois de muito tempo inativo, era um turbilhão de sentimentos inexplicáveis. Ao mesmo tempo que faz-se um fraqueza em seu interior, também encontra-se uma adrenalina correndo por suas veias. Permanecia mais afortunado do que nunca.
Porém, nada era tão fácil como ele idealizou. Agatha deu a ideia dele cantarolar uma música dedicada para Dante. Arthur incessantemente contava para Agatha o quanto fascinava o ocultista, no decorrer de tantos elogios sem fundo, a menina perfez as suas reações ao comentar de Dante.
Arthur cogitava uma forma inovada de demonstrar o que ele sentia pelo loiro, fez questão de trabalhar nisso por muito tempo, e o apoio emocional que Agatha estava oferecendo a ele era essencial.
Após bastante tempo de conversa, múltiplas ideias malucas sendo contornadas com delicadeza, até se instruir o ponto principal. Ele iria cantar uma música especial para Dante, no eixo de todos daquela festa.
Era óbvio que achava-se nervoso, apreensivo com a ideia de que o ocultista não gostasse, desprezasse ele ou até que o odiasse. Mas sendo sincero consigo mesmo naquelas conversas íntimas que tinha com a sua amiga, conquistou perder boa parte do medo.
Trabalharam duro, ensaiando a música em um número incontavelmente de vezes. Arthur demorou pra se adaptar em tocar com um braço, mas deu o seu melhor em troca de uma melodia. Segundo a Volkomen, estava extraordinário, e Dante com toda a certeza do mundo iria adorar ouvir aquilo. Seguindo os compassos, chegou o grande dia.
Estavam todos no grandioso cômodo. Variados adultos metaleiros no qual Arthur tinha algum tipo de relação de amizade, vários agentes da ordem e amigos, estavam todos lá. Mas o principal, era Dante. Ele estava lá, ansioso para que o show começasse e ele pudesse ouvir o Cervero tocar. Arthur se encontrava no outro lado do palco, estava a beira de um colapso nervoso. Pareciam que todas as notas tinham sumido da sua cabeça, e agora só restava uma agonia extrema, e culpa.
— Fica na boa, tutu. O Dante veio aqui só pra te ouvir, você vai lá e mandar um showzasso do caralho! — Falou a jovem, com animação enquanto batia no ombro do moreno.
— Mas, e se eu errar? Se ele não gostar? Eu.. eu não sei o que fazer. — O tom de tristeza era presente em sua voz, os olhos estavam procurando algo para focar na grande cortina vermelha que seria aberta em breve.
— Confia em mim, Arthur. Você é o melhor músico que eu já vi na minha vida. Você vai ir lá e arrasar, porra. — Ela abraçou o garoto com força, Agatha não era muito acostumada com aquele toque então logo se distanciou, um pouco envergonhada.
— Agathinha.. Você é a melhor amiga do mundo! Muito muito obrigado. — Falou, com a sua animação de sempre.
Botou a guitarra no seu torço, virada para onde deveria. Destarte, em frente ao maior medo da sua vida. Virou para trás, e avistou Agatha dando um joinha para ele. Ele riu com a cena, poderia tirar uma foto daquela cena se estivesse com uma câmera em mãos. Se virou pra frente, inalando o ar e soltando lentamente, deu o seu melhor sorriso e entrou em palco.
Avistou todos, mas se focou nas pequenas partes. Fernando e Erin estavam nas cadeiras da frente, pareciam mais animados do que todos ali, ansiosos para verem Arthur em ação. Kaiser e Joui, estavam logo atrás, com o ar calmo de sempre, e tinha algo incomum naquele olhar, pareciam estar orgulhosos. Viu Agatha entrando na sala com rapidez, se sentando ao lado de Erin com um sorriso enorme no rosto. Várias outras pessoas estavam rindo para ele, bebendo e se divertindo; não pode deixar de se lembrar das noites do 'antigo suvaco seco, onde nada disso ainda tinha acontecido.
Enquanto olhava, ele notou, no outro lado do cômodo, escorado na parede com um sorriso orgulhoso no rosto, o Senhor Veríssimo. Assim que viu o seu superior, ele teve a certeza que estava fazendo a coisa certa. Se sentou no banquinho, e puxou o microfone a sua altura.
— Eu agradeço a todos vocês por estarem aqui. Vocês são muito mais do que apenas uma platéia, vocês são a minha família. — Sorriu de orelha a orelha, e em seguida ajeitou a sua postura para iniciar a cantoria.
Viu todos aplaudindo, deixou a palheta entre os dedos e tocou a primeira nota. De aí em diante, Arthur deu o melhor show que já foi visto em sua vida. Joui e Kaiser foram os únicos que já haviam presenciado um dos shows de Arthur, ele era muito bom, é claro, mas tinha algo diferente, Arthur Cervero era extraordinário. O melhor músico que todos já haviam visto. Mesmo naquelas condições, depois de ser tão surrado e torturado pela vida, continuava em pé fazendo o seu melhor e ajudando todos. Ele transformava a sua dor em arte com tanta facilidade, expressando tudo que queria através das suas músicas, que aos olhos de uma pessoa normal, seriam apenas alguns versos, e não uma história. A história do destemido Arthur Cervero, o herói de muita gente. ( e o meu herói.)
Já estava no final do show, Arthur tinha feito uma performance . Todos estavam vibrando em sintonia com a música. Quando, finalmente, o momento chegou. Arthur não estava mais com medo, ele tinha certeza do que fazer e como fazer, e se desse errado, não seria o fim do mundo. Suspirou pesadamente, e aproximou mais uma vez o microfone da sua boca.
— Já estava quase no fim pessoal — Todos fizeram um barulho de desânimo, algumas conversas de fundo se calaram quando Arthur tomou posse da voz. — Mas, antes de qualquer coisa, eu queria avisar que essa última música é diferente. Não é qualquer música. Eu decidi cantar ela hoje por que ela me lembra demais alguém que está aqui hoje, e essa pessoa é muito importante pra mim. — Ele riu, balançando a cabeça com as bochechas avermelhadas. Focou em olhar para Dante, deixando bem claro quem era a tal pessoa anonimata.
Agatha simplesmente surtou, soltou um grito animado levantando as mãos ao alto. Algumas pessoas estavam nitidamente surpreendidas, mas isso não tirou o sorriso do rosto de nenhuma delas. Os seus amigos, todos riram e fizeram sons de felicidade ao ouvirem a dedicação, todos aqueles já tinham certa ideia de que os garotos se gostavam, aquilo ficava claro toda vez que eles se olhavam e riam baixinho um para o outro. E Dante, se aproximou do palco, era nítido que ele estava envergonhado, mas mais do que tudo, algo que era anormal para o rapaz, ele estava com um sorriso enorme.
Cervero começou a cantar "Oração - A banda mais bonita da cidade", ele não errou uma nota sequer. Por mais que todas as outras músicas tivessem sido impecáveis, aquela era carregada de sentimentos bons, toda a energia do local era cheia de luz, todos estavam em uma felicidade absurda, e admitam isso.
Mas pela visão de Dante, ver aquele moreno, que já tinha passado por tanta coisa na vida, em pé naquele palco, cantando uma música especialmente para ele.. Gaspar se sentiu amado, amado de verdade. Teve a certeza que Arthur era o homem da sua vida, e admitia aquilo para todo o universo se fosse possível. Sentiu os seus olhos encherem de lágrimas, limpou com as costas da sua mão. Por mais que tentasse, não conseguia parar de sorrir, era como uma felicidade infinita. Dante sabia que Arthur era o amor da sua vida, e Arthur também estava ciente desse fato.
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Melodia - Danthur
FanfictionUma melodia, dois corações. Era a única coisa precisa para que eles soubessem que se amavam.