Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 3

Chapter 406 O desencanto dura muito mais do que o alvorecer

Capítulo 406 O desencanto dura muito mais do que o alvorecer

Mal tinha amanhecido.

Dormiu pouco e dormiu mal, acordando com dor de cabeça e sentindo-se bravo.

Havia despertado a pouco tempo sozinho em seu quarto e após cumprir sua higiene matinal de forma automática e mal humorada, esquentou um bocado de água no fogão de lenha e foi até o quarto de banho separado da residência.

Enchendo a tina de madeira pela metade, entrou para se banhar, suspirando com indiferença ao ver o sol entrando por um buraquinho no forro.

Seus músculos estavam doloridos e sua perspectiva turva, a água quente fracassando em fazer Shu Rong relaxar.

O pescador se debruçou na beira da tina, os vapores subindo ao seu redor, se ele pudesse voltar atrás, nunca teria ido beber vinho de pêra em sua biblioteca particular.

Aquele cultivador tinha se aproveitado de sua embriaguês, Shu Rong nunca teria dado tanta abertura estando sóbrio... Certo?

Suas mãos jogaram um bocado de água contra seu rosto, seu cabelo solto estava repleto de gotículas e ele sacudiu vigorosamente a cabeça para si mesmo.

O pescador nunca havia beijado assim outro homem, então como isso poderia ser bom nessa altura da vida? Não havia como, aquele pequeno maldito também estava confundindo tudo, não havia nada de atraente em sua pessoa.

Sem esquecer nem que fosse por um dia, que as duas mulheres com quem havia estabelecido uma certa relação, tinham traído sua confiança e seus sentimentos.

Cansado de ser traído e não ter qualquer valor, ficar sozinho era sem dúvida o mais sensato.

Apesar de sua embriaguez durante a madrugada, em sua memória estava tão nítido, mas Shu Rong não queria pensar mais nisso.

Por que ele não podia ser o tipo de bêbado estúpido em que não se lembrava de nada?

Shu Rong tocou o próprio rosto, seus dedos sentindo sua barba rala, sua mente lembrando da sensação de sua barba roçando na pele de Fu Sheng, o que o levava a ereção dele despontando tão rápido... Que tipo de tarado era esse infeliz?

O pescador apertou os olhos, tentando apagar a imagem da mente, os gemidos dele tornando a ecoar, a respiração profunda que o puxava feito um ímã.

Foi aí que ele decidiu.

Raspar de seu rosto...

Até o último fio.

                                                                   ***************

A casa do pescador estava silenciosa, Fu sheng costumava dormir sozinho na sala e vendo os primeiros raios de sol, a claridade adentrando palidamente pela janela, ele se perguntou se alguém já tinha acordado, o dia anterior e parte de sua madrugada havia sido uma inesperada loucura.

Ainda deitado em sua esteira baixa improvisada, desviou o olhar da claridade e suspirou pesadamente, cobrindo os olhos com o braço, tendo vergonha de si mesmo.

Parecia haver um bloco de pedra sobre seu peito.

Ele pensava em Shu Rong e no vinho que tinha concedido à sua pessoa a mágica habilidade de seduzir.

Agora sem o efeito do vinho, sentia-se tão patético, tão errado e estúpido.

Mas, o que mais incomodava e fazia Fu Sheng sentir-se mal consigo mesmo, era pensar no momento que estava descendo a parte de cima do hanfu, a pele do pescador se tornando nua sob a luz que se tornava fraca do candeeiro, os dois se beijaram ainda mais, as mordidas de Shu Rong em seu queixo o estavam deixando louco e suas mãos buscaram a pele dele com desembaraço.