Dr Christopher Uckermann sempre foi um cirurgião dedicado e habilidoso, mas um acidente misterioso o deixou com amnésia. Agora, sem lembranças de sua identidade ou carreira, ele se acha perdido e desorientado, empenhando-se para descobrir seu lugar...
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POV Christopher
Quando Dulce cancelou nossa noite de estudos sem muitas explicações, logo achei que era devido a algum encontro amoroso. Quem em sã consciência marcaria de estudar numa sexta-feira à noite? Porém, no momento em que expôs sua adversidade, ajudá-la e agradá-la se tornou meu principal objetivo. Preparei a hidromassagem com os melhores produtos que tinha disponível no armário, além de ligar para um restaurante para encomendar comida de verdade.
A mulher cochilou na banheira devido ao estado de relaxamento que seu corpo ficou. Desceu após vários minutos com uma expressão envergonhada para se deparar com o nosso jantar já frio. Usamos o forno para esquentar a refeição, conversando amenidades até ficar pronto. Nesse meio tempo, descobri que Dulce tem vinte e três anos, mais nova do que eu esperava. Não pela aparência, claro, porque seu rosto é bem jovem, mas pela sua maturidade, ela conversa e expressa suas opiniões como uma pessoa mais... velha. Além disto, é difícil achar alguém nessa idade que administre tão bem várias responsabilidades.
Dulce repetiu duas vezes o prato de comida, provavelmente não se alimentou direito durante seu plantão no hospital. Ela comentou que a Angela se ofereceu para cobri-la no dia seguinte, então pelos meus cálculos, teria dois dias seguidos de folga. Isso era ótimo, ela realmente precisava descansar. Acomodamo-nos no sofá para assistir a alguma programação, mas não demorou muitos minutos e a senti ressonar levemente ao meu lado. Não queria acordá-la, então retirei umas cobertas no armário, coloquei gentilmente em cima de seu corpo, apaguei as luzes deixando apenas a da escada acesa, para subir até meu quarto. Custei para pegar no sono, entretanto, quando finalmente adormeci, vi uma morena sorridente com roupa de enfermeira, se despindo para entrar na banheira...
No dia seguinte, um cheiro delicioso de café me despertou. Sentei-me rapidamente na cama, lembrando dos fatos da noite anterior. Dulce dormiu na minha casa. Certo. Dulce estava na minha cozinha, certamente fazendo café da manhã. O aroma de ovos e bacon inundou minhas narinas, retirando-me do estupor momentâneo. Após a higiene matinal, desci as escadas para encontrá-la reclinada na ilha central de costas para mim, cotovelos apoiados no mármore escuro enquanto segurava uma xícara nas mãos, o pé direito subindo e descendo por sua panturrilha esquerda. Os raios de sol atravessavam a janela extensa no lado oposto, iluminando-a graciosamente. A visão do paraíso. Merda, eu poderia me acostumar com isso todos os dias.
— Bom dia — pronunciei para anunciar minha chegada. Dulce se virou levemente, tomando um gole de café.
— Bom dia! Desculpe, eu apaguei no sofá ontem... — Balancei a cabeça em negação, mostrando que não me importava. Ela prosseguiu — Para te recompensar por me deixar passar a noite aqui, pensei em preparar um café da manhã. Não tinha muita coisa, você realmente precisa ir ao mercado — deu uma risadinha para continuar — Tem café, ovos, bacon e torrada. Espero que goste!
Seu rosto meigo aguardava uma reação, mas minha única vontade no momento era colocá-la na bancada, ficar entre suas pernas e beijá-la profundamente. Inferno! Para com isso, Christopher! Com um pigarro, caminhei até uma das banquetas dispostas em volta da ilha de mármore, sentando no móvel para me servir. Foi o melhor café da manhã que já comi desde que acordei naquele hospital. De repente, uma tontura seguida de dor nas têmporas me atingiu, agarrei as beiradas da pedra fria ao mesmo tempo que flashes aleatórios cruzaram minha mente. A imagem dos meus pais acenando para mim sorridentes antes de entrarem num avião; uma sala de aula com diversos estudantes de medicina; uma mulher de cabelos ruivos, linda, encostada no que parecia ser uma mesa alta, também com uma xícara de café nas mãos, eu dei a volta por seu corpo, abraçando-a por trás e plantando um beijo em seu pescoço, depois na bochecha para então alcançar seus lábios.
