⬚ Capítulo 4 . .

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Mais uma noite com lua cheia vem, e com ele, luzes do vilarejo são vistos dentro das casas e na fonte, e, a poucos metros dali, as luzes da casa da árvore de Epona também estão acessas. Mas a poniriw não está sozinha, pelo contrário. Arryn decidiu passar a noite na casa da amiga após ajudá-la a fazer uns trabalhos pesados para a casa, e como estava a ficar noite, decidiu ficar lá do que ir para casa.
Apesar de não ter avisado os seus pais de que não iria para casa, os próprios sabem que isto acontece desde muito tempo e é algo normal.

A casa está arrumada junto das próprias decorações, umas da Elwyn, outras da própria Epona, e uma da Arryn, que está pendurada na parede e é um retrato em pintura delas juntas. Aquele quadro iria fazer três anos daqui a duas semanas e ambas gostam dele.
A noite está um pouco fria, e por isso têm a pequena lareira acessa, onde o fundo sai indo pela chaminé. Quase ninguém sabe que de que a poniriw tem uma lareira dentro da casa da árvore, sendo a iaque albina a única a saber de tal detalhe.

--Eles davam frio para a noite?-pergunta Arryn na dúvida.

--Pelo que sei lá no vilarejo, parece que sim.-Epona ajeita-se no sofá junto das almofadas fofas.-Mas pelo menos aqui tu sabes melhor o tempo que vai dar à noite do que lá no vilarejo Grochu.-dá de ombros.

--Ah, sim, a pedra.-dá um ar de riso e nega levemente com a cabeça.-Realmente é meio incerto o tempo lá.

--Nunca visitei os outros vilarejos de fora para além de Grochu, para ser sincera.

--Eu já visitei o vilarejo Amadin uma vez, mas tinha dois anos e não lembro de nada. Um dia temos que visitar os outros vilarejos.-sugere um pouco animada olhando para a outra.

--Quando isto terminar, nós iremos visitar outros lugares. E é uma promessa.-salienta num tom meio sério, mas descontraído.

Arryn apenas sorri com aquela frase.

--Grochu também tem lobos?

--Não, não tem. Porquê? Querias ser salva outra vez por mim?

--Ainsh, eu era pequena e não tinha muita força.-reclama dando a língua, fazendo Epona dar uma risada nasal.

--Hoje em dia serias tu a salvar-me a vida, se isto faz-te sentir melhor.

--Mas tu darias conta do recado sozinha mesmo assim. Tu és uma valentona, já te disse isso vezes sem conta.

--E fico agradecida por todos esses elogios.-sorri orgulhosa fazendo peito.

--Tu não tens jeito.-murmura Arryn negando com a cabeça junto de um sorriso divertido, voltando a sua atenção para a lareira.

De repente, o barulho de uma armadilha na parte de fora é ativada, mas isso não impede da dupla de amigas assustarem-se com o barulho repentino e olharem para a janela lá para fora antes de se entreolharem.

--Andas a caçar algum animal?-pergunta Arryn confusa e intrigada.

--Não...-e logo faz-se luz na cabeça dela.-Será que...-interrompe a frase ao levantar do sofá rapidamente.

Às pressas, busca pelo seu arco de aço e flechas de ferro super afiadas -arco e flechas estas que não são oferecidas para qualquer poniriw ou outra espécie-, e entrega um alforge de armadilhas para a iaque albina, que ainda está um pouco confusa mas não questiona, colocando apenas o objeto nas suas costas e acompanha a amiga para fora da casa.

Ao chegarem perto da armadilha de lobo que está no chão fechada, Epona olha ao redor coma a ajuda da iluminação da lua, até que ouvem outra armadilha ativar junto de um rugido estranho. Aquele rugido faz os olhos de Epona brilhar.

--É ele, Arryn, é Osocour!-diz com entusiasmo e galopa para a direção do som.

Mais nada naquele momento é importante para Epona para além da criatura que tanto deseja matar.

Ao ver que a criatura começa a fugir dela, acelera mais o galope floresta adentro. Agora é uma perseguição que vale tudo ou nada, a perseguição que Epona tanto queria que chegasse. Mas ela sabe os riscos daquela perseguição, já que pode perder a criatura de novo de vista ou magoar-se em alguma parte do corpo.
Nenhum obstáculo pára a poniriw de olhos raros, já que a mesma desvia deles com parkour entre os troncos das árvores ou até mesmo com uma liana por outra que estivesse na sua vista limitada pela luz do luar.

Pára ao ouvir que a criatura parou também, e então tem a chance de pegar no seu arco e flecha, e com a ajuda das garras que se transformaram, senta-se e empunha o arco, põe a flecha na corda e estica a mesma enquanto mira no lugar onde supostamente Osocour está. A iluminação não ajuda muito, mas é o que há para aquele momento. Espera mais cinco segundos e lança a flecha com tudo, mas olho apercebe-se que a criatura começou a fugir outra vez sem nenhum som de dor.

Ou seja, errou o alvo.

Com pressa volta a pôr o arco no seu corpo e galopa na direção dele, apanhando a flecha pelo caminho e guardando-a, mas desta vez vai atrás com raiva de si mesma por ter errado na mira. Galopa por mais um minuto, mas acaba por ver que perdeu Osocour de vista, novamente.

O silêncio apodera-se naquele lugar, mas segundos depois ouve-se alguns arbustos a mexerem-se, atraindo a atenção de Epona, mas logo vê que é apenas Arryn um pouco cansada por ter corrido. O silêncio volta apenas se ouvindo o som dos grilos e a respiração da Arryn a recuperar o fôlego.

Do nada, com toda a fúria do mundo, Epona manda um rugido estridente, fazendo a Arryn tapar as orelhas por conta do som. Ao terminar o rugido, começa a insultar tudo e todos, com lágrimas quentes a saírem dos seus olhos e escorrerem pelo rosto vermelho de raiva enquanto trota de um lado para o outro. Arryn trota até à amiga com calma.

--Epona...-a iaque começa.-Tu fizeste o teu melhor para tentar apanhá-lo.

--Não, Arryn, era para ele ter morrido quando atirei a flecha!-ruge frustrada ao olhar nos olhos da amiga.-Eu errei no alvo e ele fugiu!

--A Lua não está a brilhar tanto como hoje, por isso que não conseguiste ver a onde estava a criatura e a mira foi o que foi.

--Eu deveria ter feito melhor ao tentar apanhá-lo!

--Epona!-vai com os cascos até aos ombros da amiga para ela parar o corpo.-A iluminação não ajudou, esta parte da floresta é densa, é normal que tenhas errado no alvo com estas duas condições, e a criatura é muito mais rápida do que tu. Eu não quero que te culpes por teres errado na mira, porque qualquer poniriw poderia ter errado a mira também. E tu, um dia ou uma noite, vais apanhar a criatura, as minhas cartas nunca se enganam.-fala muito séria olhando no fundo nos olhos castanhos da amiga.

Epona respira fundo, e mesmo sentindo raiva e frustrada, aceitou aquela derrota como todas as outras que teve que aceitar forçadamente.

--Vamos para casa.-comenta depois de limpar as lágrimas e afasta os cascos da amiga de si, iniciando um trote de volta a casa com a outra atrás de si.

A Lenda de OsocourOnde histórias criam vida. Descubra agora