Capítulo 21

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Naquela noite a tempestade não deu trégua, a chuva assolava o mundo lá fora enquanto meus pensamentos assolavam minha mente.

Eu não conseguia dormir, depois de tomar um banho quente e jantar eu finalmente liguei para Julia e descobri que ela estava presa na fazenda, aparentemente uma árvore tinha caído na estrada, mas a respiração descompassada dela podia me dizer que havia algum outro motivo para ela não ter voltado pra casa. Fosse qual fosse o porque dela precisar dormir na fazenda eu só ficaria sabendo no outro dia.

Me deitei sozinha e com a cabeça cheia, queria Julia aqui para poder conversar com ela e tentar esclarecer minha própria cabeça. Tudo estava uma confusão e eu não sabia se era efeito dos hormônios ou de Jack, ou um combo dos dois.

Julia provavelmente me diria que eu deveria procurar outra coisa para ocupar minha cabeça, como por exemplo meu problema de falta de dinheiro ou meus bebês. E ela com certeza estaria certa, mas depois da forma como ele falou com aquele médico e minutos depois fez a enfermeira correr atrás de mim, só para ter a chance de se desculpar, eu não ia simplesmente deixar pra lá.

A questão é que depois daquele beijo e das palavras de Sean eu estava mais envolvida do que queria, Jack não era apenas um canalha que age bem quando quer e trata mal as mulheres quando bem entende. Tinha um motivo para ele ter agido daquela forma. Eu teria só que descobrir sozinha, ele não ia falar sobre isso, estava óbvio.

"Jack tem o péssimo habito de fechar as pessoas pra fora da vida dele, mas ele precisa da gente mais do que é capaz de admitir.", as palavras de Sean se repetiam na minha cabeça. O que podia ter acontecido com ele?

Eu observava a janela do seu quarto em frente ao meu, sendo iluminada vez ou outra quando um raio cruzava o céu. Se tinha algum lugar onde eu podia encontrar as respostas seria ali, na casa dele e foi com esse pensamento que peguei no sono, determinada a entrar na casa de Jack no dia seguinte.

O dia amanheceu cinza, mesmo que a chuva estivesse ido embora o céu estava pesado e escuro. Não era anda promissor para o que eu tinha em mente.

Fiz café encarando a casa ao lado, fingindo para mim mesma que eu não estava planejando invadi-la assim que acabasse de comer. Devorei o pão pensando em um jeito de invadir, as casas por ali não tinham alarme, afinal era Santa Maria uma cidade pequena e pacata, onde todos se conheciam. Mas ainda sim não seria fácil de entrar pois vi o amigo dele trancar a casa quando saiu e eu nunca tinha arrombado uma fechadura.

Estava prestes a sair de casa e tentar entrar pela porta dos fundos, mas primeiro eu precisava atravessar a cerca. Quando um furacão em forma de pessoa invadiu a casa, gritando uma torrente de palavrões e batendo a porta com força, eu corri ao seu encontro.

— Eu odeio ele, odeio aquele desgraçado de merda! — Julia gritou jogando a bolsa e arrancando as botas, jogando-as no chão com força.

Até parecia que ela estava com raiva do mundo, mas acho que tinha uma ideia para quem era direcionada toda aquela energia.

— Deixa eu adivinhar, Levi de novo?

— Aquele infeliz presunçoso, acordou hoje me tratando como se eu fosse uma freira. — Julia desabou no sofá bufando e eu foquei na camisa xadrez, que claramente não era dela. — Ele se recusou a me tocar, você acredita nisso?

— E você queria que ele te tocasse? — questionei chocada com a confissão dela. — Pensei que vocês se odiassem.

— Deveria ter me lembrado disso antes de aceitar dormir na cama dele, eu estava com medo da tempestade e o Levi me chamou para dividir a cama depois do jantar. Apagou a luz naquela merda toda, eu achava que os ventos e os raios iam destruir aquele lugar inteiro.

Segunda Chance - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora