Capítulo 30

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O corpo macio de Alicia estava contra o meu, com ela montada em mim, a bunda grande grudada em minhas pernas, meu pau ainda estava enterrado nela e eu descansava minha cabeça em seus seios, sem pressa alguma de que ela saísse de cima de mim, queria mantê-la ali para sempre, naquela bolha só nossa.

Seu coração batia agora mais calmo agora, me embalando em um ritmo lento e calmo. Subi minha mão por suas costas, sentindo a pele macia se arrepiar com minha carícia lenta, enquanto ela brincava com meus cabelos.

— Eu preciso sair de cima de você antes que se machuque mais. — ela murmurou e eu apertei meus dedos em sua carne, a impedindo de ir a qualquer lugar.

— Vou me machucar se sair daqui. — beijei seu seio de forma preguiçosa e levei minha até a mecha de cabelo que caiu sobre seu ombro cobrindo minha visão. — Acho que você é meu novo vicio. — coloquei meus lábios sobre seu outro seio e as mãos dela pararam de se mexer entre os meus fios, mostrando que estava atenta a cada palavra minha. — Eu precisava de álcool como um louco, bebia até cair e acordava já bebendo novamente, eu passei anos afundado na bebida sem me dar um descanso. Perdi emprego, amigos, eu entre em um poço fundo de mais e não queria que ninguém me tirasse de lá.

Ergui meus olhos e encarei ela de frente, não havia pena ali nem julgamento, mas eu sabia que assim que lhe contasse o que fiz ela correria para longe de mim, querendo se proteger e eu nem ao menos poderia culpá-la.

Mesmo que eu soubesse agora que ela tinha escutado o que Hugo e eu conversamos, eu não estava pronto para falar sobre Isabella com ela, duvidava que um dia estaria.

— Mas você saiu, saiu do fundo do poço. — ela murmurou querendo que eu continuasse o relato.

— Fiz uma coisa horrível e foi ai que jurei jamais beber daquele jeito novamente, não importava o quanto eu sofresse eu não colocaria em risco a vida das pessoas que estavam a minha volta.

Encostei a cabeça em seu peito, tentando acalmar meus batimentos e ganhar mais tempo.

— Pode me contar, Jack. — sua voz suave me fez crer que eu podia me abrir e contar tudo, mas a voz dentro do meu peito era mais alta, não tinha como confiar que ela não fugiria e eu não podia me dar ao luxo de perdê-la. — Me deixa entrar.

Alicia voltou a acariciar meus cabelos e mesmo eu sacudindo minha cabeça não querendo lhe contar, acabei abrindo a boca e colocando pra fora.

— Um dia, no meio de toda minha bebedeira eu estava na casa do Hugo, toda a família estava lá comemorando, as brincadeiras, conversas, parecia que tudo era como antes, até que eu surtei. — fiz uma pausa quando as imagens preencheram minha mente.

Era só mais um dia pra mim, mais um dia que eu acordava sem minha esposa em nossa casa grande e vazia, eu detestava tudo sobre minha vida desde que ela tinha partido e só não tinha tirado minha própria vida porque sabia o quão envergonhada de mim ela ficaria.

Me arrastei pra fora da cama já pegando a primeira garrafa que vi no chão e entornei o restante do líquido que tinha sobrado ali. Mas a voz de Hugo e Sean vindas do andar de baixo me despertaram. Porque ele tinha deixado o velho entrar?

Não demorou para que os dois emburacassem no quarto e me arrastassem até o chuveiro para um banho gelado. Depois de tomar café com a cabeça mais fresca ouvi um longo sermão sobre como eu estava acabando comigo e os dois me arrastaram para o churrasco na casa do meu sogro.

Eu não queria ir, pois era óbvio que tudo lá me lembrava dela, mas vesti minha máscara fingindo estar bem quando na verdade eu estava me afogando em tristeza. Suspirei alto e Alicia segurou meu queixo, puxando meu rosto pra cima.

— Me conta no seu tempo. — com certeza ela estava vendo refletido ali toda a dor que aquelas lembranças me causavam, por isso voltei a esconder meu rosto entre seus seios.

— Eu já estava bêbado de mais, mas isso não me impediu de gritar e quebrar coisas na casa. Quando Sean me empurrou pra fora, me parando para que eu não destruísse a casa, meu pensamento foi direto para o carro, tentaram me segurar e me impedir de entrar, mas eu fiz e dei a partida determinado a dirigir como um louco, com sorte eu sofreria um acidente e morreria.

— Jack! — ela exclamou chocada com minhas palavras, mas que eram a pura verdade.

— Eu dirigi sem controle pelas ruas, até que meu sobrinho surgiu no banco de trás, o menino tinha cinco anos e achava que tudo aquilo era uma brincadeira. Bastou aquela olhada para trás e o carro acertou em outro, causando um acidente infeliz.

Ainda conseguia ouvir o barulho dos freios e então o cheiro de gasolina, os gritos e choro, mesmo sangrando e machucado eu procurava pelo menino que não deveria estar ali, nenhuma daquelas pessoas devia estar ali, eram todas danos colaterais.

Não consegui me conter e acho que Alicia sentiu minhas lágrimas molhando sua pele, pois tentou me confortar.

— Está tudo bem, está tudo bem. — ela repetiu enrolando os braços em volta do meu corpo com cuidado.

— Não tá tudo bem, porque se eu não estivesse tão cego nada daquilo teria acontecido, o homem do carro da frente morreu na hora e uma das mulheres que o carro dele acertou também morreu no local, uma outra ficou terrivelmente machucada e John... meu sobrinho voou pelo para-brisa do carro, ficou meses em coma, depois de muito tempo ele finalmente voltou e precisou de fisioterapia pra voltar a andar, mas ficou com um problema na perna direita e... ele é só um menino. — Alicia ainda não tinha corrido, não tinha fugido de mim, pelo contrario ela estava acariciando minhas costas. — Eu causei isso, eu matei e desgracei a vida daquelas pessoas e olha só pra mim Alicia, não tive nenhum arranhão.

Eu chorei deixando que minhas lágrimas se esvaíssem, era a primeira vez em três anos que eu chorava na frente de alguém, há anos que eu não permitia que alguém me abraçasse me consolando, muito menos uma mulher.

Alicia estava quebrando todas as minhas barreiras e me fazendo ficar de joelhos aos seus pés, completamente aberto e entregue.

— Acredito que você pagou diante da lei por tudo isso e pelo fato de ter mudado, largando esse caminho de bebedeira, você conseguiu superar tudo isso. — se ela ao menos soubesse, se tivesse ideia do quão escura era minha alma. — Me diga se não estou certa?

— Daquele dia em diante eu jurei que não beberia mais, mas isso não mudou o resto, ficar preso e pagar indenização aquelas famílias não muda o que eu fiz, não mudou dentro de mim. — ergui minha cabeça mesmo envergonhado, eu senti que devia essa honestidade a ela. — Na noite que sofri o acidente eu sai do cemitério focado em vir até você e me desculpar pela forma como te tratei, mas minha culpa e os fantasmas do passado me consumiram mais uma vez.

— O que você está dizendo?

— Quando dois caras em uma moto tentaram roubar a minha eu vi ali uma oportunidade de resistir ao assalto e talvez assim acabar com minha vida infeliz.

Os olhos dela se arregalaram e eu a vi engolir em seco, suas mãos seguraram meu rosto com cuidado, quase como se eu fosse uma criança indefesa.

— Você queria morrer, Jack? — sua voz soou quebrada, quase por um fio aumentando assim minha culpa. — Por quê?

Ali estava a pergunta que eu não podia responder, contar a ela sobre meu passado já era difícil, falar sobre Isabella depois do que fizemos era impossível.

Segunda Chance - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora