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Acordo sentindo mãos em volta de todo meu corpo. Sinto-me presa naquela cama, a sensação me invade novamente ,como se ela me puxasse para o fundo e imergisse meus pensamentos a ficarem ali o dia todo.

Mais um dia se passava e eu sentia meu corpo definhando naquela cama. Talvez o convite que eu recebi à 3 dias atrás do casamento de Theodoro tenha ajudado minha recaída, minha ruína.

Teria que me levantar e fazer toda preparação para o dia de hoje, aquela história de casamento fazia minha cabeça rodar. Tudo que estava acontecendo parecia só me puxar mais ainda para o fundo. Olho para o lado e Draco dorme tranquilamente, os cabelos quase se camuflavam no branco da fronha de travesseiro.

Decido me levantar, meus pés sentem o frio do piso gelado, parece que se desacostumaram com a sensação de suportar o peso do meu próprio corpo. Caminho meio que me segurando nas coisas até o banheiro e ligo o chuveiro, o vapor começa a criar uma leve neblina por todo ambiente, eu tiro minha roupa e entro no chuveiro, a água vai escorrendo da minha cabeça até meus pés. Não sei se foi minha pressão que baixou pela água quente ou porque não como já tem algum tempo. Termino o banho e vou me trocar.

Enquanto desço as escadas eu reparo no tamanho do meu cachorro na sala. Spaghetto estava enorme, com um abanar gentil de rabo sou recebida com muito carinho. Ele não sai do meu lado enquanto eu vou caminhando pela casa até o jardim, já era inverno e as folhas todas estavam secas, não haviam muitas flores pelo jardim, a grama possuía um verde diferente. O inverno aqui não era tão rigoroso, na verdade nós ingleses mal podíamos chamar isso de inverno, aqui chega no mínimo a uns 17º gruas celsius.

Hoje eu teria de me forçar a acordar, levantar e tomar um rumo da minha vida. Pelo menos por uma noite. Casamento de Theodoro, e como eu era oficialmente uma Malfoy eu teria de aparecer e prestar as minhas felicitações pelo mais novo casal da alta sociedade bruxa. Não sei o que esperar da noite de hoje.

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Estávamos sentados em uma mesa redonda, como todos nossos amigos do colégio. Todos eles, Pansy, Evan , Barto , Zabini... Evan trazia consigo Amelie de Fraga, uma sangue puro que aparentemente havia caído nos encantos do menino. Eu não tinha mais assuntos com eles, não conseguia me comunicar, passei o jantar quase que em silêncio absoluto.

Haviam mesas espalhadas por todo salão, a cerimônia fora linda. As famílias de ambos se emocionaram com todo aquele lindo momento que simbolizava a união e o amor deles. Theodoro leu uma carta de confissões para ela, confessando o seu eterno amor por sua esposa....

Minha cabeça não se encontrava ali naquele momento. Como aquelas pessoas conseguiam rir e serem felizes na minha presença mesmo tendo me ignorado durante todo esse tempo? Isso não entrava na minha cabeça, muito menos o fato deles estarem agindo como se nada tivesse de fato acontecido.

Draco segurava minha mão por debaixo da mesa, conseguia sentir seus dedos gélidos alisando minha pele. O barulho do salão era como um zumbido no fundo do meu ouvido.

Tive que me levantar junto de meu marido para cumprimentar algumas pessoas importantes e que mereciam a nossa atenção, atenção dele. Porque a minha nenhuma delas tinham, já que nem a mim mesma eu estou dando atenção.

Quando penso que não pode piorar vejo meus pais vindo em minha direção.

- Dandara... -ela discretamente me cumprimentou.

- Olá mamãe.

- Como vai querido? -se referiu a Draco.

- Vou muito bem, obrigado. -ele respondeu educado.

- Como vão a vida de casados?

Eu não conseguia responder, meu pai pareceu perceber minha reação mas não disse nada.

- Vai muito bem. -Draco respondeu por mim - E os senhores como vão?

- Vamos bem. Sinto não conseguir visitar vocês mas ultimamente temos andado bem ocupados com tudo o que está acontecendo.

- Não se preocupem, estaremos sempre à espera de vocês! -ele disse claramente desconfortável na presença deles é provavelmente pelo meu silêncio.

- É ótimo ouvir isso!

E com um sorriso no rosto eles se retiraram dali, como se eu não fosse nada eles saíram da minha presença.

- Você está bem? -ele se vira para mim com cara de confusão.

- Quero ir embora!

-Não podemos, não agora. Aguente mais um pouco. -ele disse segurando minhas mãos -Vamos nos sentar?

- Não aguento mais ficar naquela mesa, eles agem como se nada tivesse acontecido.

- Melhor assim. Eles não são uma boa companhia pra você, vamos nos sentar com meus pais ,vem. -e assim ele me guiou pelo salão até chegarmos na mesa dos pais de

Nos sentamos a uma mesa cheia de senhores e senhoras. Eu não tinha assuntos com elas então eu permaneci mais calada do que quando estava na última mesa. Me sentia perdida em meio aquilo tudo.

Depois de torturantes horas fomos embora. Na hora em que cheguei eu já subi com toda pressa para o meu quarto e arranquei aquele vestido que apertava até a minha alma. Coloquei um roupão grosso pela temperatura e pude escutar o barulho da chuva caindo lá fora. As rajadas de vento faziam uma melodia peculiar quando batiam nas janelas.

Draco foi tomar um banho. Me preocupei em ver se Spaghetto estava dentro de casa, fui a sua procura e não encontrei o animal em lugar nenhum da casa. Não acredito que ele está lá fora! Peguei um guarda chuva que ficava ao lado da lavanderia.

Sai no meio daquela tempestade a sua procura andei, andei e nada de encontrar esse bicho. Quando o avistei de longe, uma imagem sua meio borrada estava no deck de um lago. Ele estava latindo para água, eu nunca tinha visto esse lago aqui. Eu já andei tanto por essa propriedade e nunca tinha encontrado esse lago, um alerta se acendeu em minha cabeça , eu devia estar muito longe de casa.

Fui chegando mais perto, e vi o animal. Os ventos estavam mais fortes ainda, o guarda chuva abriu suas garras e quebrou no meio da tempestade, o vento o carregou para longe, estava sozinha, tentando entender o que esse cachorro tanto latia para a água. Não conseguia enxergar o que ele via ali, estava muito escuro. Minha cabeça começou a doer e dar voltas com aqueles latidos no fundo ecoando, o vento frio parecia que levaria meu corpo a qualquer momento.

A sensação de estar molhada estava me agoniando, as gotas caiam repetidamente na minha cabeça e escorriam por todo meu corpo. Fecho meus olhos para tentar me concentrar e ir embora daquele lugar mas só consigo sentir minhas pernas me levando para dentro do lago.

A água estava quente em comparação com a chuva que caía sem parar. O cachorro parou de latir. Olho pra cima e posso ver o céu meio borrado, a imagem de spaghetto não estava mais nítida. E de repente o barulho da chuva cessou e eu só consegui ouvir um leve cair de gotas como se eu estivesse submersa.

Olho para os meus pés, eles estão em um fundo escuro. Eu pareço flutuar sobre alguma coisa. Peraí ai! Eu caí no lago?

Não só cai como estava afundando dentro dele. Sentia todo meu corpo pesado e afundando cada vez mais, o ar em meu pulmão estava acabando, a cabeça pesando e me senti no fundo do lago. Olhei em volta tinham algumas criaturas que brilhavam, como pequenas salamandras. Sinto meus olhos se fechando e o cérebro apagando. Talvez esse seja o fim.

The LestrangeOnde histórias criam vida. Descubra agora