Capítulo 40

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Porra, eu era um tremendo filha da puta covarde. Não consegui colocar pra fora tudo o que estava guardado dentro de mim, não pude dizer a todos que Alicia era minha, que estávamos juntos e que eu seria o pai daquelas crianças.

Ela jogou na minha cara as palavras que tinha dito no outro dia e eu pude ver toda mágoa e arrependimento se formando em seus olhos. Meu coração batia desesperado ao saber que era eu causando aquela dor, eu era o responsável por trazer lágrimas aqueles olhos.

O restante do almoço passou como uma lenta tortura, Alicia nem se dignou a me olhar mais, continuou sendo cordial com Hugo, amigável com Diana e um doce com John.

O que só aumentou minha culpa, eles eram minha família e quando me perguntaram pela segunda vez se estávamos juntos eu a neguei na frente deles.

— Você é um filho da puta. — Sean falou entre dentes quando passou por mim e eu nem ao menos neguei.

Ele estava certo e eu merecia isso.

— Não esqueça de voltar mais vezes Jack, nós ainda somos sua família filho. — Hugo se despediu de mim com um sorriso largo no rosto, mas eu estava com o olhar concentrado em Alicia, sentindo medo que ela pudesse fugir a qualquer momento. — Ela é uma mulher maravilhosa, sortudo o marido dela.

— Alicia não tem um marido! — me virei rápido retrucando suas palavras e isso atraiu sua atenção. — Digo, ela se separou recentemente do pai dos gêmeos, ele não queria os bebês. — tentei explicar minha reação tão desesperada.

Hugo sorriu para mim e colocou uma mão em meu ombro dando leves tapinhas. Então voltou seu olhar para Alicia, que gravava algo com Diana em seu celular.

— Eles vão acabar voltando, homens tendem a se assustar com uma gravidez não planejada. — sacudi a cabeça negando, isso não ia acontecer. — A minha Luz que me perdoe, mas eu sumi por quase uma semana quando ela me disse que estava grávida da Diana, nós já tínhamos a Isa, então foi um tremendo choque.

— E diferente Hugo, vocês se amavam. O marido dela pediu que ela tirasse os filhos e quando ela se recusou ele colocou ela pra fora de casa. — insisti, Alicia não faria isso, não aceitaria aquele merdinha em sua vida.

— Você acha que ela estava casada porque? Eles se amavam também e se ninguém chegou para tentar conquistá-la ela está livre, isso do casamento pode ser resolvido. — sua mão apertou meu ombro e ele me sacudiu me obrigando a olhá-lo. — Não há nada como um homem arrependido e disposto a mudar pela mulher que ama.

Engoli em seco com a imagem se formando em minha mente, Alicia com a barriga grande nos braços do ex e as mãos sujas dele acariciando sua barriga.

Isso não ia acontecer, eu não ia permitir! Ela é minha, eles são minha família e filha da puta nenhum ia

Narrancar isso de mim.

Atravessei o gramado a passos largos e segurei seu rosto com firmeza, unindo nossas bocas. Os arquejos em nossa volta não me importavam, mas meu foco era ela e apenas ela!

Senti seu corpo paralisado em baixo das minhas mãos por um instante, suguei seu lábio inferior querendo que ela os abrisse e me beijasse de volta, foi isso que bastou para que seu corpo relaxasse contra o meu e suas mãos segurassem meus pulsos.

— O que está fazendo? — ela arquejou quando afastei nossas bocas.

— O que deveria ter feito há muito tempo! Estou mostrando pra todo mundo que você é minha!

Os olhos de Alicia se arregalaram em completo choque, aproveitei seu momento e voltei a beijá-la de forma decidida, querendo provar a ela que não voltaria atrás no meu em negá-la.

— Até que enfim seu merda! — ouvi Sean gritar e não consegui segurar o sorriso. — Já estava pronto pra dar em cima da sua garota também, para que você finalmente assumisse o que sente por ela.

Me afastei de Alicia já xingando o cara de pau que tinha um sorriso largo estampado. Mas foi o toque delicado dela em meu braço que me impediu de ir socá-lo.

— Então quer dizer que os dois mentiram? — Diana tinha um brilho nos olhos quando se aproximou e um sorriso genuíno.

— Eu estava com medo do que iam pensar. — falei uma meia verdade, eles não precisavam saber que eu estava confuso com relação a Isabella. — Mas sentir que eu podia perdê-la foi demais pra mim.

— Bem vocês podem ter enganado minha filha, mas não a mim. — Hugo falou se aproximando. — Vi bem a forma como falaram um do outro, dava pra notar que alguma coisa estava acontecendo ali. Mas foi no dia da festa da cidade que eu tive a confirmação.

Encarei o com descrença, o homem a minha frente deu alguns passos em nossa direção, o sorriso contido nós lábios dizia o que eu precisava saber, ele tinha dito aquilo sobre o ex marido de Alicia apenas para provocar uma reação em mim e tinha conseguido.

Hugo me conhecia bem de mais, sabia que eu era um homem ciumento e que não suportaria a ideia de outro tocando o que é meu.

— Você fez tudo de caso pensado! — o acusei com um sorriso no rosto. — Sempre um passo a frente.

Ele segurou em meu ombro, lançando para Alicia um olhar gentil e caloroso.

— Desejo muita felicidade aos dois e que esses dois bebês que estão a caminho preencham a vida de vocês com mais emoção e amor.

— Estamos fugindo um pouco da emoção, queremos a calmaria. — ela respondeu rindo e passando a mão sobre a barriga.

Eu tinha que concordar com ela, precisávamos de alegria, calma e muito amor. Chega de problemas e fortes emoções, meu coração não aguentaria muito mais.

Depois de nos despedirmos, dessa vez sem mentiras e segredos, eu entrei no banco de trás do carro com Alicia, segui todo o caminho abraçado a ela, meu corpo necessitava estar perto do seu.

— Obrigado por hoje irmão. — murmurei quando desci do carro. — E nós vamos conversar sobre você indo ver Diana sempre.

Sean fez cara de desentendido, mas eu tinha visto as olhadas dele o tempo todo para ela e mesmo que não fosse minha irmã de sangue, eu a considerava como uma e não deixaria que ele brincasse com ela.

— Não sei do que você está falando. — estendi o dedo do meio para ele e a porta da frente batendo chamou minha atenção para Alicia que tinha acabado de entrar. — Não acha que está na hora de contar a ela sobre Isabella?

— Já passou da hora, só não sei como vou fazer isso.

— Cuida dela cara, vê o que faz para não perder essa segunda chance que a vida está te dando.

Antes que eu pudesse responder o carro de Júlia entrou na rua em uma velocidade assustadora e ela estacionou de qualquer jeito, já saltando do veículo enfurecida.

— Onde está minha amiga? Cadê a Alicia? — ela gritou antes de chegar perto de mim e quando me alcançou sua mão acertou em cheio meu rosto. — Seu filho da puta! Te mandei ficar longe dela, sabia que só ia destruir seu coração!

Eu estava tão chocado e atordoado que nem tive reação para me defender das acusações dela. Até que uma Alicia apressada saiu de casa, correndo em nossa direção.

— Desculpa, desculpa gente! Eu esqueci de contar pra Júlia o que aconteceu depois, não tive tempo de contar o que aconteceu quando estávamos saindo da casa.

Júlia olhou de mim para a amiga com expressão confusa.

— Está dizendo que...

— Ela está dizendo que eu finalmente encontrei minhas bolas e declarei pra todo mundo que eu a amo! — enlacei minha mulher pela cintura, trazendo seu corpo de encontro ao meu. — A amo e não vou deixar que ela nem meus filhos vão a lugar nenhum.

O rosto de Júlia pareceu se iluminar enquanto ela abraçava a amiga, mas como se algo se atendesse em sua cabeça o sorriso morreu e os olhos se arregalaram.

— Isso é ótimo, estou muito feliz por vocês dois. — senti por sua expressão e pelas palavras que vinha algo ruim por aí. — Acho bom estarem decididos sobre o que querem porque sua mãe está vindo para a cidade.

Segunda Chance - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora