Capítulo 57

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Eu estava com os braços e mãos amarrados para trás. Não podia nem aí menos lutar mais, de tão esfolada que minha pele estava pela corda crua que me envolvia.

Tinha sido empurrada de um lado para o outro desde que me colocaram dentro do carro, até eles decidirem parar em um motel.

Quando falamos com Jack meu corpo se acalmou mais, pois ele não estava com desespero e medo refletidos na voz, ele estava ameaçador, mas parecia confiante.
O que me garantia que vinha chumbo grosso por aí.

Eu ainda não tinha entendido de onde aqueles dois tiraram a ideia de que Jack tem dinheiro. Não sabia como ele conseguiria aquela quantia, mas sua voz de urgência querendo me acalmar estavam me dando a certeza de que tudo daria certo.

— É bom que seu seja namoradinho seja esperto e arrume o dinheiro rápido. — minha mãe murmurou debruçada sobre o pé, pintando as unhas de um tom de vermelho com toda a tranquilidade.

— Não sei como consegue fazer isso com a própria filha.

Na verdade eu já não sabia mais quem ela era. Paulo e verônica se beijavam, tocavam e conversavam baixo trocando carícias na mina frente, eu tinha mesmo que segurar o nojo e não conseguia parar de pensar há quanto tempo isso vinha acontecendo entre eles.

— É tão sentimental, gorducha. Não está vendo que a vida não é o conto de fadas que sua vó lhe ensinou? — ela se virou apontando o pincel do esmalte em minha direção e não se importando se estava pingando em todo o chão. — Passou da hora de você me pagar por ter estragado minha vida.

— Eu nunca fiz nada para você, além de aguentar os seus dramas. — retruquei, mesmo sabendo que ela adoraria me bater.

Nunca pensei que me arrependeria tanto de ter cogitado trazê-la para minha vida novamente, eu era a pessoa mais burra não tinha outra explicação.

— Você arruinou minha vida quando deixei a gravidez seguir em frente e foi burra o suficiente de cometer o mesmo erro, ficando com essas crianças que ninguém quer.

Queria poder estar com meus braços livres, para conseguir abraçar minha barriga, tentando proteger ao máximo meus bebês.

Paulo saiu do banheiro no mesmo instante, com a toalha enrolada na cintura, sem se importar com nada.

— Se tivesse me escutado e tirado essas crianças ainda poderíamos estar casados e felizes. — meu estômago se embrulhou só de imaginar o cenário que ele tinha acabado de descrever.

— Mas então não estaríamos juntos. — minha mãe falou se erguendo da cadeira e envolvendo o pescoço dele com os braços.

— Tem razão, e você é bem melhor do que ela!

Ele tomou a boca dela em um beijo fazendo um reboliço no meu estômago. Aquilo era nojento em tantos níveis que eu nem sabia por onde começar a explicar.

Veronica passou as unhas grandes nas costas molhadas e ele a agarrou ainda mais forte.

— Há quanto tempo vocês estão juntos? — falei torcendo para que acabassem com aquele show. — Você costumava odia-lo, enquanto eu ficava como uma boba tentando fazer com que se dessem bem.

Eu não duvidaria se todas aquelas brigas tivessem sido uma encenação barata dos dois, me fazendo ainda mais de idiota.

Minha mãe gargalhou se afastando, graças a Deus pois a última coisa que precisava agora era dos dois trepando na minha frente.

— Fui até seu apartamento, achei que estaria vazio, foi uma surpresa encontrar Paulo lá. — ele se sentou ao lado dela e segurou o pé, recém pintado, massageando a sola.

Segunda Chance - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora