Depois de dar meu depoimento a polícia, nós finalmente ficamos em paz. Sean e os amigos decidiram fazer um churrasco, o que eu agradeci, pois já estava cansada de Júlia e Jack disputando para ver quem ficava mais tempo comigo.
Já era tarde da noite e eu estava observando a movimentação no quintal de Jack. Nós não estávamos nos importando com a hora, tínhamos muito a agradecer naquele dia. Eu e Jack em especial.
E foi só pensar no diabo para que seus braços fortes envolvessem minha barriga.— Você deveria ir dormir. — ele sussurrou ao pé do ouvido. — Teve um dia cheio e deveria descansar.
— A última coisa que eu quero agora é descansar. — me virei, continuando dentro do seu abraço, mas agora ficando de frente para ele. — Você e eu temos um pedido de casamento pra comemorar a sós.
Joguei meus braços em volta do seu pescoço e me ergui, ficando na ponta dos pés para poder beijá-lo. Seu lábios se abriram de bom grado para me receber, mas tudo o que fiz foi sugar seu lábio inferior e prendê-lo com os dentes.
As mãos dele desceram rapidamente pelo meu quadril até seus dedos apertarem minha bunda.
Mas tratei de soltá-lo e desviar de seu beijo, deixando sua boca parar sobre meu pescoço.— Não pode dizer isso e querer fugir de mim. — Jack vagou os lábios para cima, até alcançar minha orelha. — Não tem a menor chance de eu deixá-la sair daqui sem antes te ouvir gemer meu nome.
Sorri sem conseguir me conter e ele me encarou confuso. Por mais tentador que fosse ele ali, me agarrando e dizendo aquelas palavras sensuais, não podíamos, não com a casa cheia.
— Acho que você vai ter que esperar motoqueiro, até que todos tenham ido embora.
A expressão dele murchou no mesmo instante, o sorriso indo embora e o brilho sumindo. Parecia uma criança que havia acabado de perder a sobremesa.
— Se quiser posso mandar todos embora agora mesmo. — ele falou né fazendo gargalhar.
— Ei vocês dois, parem de transar e traumatizar meus sobrinhos! — Sean gritou do lado de fora. — Vamos comer, chega de baixaria vocês dois!
Me segurei em seus ombros e voltei a ficar na ponta dos pés, para plantar um beijo leve em seus lábios.
— Vamos descer antes que Sean derrube a porta. — murmurei contra seus lábios.
— Eu ainda mato esse cara, juro pra você.
Suas palavras me lembraram do que Brutos tinha dito naquele quarto de motel, ele queria Paulo vivo para se vingar.
Parei os meus passos e me virei para ele novamente, mas dessa vez sem nenhum resquício de sedução.— Ouvi que você pediu para aque trouxessem Paulo vivo, sei que você quer fazê-lo sofrer e ter sua vingança. Mas ele não vale a pena Jack, não vale nem mesmo que você suje suas mãos.
Ele baixou a cabeça como um garotinho culpado, e eu dei outro passo colocando um fim na nossa distância.
— Você não tem ideia das coisas que fiz quando fazia parte do clube, torturar era uma coisa comum pra mim. — choque me tomou, aquela era a última coisa que eu esperava que ele dissesse isso, logo Jack que tinha sempre uma áurea alegre. — Eu sai depois que conheci Isabella porque sabia que não era vida pra ela, assim como não é pra você. Mas ter aquele filho da puta tocando em você, machucando minha mulher, ele tinha assinado uma sentença de morte, antes mesmo de te sequestrar.
Fiquei um longo momento calada, absorvendo as palavras dele. Não imaginei que Jack tivesse passado por esse lado da vida, o lado de carrasco e executor.
Agora fazia sentido que apenas uma policial estava no meu resgate e o porquê de a operação ter sido comandada pelos motoqueiros. Eram eles quem estavam mandando em tudo ali e a policial estava ajudando a encobrir o que aconteceria depois com Paulo.— E você sente falta dessa vida? É por isso que quer torturar Paulo?
— Não, se sentisse falta teria voltado a anos atrás. — ele levou os dedos até meu cabelo, penteando-o para trás da orelha e acariciando meu rosto. — Eu quero fazê-lo sofrer pelo que fez com você. Por te assustar e machucar. Tem ideia do que poderia ter acontecido? De quantos cenários horríveis passaram em minha mente? Você podia ter entrado em trabalho de parto antes da hora, sofrido um aborto, sido morta ou sabe se lá o que.
Os dedos dele se apertaram em meu rosto, assim como sua expressão de dor. Agora que Jack tinha colocado pra fora eu só conseguia imaginar o que ele passou, imaginando o pior, revivendo seus medos.
— Eu estou bem, estou aqui agora e lo nada de ruim aconteceu. — colei nossas testas mantendo os olhos focados no dele. — Não vale a pena sujar suas mãos com ele, deixe que a polícia cuide dele e se concentre no que é importante para nós.
Segurei suas mãos e as levei até minha barriga, Jack fechou os olhos acariciando a volta protuberante. E para nossa surpresa uma pequena movimentação aconteceu bem em baixo da sua mão.
— Foi você que fez isso? Você sacudiu a barriga?
— Não, são esses dois mandando um sinal pra você! — Jack caiu de joelhos no chão e colocou a boca sobre minha barriga.
— Oi meus filhos. — ele beijou o topo da minha barriga várias vezes. — Façam de novo, falem oi pro papai.
Ouvir ele falando assim e com tamanha entrega acabava comigo, antes que conseguisse segurar as lágrimas escorriam por minhas bochechas.
E como se nossos filhos já reconhecessem a voz do pai, os movimentos voltaram, ainda pequenos e sutis, mas nós conseguíamos sentir com perfeição.— O papai está aqui, o papai está aqui e nada vai nos separar outra vez. — Jack falou com a voz embargada e quando ergueu os olhos buscando meu rosto eu pude ver as lágrimas brilhando em suas bochechas.
Eu nem conseguia acreditar naquela segunda chance que a vida tinha me dado. Mudar para Santa Maria foi como um soco no meu estômago, me senti tão pra baixo acreditando que minha vida estava regredindo.
Mas na verdade era só o começo dela, o começo de uma família linda, repleta de bons amigos e muito amor, ao lado de um homem que parecia tão improvável, mas que estava me mostrando um lado novo do amor.
Jack era minha segunda chance para viver plenamente feliz, mesmo com nossos problemas, diferenças e traumas, nos completavamos, pois estávamos dispostos a lutar pelo nosso amor. Juntos eu sabia que poderíamos enfrentar qualquer coisa. Nada nem ninguém poderia nos separar.
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Segunda Chance - Concluído
RomanceAlicia sempre teve que lutar muito por tudo o que quis na vida, começando com seus estudos e um lugar de destaque no trabalho. Na vida amorosa não era diferente, depois de um divórcio conturbado com um marido abusivo, ela finalmente achou que tinha...