Capítulo 8 - Esperança

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(Ahrg... A dor de sempre... Espera aí, que cheiro é esse? Ah não Átila...)

Novamente sinto uma onda de dor de cabeça, me pergunto se é efeito do uísque ou o fato de não ter dormido até agora desde o incidente.

Olho para o canto da parede da sala encarando aquelas garrafas de vidros quebradas, todas estilhaçadas em cacos e deixando seu líquido se acumular no chão e na parede.

Todas com o mesmo fim.

Meus olhos passeiam pelo chão vendo o resultado da minha decadência em ordem cronológica: A camiseta com um rasgo por ter sido tirada de forma abrupta, os biscoitos favoritos dela que nem me certifiquei de saber se sobraram alguns, dois sacos de pães rasgados brutalmente com migalhas espalhas por toda mesa, sacos de salgadinhos manchados de molho barbecue na poltrona, uma garrafa de Iogurte de frutas vermelhas vazia, era o favorito de nós dois, e por fim uma caixa de pizza aberta que está sendo devorada.

Minto para mim mesmo que se pegar mais uma fatia as lágrimas vão parar de brotar em meus olhos.

Mas é o contrário, me sinto mais patético e culpado pelo que aconteceu, no final das contas é isso que me define:

Um homem escondido no passado...

Um piadista triste...

Um apaixonado sem esposa...

E agora um pai sem filha.

(Por favor não diga isso... ela realmente...?!)

Ouço baterem na porta e me assusto.

Tento me recompor e me levantar, mas minhas barriga dói e me tira as forças.

Então ouço a voz perguntar por trás da porta, "Átila?" e reconheço o tom fino.

Era Odete.

Me esforço para levantar, mas parece que a qualquer momento meu órgãos vão se romper dentro de mim com a quantidade de comida que ingeri.

Com dificuldade me levanto e abro a porta para enfim visualizar a pequena senhora no pé dela olhando para os lados preocupada.

— Odete. — Olho brevemente em seu rosto e volto para dentro de casa deixando a porta aberta para ela entrar.

Me sento novamente no sofá e suspiro pesadamente tentando me acomodar.

Odete adentra o local e observa o ambiente com as sobrancelhas franzidas.

A aparência da senhora de idade era muito diferente da que eu estava acostumado a ver no pub, ela vestia um vestido azul florido, salto baixo e em seu ombro apoiava um guarda-chuva pela iminente tempestade.

— Meu Deus, o que aconteceu aqui? — Ela fala incrédula com o estado da minha sala de estar. talvez não somente por isso, mas por me ver minha aparência.

Por um momento o silêncio se instaura no local e não consigo sequer dar uma resposta.

— Eu... — Corto o silêncio depois que o desconforto se instaurou dentro de mim — Só estou comendo um pou... — Antes que eu consiga terminar a frase sinto o líquido gástrico correndo por minha garganta até eu vomitar uma parte do que comi.

Odete corre até mim para me socorrer e tudo que posso fazer é tentar não engasgar no meu próprio vomito tossindo pela queimação que se instaura em minha goela.

Mal consigo identificar quando ela pegou o copo de água e uma toalha para limpar a sujeira que fiz do lado da poltrona.

Sinto as lágrimas brotarem mais fortes em meus olhos tanto pelo vômito quanto pela vergonha de ter feito isso na frente de minha amiga.

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⏰ Última atualização: Oct 07 ⏰

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