Capítulo 16

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Após o “show” feito Júlia revelando todo o peso que sentia, o risco de Will perder a guarda da filha e Mateus ter evidenciando o quanto estava machucado – os vizinhos finalmente sentaram e conversaram. Enquanto isso, Júlia explicava a pequena Ana que não namorava com o seu pai, e que ele já era casado com um homem muito legal.

_Ele mora longe? – foi a primeira pergunta que a pequena fez.
_O Mateus mora aqui do lado – pegou em suas mãos delicadas – é meu vizinho de janela.
_Então posso vim brincar com o Tony aqui? – era assim que ela chamava o Antony – e ver você?
_Claro que pode meu amor – a abraçou forte – mas porque acha que Mateus vai aceitar o seu pai?
_O cabelo vermelho falou comigo – Júlia ficou surpresa com a revelação – no dia da festa junina.
_Quando vocês saíram daqui? – queria saber os detalhes.
_Sim – ela abertou a boneca com força achando que iria receber alguma advertência por falar com estranhos – o papai e Tony começaram a olhar o carro.

A faxineira lembrou que haviam chegado tarde naquele dia e que o veículo estava fazendo um barulho estranho.

_Chutei a bola muito forte – continuou a contar – aí o moço de cabelo vermelho pegou e falou “tem que chutar mais forte para chegar na lua”.

Júlia ficou emocionada e ao mesmo tempo  aliviada que a raiva que o ginecologista sentia não havia chegado a aquela criança. Por causa da Ana , Júlia estava aceitando só trabalhos de meio período e isso já estava refletindo em suas contas. Ela temia que se os dois não se resolvessem, as suas dívidas com os bancos aumentariam os juros.

A tarde passou voando, e a noite chegou logo. Antony havia ligado avisando que iria fazer uma viagem de trabalho. Se sentindo um pouco só, a faxineira ligou para a sua amiga – porém Erica havia ido visitar a mãe em outro estado.

_E o papai? – Ana perguntou pelo o pai no jantar.
_Está conversando o Mateus, logo ele chega.

“O que será que eles dois estão fazendo?” tentou controlar a mente para não pensar em putaria na frente da inocente.

Ana adormeceu no sofá esperando por Will que não apareceu. A Júlia a pegou pelos os braços e a levou para sua pequena cama que ficava no mesmo quarto que o dela. Pela a janela ela poder ver que se iniciativa uma leve chuva. E que foi ficando forte.

Já passava da meia noite quando a faxineira começou a organizar a casa pelo menos para deixá-la apresentável para o dia seguinte: tirou os brinquedos do chão, ajeitou o sofá, limpou a mesa e lavou alguns pratos que tinha na pia.

Os seus ouvidos acompanhavam o barulho da chuva e deduziu que iria chover a noite toda.
De repente escutou batidas vindas da porta e congelou por dentro. Rapidamente pensou que fosse o agiota e ele quisesse mais dinheiro, o horário era exatamente aquele que ele chegava a cobrando. Não pensou duas vezes: Júlia pegou a maior frigideira que tinha.

“Se ele quer guerra, vai ter” pensou consigo enquanto andava lentamente até a porta principal.

As suas pernas tremiam e o coração palpitava, da última vez que haviam se encontrado o Cortês havia a ameaçado com um estupro, então sabia que podia esperar qualquer coisa vinda dele. Ela contou até três e abriu a porta, só não esperava encontrar aquele montanha de músculos completamente molhado:

_Daniel? – ficou confusa – o que faz aqui?
_Posso entrar? – o promotor tremia de frio.
_Pode – ele deu espaço para que ele pudesse entrar.

A camisa preta de botões estava completamente encharcada até parecia que ele havia pego toda a chuva. Júlia lhe trouxe uma toalha, ele se sentou em uma cadeira na cozinha e ficou observando a faxineira colocar a água para ferver. Ela usava um vestido para dormir, o mesmo tinha rendas e ficava na altura das coxas. Júlia estava com vergonha de iniciar uma conversa e após perceber sua vestimenta optou por focar sua atenção na água que estava longe de chegar ao ponto de ebulição.

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