1. Luck

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Olho para o relógio e são quase 23 horas e já já minha mãe vem ao meu quarto falar que preciso ir dormir ou vou acordar com um puta mau humor amanhã de manhã.
Escuto algumas batidas na porta, quase não deu tempo de pensar.
- Querido? - ela abre a porta aos poucos - só vim te dar um beijo de boa noite e te falar pra ir dormir, né? Você sabe como cê fica quando não dorme direito...
- Eu sei mãe! - reviro os olhos - já vou dormir, eu juro - eu levanto da cama e dou um beijo e um abraço nela - só vou acabar de ler esse capítulo do livro.
- Ta bom. - ela dá um sorriso e sai do quarto.
Me deito novamente e pego o livro que estou lendo "Textos Cruéis Demais Para Serem Lidos Rapidamente" estou numa fase meio depressivo e esse livro ajuda muito a me colocar cada vez mais pra baixo.

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Dou um tapa no celular para fazer aquele som dos infernos parar de tocar. São quase 5:30hrs e penso em voltar a dormir mais um pouco, mas nos meus planos estava em ir um pouco mais arrumado para o primeiro dia do meu último ano e não quero quebrar minhas metas logo no primeiro dia. Vou deixar isso para amanhã.
Depois de me arrumar desço e preparo meu café da manhã: 3 avos mexidos e um copo de leite com hipercalórico. Esqueci de mencionar, mas pai é ratinho de academia. Solto uma risada com meu pensamento bem hetero top e segundos depois alguém esmurra a porta.
- Credo, Maria - digo abrindo a porta e vendo minha melhor amiga toda arrumada - iiiih confundiu a escola com um desfile?
- Ai q viado chato, viu - ela entra sem ser convidada - como se você estivesse todo simples, né? Duvido que não quer causar uma boa impressão pro Jun---
- Cala a boca, maldita - atualmente só a Maria sabe da minha verdadeira sexualidade - esquece Junior.
Ela se senta na mesa e começa a mexer no meu omelete.
- Doug disse que ja está indo pra escola e falou que nos encontra lá.
Doug é um amigo dela que se mudou pra cá há umas 2 semanas e ele vai estudar com a gente. Eles tão bem íntimos pro meu gosto.
- Ok.
Acabo meu café e vou correndo escovar os dentes.
- LUCAS! - ouço um grito lá do andar de baixo e sei que é Maria com sua pressa diária.
- É Luck, idiota - digo pegando minhas coisas e saindo de casa.

- Até que a escola não é muito grande - Doug fala se sentando do meu lado - eu estava esperando algo enorme.
- A que você estudava era muito maior, D?
- Era pouca coisa maior só.
- Então não foi uma decepção completa - digo - mas fico feliz que não esteja intimidado ou desconfortável.
- A companhia de vocês está ajudando muito - ele dá um sorriso de orelha a orelha - Fiquei com muito medo de ficar sozinho na minha primeira semana, mas quando minha prima me apresentou a Maria eu me senti mais de boas.
Um menino alto, preto e com um uniforme impecável entra na sala junto com o professor de história e pede silêncio.
- Bom dia, amigos - ai q sorriso lindo - me chamo Junior e sou o representante de classe e esse é o Sr. Mack o nosso professor de história e também de ciências esse ano.
- Temos um novo colega esse ano e gostaria de pedir a ele para se levantar e se apresentar para a turma - pede o Sr. Mack colocando suas coisas na mesa.
Doug olha pra gente e se levanta.
- Bom dia, me chamo Douglas Ferreira, mas gosto de ser chamado de Doug - a sala toda olha para ele quando diz seu sobrenome - e sim, o novo diretor é meio que meu pai.
- Ficamos felizes de conhecer o filho do Sr. Ferreira e esperamos que seja muito feliz nesse seu último ano no ensino médio - diz Junior mostrando os dentes.

- Não sabia que iam me mandar fazer aquilo e meio que me senti julgado quando perceberam que meu pai é o diretor.
- É que parece que você terá passe livre por ser filho dele - mordo meu hambúrguer - e vamos combinar que em filmes o filho do diretor é sempre julgado ou o próprio capeta...
- Lucas! - minha amiga olha pra mim brava - calma, Doug. É só seu primeiro dia e ficaram surpresos com a novidade, amanhã ninguém vai se lembrar quem é seu pai.

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O que Maria disse não foi muito o que aconteceu no dia seguinte, pois Doug me chega na escola junto com o pai e todos os olhares estão nele.
- Não sei por que as pessoas daqui levam tão a sério esse rolê dele ser filho do diretor - olho para Maria - acho bem foda-se isso.
- É que o último diretor não podia ter filhos e acho que isso bugou a cabeça deles - damos risada - enfim, um diretor que pode transar.
- Do que estão rindo?
- Porque seu pai consegue transar - ele faz cara de desentendido - o ex diretor era estéril e essa fofoca vazou para a escola toda e agora o Ferreira chega com seu filho e seu carrão...
- É uma mudança drástica?
- Isso.
- Povo sem o que fazer, viu - Doug diz puxando a gente para a sala.

- Eae novato - um menino da nossa sala para a gente no corredor - pensa que pode chegar causando na escola por ser filhinho do diretor?
- Do que cê ta falando, muleque? - ele fecha a cara - e meu pai ser o diretor não...
Ele joga uma folha de papel em Doug e começamos a ler

" Fiquei sabendo que o filhinho do diretor já está de olhos em uma menina do 2° ano, Martins. Seu eu fosse o Henry ficaria de olhos abertos com o novo colega de sala"

- Cê pode ir parando de dar em cima dela, mano - ele se aproxima de Doug - ou vamos resolver igual homens.
- Eu só segui ela no Instagram porque achei bonita, mas não fiz mais nada além disso. Não tem porque chegar com essa marra toda.
- Vamos parando vocês dois? - uma voz adulta fala - ou terei que resolver eu mesmo?
o diretor vai chegando cada vez mais perto e Henry se afasta um pouco.
- Eu só estava conversando de boas com seu filhinho - ele fala a última palavra com deboche.
- Ele é meu filho do portão para fora - ele fica entre os dois garotos - aqui dentro ele é só mais um aluno que devo ficar de olho. Podem ir os quatro para a sala agora!
Vamos juntos para a sala e o detalhe de sermos todos da mesma sala deixa a situação mil vezes mais desconfortável.
- Da próxima vez que resolver seguir uma menina da escola nos pergunte antes se ela não namora o muleque mais cabeça quente que existe - digo olhando nos olhos de Doug - não quero que se prejudique por contas deles.
- Obrigado, Luck - ele dá um sorriso - achei a situação desnecessária de mais, mas vou tomar mais cuidado.
Aquele sorriso me causou algo estranho e tenho até medo de entender o que.

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