Divã

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Deitada naquele divã, talvez eu pudesse encontrar uma resposta.  


- Eu sinto falta.

Do que?

- Eu não sei, só sei que me faz uma falta enorme e dói.

Dói? 

- Sim, uma dor estranha, como se estivessem me chamando de algum lugar, mas não sei de onde.

Não sabe?

- Não. Eu acho. As vezes sinto que estão me observando.

Como?

- Sinto um arrepio na costa.

Sente que é algo bom ou ruim?

- Não sei ao certo, mas não chega perto só sinto que está lá.

Sente?

- Eu não sei, mas me sinto só todos os dias da minha vida, sinto que está faltando algo, talvez possa ser coisa da minha cabeça, mas essa sensação já vem de muito tempo.

Quanto tempo?

- Não sei, já faz tempo, muito tempo.

Não sabe dizer o dia?

- Não.

O ano?

- Não.

Hum, e como eu posso te ajudar?

- Eu quero respostas.

E como eu posso dá-las a você?

- Eu não sei. Apenas, me ajude encontra-las.

Como?

- Me dizendo para onde ir.

E você quer ir para outro lugar?

- Quero.

Onde?

- Onde eu possa me sentir em casa.

Não sabe onde é esse lugar?

- Não.

Não quer tentar encontrar na sua mente?

- Já fui em outros lugares na minha mente e nenhum deles é a minha casa.

Já tentou ficar nesses lugares?

- Não.

Por que?

- São lugares estranhos.

Como?

- Não sei dizer.

Te dão medo?

- Não. Eles só não são o meu lugar.

E você não sabe onde é o seu lugar?

- Não. Não sei. Eu vejo tudo e não vejo nada. O céu e além dele, as pessoas em casa, os lugares de cima, eu sinto o ar, eu vejo as pequenas luzes ao meu redor. Eu não sei como explicar, mas está tudo aqui, eu posso sentir.  Eu sinto que não pertenço aqui. 

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