mesmo que sangre, não me vejo em prol a uma causa. de passo entre passo me vejo entristecida na vida monótona de uma criança esquecida deixada de lado na situação de exclusa onde mãe maria me cuida sem que possa piar se quer uma clama sobre solidão.
sou feita de poeira, aqueles restos esquecidos que se esvaem pelos ares e não acham local bom para descansar. sou uma bicamada lipídica, com proteínas, carboidratos e esteroides, sou, ao final de tudo, uma célula viva. 65% de oxigênio, 18% de carbono e 10,2% de hidrogênio. de de nitrogênio 3,1%. uma pitada de calcio, 1,2% de fósforo, 0,25% de potássio, enxofre, percentuais menores de sódio, magnésio e cloro, sou humana. sou um ser vivo. eu falo, eu ando, eu penso. que merda é ser química.
eu guardo, eu memorizo, eu arrumo tudo. é quase aquele ciclo que não acaba. eu nasci, eu cresci, pretendo não reproduzir (a final meus genes não são lá coisa boa), e morrer é algo que calmamente aguardo. não sou de apressar a vida.
Danaus plexippus é a borboleta que tem o maior ciclo de vida, diferente de mim ela aproveita seus míseros nove meses de existência, deve contemplar o mundo, ou algo do tipo. borboletas não pensam, não contemplam sua vida ou a falta dela, não passam noites em claro pela ansiedade de viver mais uma manhã em uma cidade lotada de outros seres que não ligam para sua existência. trem chega, trem passa, o som do vagão lotado de agonizantes carcaças infelizes que compartilham o mesmo pensamento “se deus existe porque me mantenho aqui em uma vida miserável?" não ligo tanto para o pensamento que cobre suas cabeças, já pensei muito na graça divina e contemplei minha existência em todas as partes do mundo mesmo nunca saindo da frente da televisão. passa o dia como um raio, quando pisco já é noite. dia, tarde, noite, conforto de casa. madrugada tão solitária como quando me vi filha de maria e mais umas patacoadas existencialistas patéticas.
compartilho de tudo quando existo porque imagino fazer parte de uma mente compartilhada, mais pessoas pensam como eu penso. várias delas são eu mesma de forma caricata. elas pensam que não faz sentido existir se não for por uma causa maior, passam por tantas coisas que a monotonia da vida quando realmente cruzada a uma dessas causas apenas traz uma coisa; duvida.
contestei a existência de tudo o que podia e ao final só me restaram mais dúvidas, o tipo de filosofia socrática que todos temos no interno do âmago. o maldito amanhecer espiritual nunca realmente apareceu para mim, acredito que toda essa praia de espiritualidade não seja coisa minha. gosto mesmo é da duvida, se Deus quiser até meu ultimo dia contextarei minha existencia, até mesmo depois disso, quem sabe.
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EXISTÊNCIA ★ᅠ AESPA
Fanfictionsou feita de poeira, aqueles restos esquecidos que se esvaem pelos ares e não acham local bom para descansar. sou uma bicamada lipídica, com proteínas, carboidratos e esteroides, sou, ao final de tudo, uma célula viva. [ningning centric • amantetico...