𝗏𝗂𝗻𝗍𝗲 𝖾 𝘀𝗲𝗂𝘀

154 6 0
                                    

Kael

Eles entraram armados, podia ouvir o peso dos corpos estalando o piso de madeira.

Não sabia o que fazer, captei o barulho de algum objeto sendo arremessado no chão. Busquei Debbie na cama e ela não estava lá. Me vi desesperado vestindo a bermuda enquanto varria o quarto com os olhos a procura dela, vasculhando cada canto.

O roupão estava jogado no tapete do mesmo jeito que ficou quando eu o tirei. Nada havia sido pegue do guarda-roupa, só o seu cheiro permaneceu no quarto.

Não pode ser verdade.

Quase caio para trás, revirei o quarto inteiro, não deixei um fio de linha no lugar e agora ela surge para mim do lado inimigo.

- Que porra é essa? - questiono revoltado após sair do quarto, a loira segura o vestido dourado com a mão esquerda trêmula.

Deb não chora, entretanto seria melhor se fosse assim. Ela usa um casaco de couro que a cobre dos ombros até os joelhos e calça uma bota preta surrada, seus olhos compenetrados não guardam nada além de raiva.

De mim?
Não pode ser.

Estamos na sala, noto a parede de homens que a escoltam, todos de roupas pretas, faceís de se camuflar; usam calças cargo e blusas de manga comprida.


Seguram rifles calibre e pistolas com caras nada simpáticas, um deles põe a mão no ombro de Debbie e a garota vira a cabeça bruscamente para olhá-lo.

- Entregue a ele. - sua voz é calma, mas têm o tom da exigência - E vamos embora.

Ela empurra com rispidez e força o vestido na minha mão. Ao voltar-se para os seguranças, eles começam a marchar em direção a porta derrubada e ela os segue.

- Não. Não, não, não, não, não! - corro para alcançá-los, segurando com força o vestido.

- Onde pensam que vão?

O carrancudo de cabelo castanho me encara com os olhos cerrados, punho fechado no cabo do rifle.

- Levar nossa garota embora, senão nos der passagem... - os outros engatilham as armas, apontando-as para mim.

Só consigo rir.

Seis contra um? Sério?

- Precisa de tudo isso? Tem medo que um homem sozinho pegue a sua garota? - me aproximo dele, estreitando os olhos.

Ele parece prestes a espumar, bufa feito um touro na minha cara.

A garota está quieta, fitando o chão, deve estar envergonhada. Não gosta de se sentir impotente e seus homens estão dando um show.

- Vaza daqui ou eu estouro a sua cara. - sussurra mostrando os dentes.

Tenho o impulso de me afastar, aquela baba quase pingou em mim. Somente agora noto o forte sotaque que carrega, parecido com o dos soldados de quem escapamos para fugir com o helicóptero.

- Não tenho medo de você. - murmuro de volta, pronto para socá-lo no queixo.

- Mas eu quero ir e você está atrapalhando. - Debbie interfere, colocando-se a frente dele.

- Adeus, chiclete. Não vou te ver nenhum
dia. - tenta passar ilesa por mim, mas seguro seu pulso.

Um dos caras dispara e desvio por pouco do que teria sido um belo tiro de raspão.

Sem Tempo Para MorrerOnde histórias criam vida. Descubra agora